Guerra: Europa discute como reduzir dependência do gás russo
A Rússia é responsável pelo fornecimento de 40% do gás utilizado para a geração de energia nos países europeus; encontro de cúpula discute alternativas às importações
Carla Aranha
Publicado em 10 de março de 2022 às 06h00.
Líderes da União Europeia se reúnem nesta quinta, 10, em Versalhes, na França, para um encontro de cúpula de dois dias sobre um tema espinhoso: como reduzir em até dois terços a dependência do gás russo – e isso no curto prazo, preferencialmente ainda neste ano. Com a guerra na Ucrânia e ameaças do presidente Vladimir Putin em reduzir o fornecimento de gás como reação às sanções econômicas, o alarme passou a soar mais alto.
Os 27 países do bloco já delinearam propostas iniciais para aliviar a demanda de gás natural para a produção de energia. Uma delas diz respeito a políticas de desenvolvimento de energias renováveis. Outra é a busca por uma diversificação maior de fornecedores. Hoje, a União Europeia precisa importar cerca de 90% do gás voltado à geração de eletricidade. A Rússia responde por 40% desse total.
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Um dos candidatos naturais a aumentar o fornecimento do insumo para a Europa é o Catar, um dos maiores produtores mundiais de gás. Mas não seria o suficiente para repor as importações da Rússia.
“O volume de gás que a União Europeia necessita não pode ser fornecido por nenhum país unilateralmente sem que o abastecimento em outros regiões de mundo fique comprometido”, disse o ministro de energia do Catar, Saad Sherida Al-Kaabi, ao analisar a questão durante um encontro em Doha com o representante para a União Europeia no setor energético, Kadri Simson, no mês passado.
Na prática, provavelmente a Europa terá que reativar usinas de carvão para suprir a demanda de energia em um contexto de guerra, segundo analistas de mercado. As usinas nucleares podem representar outra solução para o problema.
Sem alternativas viáveis no momento para substituir as importações de insumos essenciais para a geração de energia, países como a Alemanha anunciaram que não pretendem embarcar nas sanções americanas ao petróleo e gás produzidos na Rússia. “O fornecimento de energia para aquecimento, mobilidade, geração de eletricidade e indústria não pode ser garantido de outra forma no momento”, disse o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz.