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Guerra na Ucrânia: Zelensky chama soldados russos de assassinos

O presidente da Ucrânia disse que criou um órgão especial para investigar os massacres nas áreas dominadas por forças russas

KYIV, UKRAINE - FEBRUARY 25: (----EDITORIAL USE ONLY â MANDATORY CREDIT - "PRESIDENCY OF UKRAINE/ HANDOUT" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS----)  Ukraineâs President Volodymyr Zelenskyy holds a press conference on Russia's military operation in Ukraine, on February 25, 2022 in Kyiv. (Photo by Presidency of Ukraine/Handout/Anadolu Agency via Getty Images) (Presidency of Ukraine/Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

KYIV, UKRAINE - FEBRUARY 25: (----EDITORIAL USE ONLY â MANDATORY CREDIT - "PRESIDENCY OF UKRAINE/ HANDOUT" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS----) Ukraineâs President Volodymyr Zelenskyy holds a press conference on Russia's military operation in Ukraine, on February 25, 2022 in Kyiv. (Photo by Presidency of Ukraine/Handout/Anadolu Agency via Getty Images) (Presidency of Ukraine/Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

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AFP

Publicado em 4 de abril de 2022 às 08h57.

Última atualização em 4 de abril de 2022 às 09h30.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamou nesta segunda-feira os soldados russos de "assassinos, torturadores, estupradores, saqueadores", depois que dezenas de corpos foram encontrados perto de Kiev, à medida que aumenta a pressão para intensificar as sanções contra Moscou.

As autoridades de Bucha, uma pequena localidade ao noroeste de Kiev, afirmaram que precisaram cavar valas comuns para enterrar os corpos, incluindo alguns com as mãos amarradas nas costas, enquanto as imagens de cadáveres nas ruas chocaram o mundo mais de um mês após o início da invasão russa.

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A Rússia negou qualquer responsabilidade e nesta segunda-feira o Kremlin desmentiu "categoricamente todas as acusações".

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que funcionários do ministério russo da Defesa encontraram sinais de "falsificações nos vídeos" e de "fakes" nas imagens apresentadas pelas autoridades ucranianas como provas de um massacre atribuído à Rússia.

"Com base no que vimos, não é possível confiar nestas imagens de vídeo", afirmou Peskov, antes de acrescentar que "esta informação deve ser seriamente questionada".

Mas a condenação foi rápida e líderes ocidentais, a Otan e a ONU expressaram horror com os relatos de civis mortos em Bucha e outras áreas da região de Kiev.

Imagem de satélite mostra vala comum em Bucha, Ucrânia, em 31 de março de 2022

Imagem de satélite mostra vala comum em Bucha, Ucrânia, em 31 de março de 2022 (Maxar Technologies/AFP)

Zelensky foi implacável em sua mensagem de vídeo noturna, na qual afirmou que "o mal concentrado" chegou a sua terra e chamou os soldados russos de "assassinos, torturadores, estupradores, saqueadores que se classificam como exército e merecem apenas a morte depois do que fizeram". Ele começou o discurso em ucraniano e terminou em russo.

"Quero que cada mãe de cada soldado russo veja os corpos das pessoas mortas em Bucha, em Irpin, em Hostomel. Quero que todos os líderes da Federação Russa vejam como suas ordens são cumpridas", acrescentou.

Zelensky disse que criou um órgão especial para investigar os massacres nas áreas em que as forças russas se retiraram na região da capital, depois que Moscou reorientou a ofensiva para o sudeste da Ucrânia.

A escala dos massacres ainda está sendo investigada, mas a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, informou que 410 corpos de civis foram recuperados.

O prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, disse à AFP que 280 corpos foram levados para fossas coletivas porque é impossível sepultá-los nos cemitérios que estão ao alcance dos bombardeios.

A empresa de imagens por satélite Maxar Technologies divulgou fotografias que seriam de uma vala comum no prédio de uma igreja de Bucha.

O funcionário municipal Serhii Kaplychnyi disse à AFP que as tropas russas impediram os moradores de enterrar os mortos na cidade.

