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Há risco de houthis sabotarem cabos submarinos de internet ocidental, alerta Iêmen

Temor surgiu após grupos afiliados aos rebeldes compartilharem imagens da disposição dos tubos que passam pelo Mar Vermelho

Na legenda, o grupo escreveu em árabe: “Existem mapas de cabos internacionais que ligam todas as regiões do mundo através do mar (Sayed Hassan/Getty Images)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 12h54.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 13h51.

Os houthis, que têm sido uma dor de cabeça para boa parte do comércio global e dos navios comerciais que transitam pelo Mar Vermelho, podem se tornar uma verdadeira ameaça à comunicação. Empresas do setor de telecomunicações ligadas ao governo reconhecido internacionalmente do Iêmen temem que a milícia xiita possa estar planejando sabotar cabos submarinos, necessários para a transmissão de dados financeiros e para o funcionamento da internet ocidental.

O temor surgiu após um grupo afiliado aos houthis ter compartilhado no Telegram, no dia 24 de dezembro, um mapa que mostra a disposição desses cabos pelo Mar Vermelho, segundo o jornal britânico The Guardian. Na legenda, o grupo escreveu em árabe: “Existem mapas de cabos internacionais que ligam todas as regiões do mundo através do mar. Parece que o Iêmen está numa localização estratégica, já que as linhas de internet que ligam continentes inteiros — não apenas países — passam perto dele”.

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No mesmo dia, mais duas postagens similares foram feitas por um canal afiliado ao Hezbollah, grupo xiita baseado no Líbano e apoiado pelo Irã, e por um grupo que apoia as milícias financiadas por Teerã no Oriente Médio, segundo o Instituto de Pesquisa de Mídia do Oriente Médio (MEMRI, na sigla em inglês). Em uma das publicações, os houthis são citados e um dos grupos afirma que os cabos que passam pela região “estão nas nossas mãos”. Então, ele questiona se seria uma “mensagem velada à coalizão Ocidental”, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais na região.

O ministro da Informação do governo iemenita com base no Aden, Moammar al-Eryani, citado pelo Guardian, afirmou que o grupo representa uma séria ameaça a “uma das infraestruturas digitais mais importantes do mundo”. Estima-se que o Mar Vermelho, importante rota marítima, por onde passa 12% do comércio global, abrigue também 17% do tráfego mundial de internet através de tubos de fibra.

Pouca tecnologia

A Corporação Geral de Telecomunicações do Iêmen, de acordo com o jornal britânico, informou que 16 destes cabos (alguns, com espessura similar a de uma mangueira e vulneráveis a danos causados por âncoras e outros navios) passam pela região. O mais importante e estratégico deles seria o AE-1 Ásia-África-Europa, com 25 mil km. Ainda assim, o grupo apresentava pouca ameaça, já que não desfrutava da tecnologia necessária para realizar qualquer tipo de dano intencional, segundo um relatório do Fórum de Segurança do Golfo.

O documento, citado pelo Guardian, explica que a milícia teria um arsenal para “assediar o transporte de superfícies através de mísseis e embarcações de ataque rápido”, mas que carecia de “submersíveis necessários para alcançar os cabos”. O alerta das empresas, contudo, seria relativo a alguns cabos que passam a 100 metros de profundidade, o que diminuiria a necessidade de submarinos ou tecnologia avançada.

De acordo com a Yemen Telecom, foram feitos esforços jurídicos e diplomáticos para dissuadir alianças internacionais de negociarem com a milícia xiita, já que quaisquer acordos forneceriam dados estratégicos sobre as redes de internet na região, cita o jornal. O Iêmen, apesar de ter um governo reconhecido internacionalmente no Aden, tem a sua capital, Sanaa, e boa parte do norte do país controlados pelos rebeldes.

O grupo, desde novembro, tem atacado embarcações ligadas a Israel ou aliados, alegando apoio aos palestinos na Faixa de Gaza, palco da guerra entre Israel e o Hamas. Em resposta, os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram um ataque em conjunto contra as posições do grupo no Iêmen, que desde então declararam que os interesses americanos e britânicos também são alvos legítimos. Outras duas ações ocorreram depois, sendo a última neste sábado. Os houthis prometeram revidar e alegaram que os ataques “não nos deterão”

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