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Guiana afirma que forças armadas da Venezuela voltam a se movimentar na fronteira

Autoridades alegaram que o governo de Nicolás Maduro está violando um acordo de paz assinado no Caribe em dezembro

Venezuela: exercito venezuelano na fronteira com a Guiana (Federico Parra/Getty Images)
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 10 de fevereiro de 2024 às 17h47.

O governo da Guiana disse neste sábado, 10, que imagens de satélite de países aliados revelam movimentos militares da Venezuela perto da fronteira leste do país sul-americano com a Guiana.

As autoridades alegaram que o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro está violando um acordo de paz assinado no Caribe em dezembro para aliviar as tensões sobre as linhas de demarcação de fronteiras.

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O ministro das Relações Exteriores, Hugh Todd, e o secretário das Relações Exteriores, Robert Persaud, disseram que a Guiana está monitorando a situação do outro lado da fronteira fluvial.

Os dois lados têm disputado as linhas de fronteira há décadas. A Venezuela vem reivindicando a região de Essequibo, rica em minerais, que cobre cerca de dois terços da superfície da Guiana.

A Venezuela está sendo acusada de não cumprir o Acordo de Argyle assinado na ilha de São Vicente em dezembro, no qual os dois países concordaram em não usar a força ou ameaçar um ao outro. As negociações foram intermediadas pelo Brasil e pelos governos do Caribe.

"Não estamos surpresos com a má fé da Venezuela. Estamos desapontados, mas não surpresos. A Guiana tem um histórico de entrar em discussões bilaterais de boa fé. Infelizmente, não podemos dizer o mesmo sobre nosso vizinho do oeste", disse Persaud à agência de notícias AP.

O governo venezuelano não teve nenhuma reação imediata às alegações. Todd disse que levantou a questão com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Yvan Gil, em uma reunião de comissão conjunta no Brasil no mês passado, observando que "há algumas inconsistências com base no que eles estão fazendo na frente internacional em termos de diplomacia e o que eles estão fazendo em casa em termos de sua postura militar".

A reação da Guiana aos últimos acontecimentos ocorreu horas depois que imagens de satélite publicadas pelo Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) dos EUA mostraram que a Venezuela está ampliando sua base na Ilha Ankoko, metade da qual a Venezuela tomou da Guiana em meados da década de 1960, e nas proximidades de Punta Barima, a menos de 80 quilômetros da fronteira com a Guiana.

As imagens mostraram melhorias significativas na infraestrutura de estradas e outras instalações próximas às duas áreas, disse o CSIS. Persaud observou que "a Guiana continuará a respeitar a Declaração de Argyle e espera que a Venezuela faça o mesmo".

Os dois lados têm se desentendido sobre as linhas de fronteira há décadas. A Guiana argumenta que uma comissão internacional de limites de 1899 resolveu a demarcação da fronteira de uma vez por todas. No entanto, há mais de 60 anos a Venezuela acusa a comissão de tê-la enganado quanto à região de Essequibo.

A Guiana levou a questão para a Corte Mundial na Holanda para obter uma decisão definitiva, enquanto a Venezuela disse que prefere conversações bilaterais diretas como o caminho a seguir.

Na sexta-feira, 9, o Ministério da Defesa da Venezuela acusou a Guiana de ameaçar o acordo de São Vicente por meio de ações irresponsáveis e manipulação da mídia, afirmando que "Essequibo é nosso".

Também disse que a gigante petrolífera norte-americana ExxonMobil, que está produzindo 645 mil barris de petróleo offshore diariamente na Guiana, está colaborando com o governo venezuelano. Guiana, está colaborando com o governo e as forças armadas dos EUA para explorar recursos de petróleo e gás em águas reivindicadas pela Venezuela.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, deve encontrar Maduro para uma segunda reunião de cúpula em março sobre a questão da fronteira. Várias altas autoridades militares e do governo americano visitaram a Guiana nas últimas semanas como uma demonstração de apoio.

E os EUA também forneceram sobrevoos militares monitorando as tropas venezuelanas e outras atividades no auge das tensões em dezembro, nos dias que antecederam o referendo de 3 de dezembro na Venezuela, que autorizou a anexação do Essequibo.

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