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Guerra em Gaza: Hamas está disposto a aceitar cessar-fogo parcial para acordo com Israel, diz CNN

Oficial confirmou à CNN que grupo irá discutir termos da trégua durante a primeira fase da proposta; enquanto isso, ataque israelense mata 16 em Gaza e manifestantes tomam as ruas de Tel Aviv

A Palestinian man walks carrying a gas bottle on his shoulder past buildings destroyed in the Israeli bombardment of Khan Yunis, in the southern Gaza Strip on June 11, 2024, amid the ongoing conflict between Israel and the Palestinian Hamas militant group. (Photo by Eyad BABA / AFP) (Eyad BABA/AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 7 de julho de 2024 às 11h19.

Última atualização em 7 de julho de 2024 às 11h49.

O Hamas está disposto a reconsiderar sua posição de que Israel se comprometa com um cessar-fogo permanente na Faixa de Gaza antes que um acordo entre as parte para uma trégua temporária e a troca entre reféns e prisioneiros palestinos seja assinado, afirmou um oficial sênior do grupo à rede americana CNN no sábado sob condição de anonimato. A mudança no posicionamento, relatada pela primeira vez pela agência Reuters, poderia ser a chave para o êxito de um acordo até então enterrado por divergências entre as partes.

O Hamas vinha defendendo de maneira contundente que um acordo só poderia ser alcançado se ele conduzisse ao fim da ofensiva israelense no território palestino, o qual governa desde 2007.

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Agora, o oficial sênior — e membro da equipe de negociações — disse à CNN queo grupo aceitaria que as negociações sobre um cessar-fogo totalpoderiam ocorrer durante a primeira fase de qualquer acordo, o que poderia durar pelo menos seis semanas.

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Trégua "temporária"

A fonte explicou ainda à rede americana que os negociadores garantiriam uma trégua temporária, a entrega de ajuda humanitária ao enclave palestino e a retirada das tropas israelenses da região enquanto as negociações indiretas continuassem sobre a implementação das próximas fases.

Ele também afirmou que o Hamas aceitou uma proposta para iniciar as negociações sobre a libertação de homens e soldados israelenses mantidos como reféns em Gaza após no máximo 16 dias do início da primeira fase.

Na última semana, autoridades de Israel e do Hamas se reuniram em Doha para uma nova rodada de negociações, realizadas com a mediação do Catar, EUA e Egito. Israel reconheceu na sexta-feira que, até aquele momento, havia ainda "diferenças" nas negociações, mas afirmou que enviaria uma delegação novamente a Doha para continuar as discussões.

O chefe do Mossad (serviços de inteligência de Israel), David Barnea, teve reuniões na capital catari na última sexta, depois de o Hamas apresentar novas "ideias" para alcançar um cessar-fogo.

Em nove meses de guerra, os combates em Gaza só foram interrompidos durante uma pausa de uma semana no fim de novembro, no qual foram libertados mais de 100 reféns (israelenses e estrangeiros, sendo mulheres e menores, todos civis) e 240 prisioneiros palestinos. Atualmente, 116 pessoas permanecem em Gaza, incluindo 42 que, segundo os militares, estão mortas.

As mediações têm esbarrado desde então nas exigências incompatíveis entre os dois lados. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, tem afirmado que o conflito continuará até "a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns".

O premier, que foi acusado por Doha em janeiro de obstruir as negociações, é pressionado interna e externamente: os EUA, seu principal aliado, e boa parte da comunidade internacional insta um acordo para a libertação dos reféns e a suspensão dos combates em Gaza, que já mataram mais de 37 mil palestinos, ao passo que a extrema direita ameaçou romper a coalizão e derrubar o seu governo caso fosse aceita alguma proposta que vislumbrasse um cessar-fogo sem o fim do Hamas.

Os três países mediadores — Qatar, EUA e Egito — lançaram um novo esforço para chegar a uma trégua, com negociações indiretas entre as partes. Diplomatas também estão mantendo conversações no Egito, informou o al-Qahera News, um meio de comunicação próximo aos serviços de inteligência egípcios neste domingo.

Nove meses de guerra

Enquanto as negociações prosseguem envoltas de expectativas e sem uma resolução, familiares de reféns que ainda permanecem em cativeiro deram início neste domingo — que marca nove meses do ataque do Hamas contra o sul israelense que desencadeou a guerra — ao "dia de interrupção". Com bandeiras, os manifestantes bloquearam o trânsito em um cruzamento na capital Tel Aviv pedindo eleições e que o governo faça mais para libertar os reféns.

Os manifestantes também bloquearam estradas e rodovias em frente às casas dos membros da coalizão do governo, informou o jornal Haaretz.

Até o momento, pelo menos cinco pessoas foram presas, informou o jornal Times of Israel.

À noite, os manifestantes seguirão para a frente do prédio da Histadrut Labor Federation e as sedes do Ministério da Defesa e das Forças Armadas israelenses, em Tel Aviv, informou o Haaretz, pontuando que uma marcha também está sendo organizada. O destino final é a casa de Netanyahu, em Jerusalém. A polícia reforçou a segurança ao redor da residência na noite anterior.

"Pela primeira vez, todos nós sentimos que estamos mais perto do que nunca de ter nossos entes queridos de volta", disse Sachar Mor, parente do refém Ofer Kaderon, em um comício no sábado. "Essa é uma oportunidade que não pode ser perdida."

Em uma publicação no X (antigo Twitter) feita neste domingo, o presidente de Israel, Isaac Herzog, enfatizou que "é dever do país trazê-los de volta, e isso está no coração do consenso". "A nação inteira quer o retorno deles, e uma maioria absoluta apoia um acordo de reféns", acrescentou.

Em Gaza, o Crescente Vermelho Palestino informou neste domingo que seis pessoas, incluindo duas crianças de três e quatro anos, foram mortas em um bombardeio israelense contra uma casa em Zawaida, no centro da Faixa de Gaza, e no norte do território, três pessoas foram mortas em um ataque a uma casa, de acordo com equipes de resgate e a Defesa Civil.

O campo de refugiados de Nuseirat — que no sábado foi atingido por um bombardeio a uma escola administrada pela ONU no sábado, que deixou 16 pessoas mortas, de acordo com as autoridades sanitárias do enclave — continua sob fogo israelense. Israel informou que sua aeronave atacou "vários terroristas" no "setor da escola al-Khauni" de Nuseirat, administrado pela ONU, no sábado.

A organização alertou sobre as condições "desastrosas" em que os 2,2 milhões de habitantes da Faixa sobrevivem, sem comida e água devido ao cerco imposto por Israel. Além disso, 80% da população foi deslocada pelo conflito e há relatos de mortes por desnutrição.

A guerra começou após o ataque do Hamas contra Israel deixou 1,2 mil pessoas mortas, a maioria civis, e cerca de 250 pessoas foram sequestradas. Em resposta, Israel tem lançado uma ofensiva massiva contra o enclave que já deixou mais de 38,1 mil palestinos mortos, a maior parte mulheres e menores de idade, segundo o Ministério de Saúde de Gaza. (Com AFP)

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