"Eles disseram que, enquanto estivesse frio, os deixariam lá", afirmou. Quando finalmente conseguiram recuperar os corpos, "cavávamos uma vala comum com um trator e enterramos todos", contou.

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, se declarou "horrorizada" com as imagens de corpos na cidade de Bucha.

"As informações que estão chegando desta região e de outras apresentam perguntas graves e preocupantes sobre possíveis crimes de guerra e infrações graves do direito internacional humanitário, assim como graves violações dos direitos humanos", destacou Bachelet em um comunicado, no qual pediu que "todas as evidências sejam preservadas".

União Europeia estuda novas sanções

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, acusou a Rússia de um "massacre deliberado", enquanto o porta-voz de Zelensky, Sergiy Nikiforov, disse que os massacres em Bucha parecem "crimes de guerra".

O embaixador adjunto de Moscou na ONU afirmou que a Rússia pediu uma reunião do Conselho de Segurança para segunda-feira "com base na atroz provocação dos radicais ucranianos em Bucha".

Correspondentes da AFP na cidade observaram ao menos 20 corpos com trajes civis espalhados por uma rua. As imagens do massacre provocaram indignação mundial e pedidos de novas sanções contra a Rússia.

A UE começou nesta segunda-feira a debater com "urgência" uma nova série de medidas contra Moscou, informou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

O presidente francês Emmanuel Macron declarou que é favorável a uma decisão neste sentido, por exemplo contra o petróleo e o carvão russos.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, falou no domingo que novas sanções serão decididas nos próximos dias, enquanto seu ministro da Defesa citou a possibilidade de cortar a importação de gás russo, um dos grandes trunfos de negociação de Moscou.

O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki pediu a criação de uma comissão de investigação internacional sobre o "genocídio".

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, disse que seu país vai "fazer todo o possível para que aqueles que cometeram crimes de guerra não fiquem impunes", ao citar também um possível "genocídio".

Zelensky faz alerta

Mas o presidente ucraniano advertiu que o pior pode está por acontecer, porque Moscou voltou as atenções para o sul e leste do país em sua tentativa de criar uma ligação terrestre entre a península da Crimeia - anexada em 2014 pela Rússia - e as regiões separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk.

"As tropas russas ainda controlam as áreas ocupadas de outras regiões. E depois da expulsão dos ocupantes, podemos encontrar coisas ainda piores, mais mortes e torturas", disse.

Zelensky também participou da cerimônia do Grammy com um discurso pré-gravado, no qual pediu que as pessoas "falem a verdade sobre esta guerra".

"Não fiquem em silêncio", pediu ao público.

O pior conflito em décadas na Europa, provocado pela invasão russa de 24 de fevereiro, deixou 20.000 mortos, de acordo com o balanço ucraniano.

Quase 4,2 milhões de ucranianos abandonaram o país, de acordo com o Alto Comissariado das Nações para os Refugiados (ACNUR).

Na cidade de Kramatorsk, mulheres, crianças e idosos embarcavam em três para fugir da região de Donbass.

"O boato é que algo terrível vai acontecer", disse Svetlana, voluntária que organiza a multidão na plataforma da estação.

A Rússia intensificou os esforços no sul e leste da Ucrânia, incluindo vários ataques no domingo contra o porto de Odessa, no Mar Negro, que segundo Moscou atingiram refinarias de petróleo e depósitos de combustível.

Oito pessoas morreram e 34 ficaram feridas em bombardeios russos no domingo em Ochakiv e Mykolaiv, também no sul da Ucrânia, informou nesta segunda-feira a Procuradoria ucraniana.

O ministério britânico da Defesa destacou que os ataques aéreos russos mais recentes se concentraram no sudeste da Ucrânia. E os combates intensos prosseguem na área do porto de Mariupol.

As conversações de paz por videoconferência devem ser retomadas nesta segunda-feira, mas o negociador russo Vladimir Medinsky disse que é muito cedo para uma reunião entre Zelensky e Putin.

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