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Grupo rebelde que derrubou regime na Síria anuncia que dissolverá seu braço armado

Segundo o chefe militar do Hayet Tahrir al Sham (HTS), 'próxima etapa' da transição de poder será integrar os grupos armados ao Exército

This aerial view shows destroyed buildings in the city of Harasta in Eastern Ghouta on the outskirts of Damascus on December 14, 2024. Islamist-led rebels took Damascus in a lightning offensive on December 8, ousting president Bashar al-Assad and ending five decades of Baath rule in Syria. (Photo by Omar HAJ KADOUR / AFP) (AFP)
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 17 de dezembro de 2024 às 19h48.

Última atualização em 17 de dezembro de 2024 às 19h50.

O chefe militar do grupo radical Hayet Tahrir al-Sham (HTS), que lidera a coalizão que tomou o poder na Síria, declarou à AFP nesta terça-feira que "a próxima etapa" será a dissolução dos grupos armados, começando pelo seu, e sua integração ao Exército sírio .

— Em todo o Estado, as unidades militares devem estar integradas na instituição [militar] — afirmou Murhaf Abu Qasra, conhecido pelo nome de guerra Abu Hassan al-Hamawi, em entrevista na cidade litorânea de Latakia.

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Segundo ele, o HTS seria "o primeiro" a se dissolver, obedecendo "ao interesse geral do país".

Além disso, o responsável militar afirmou que as novas autoridades desejam governar também nas áreas curdas do nordeste da Síria, atualmente nas mãos de uma administração semiautônoma, conhecida como Forças Democráticas Sírias (FDS). As FDS, compostas em sua maioria por curdos, recebem apoio dos Estados Unidos.

— A região atualmente controlada pelas Forças Democráticas Sírias será integrada na nova administração do país — disse. — O povo curdo é um dos componentes do povo sírio [...], a Síria não estará dividida e não haverá entidades federais.

O chefe militar do HTS também pediu o fim dos bombardeios e das "incursões" israelenses que se intensificaram desde a queda de Bashar al-Assad, sobretudo nas áreas próximas às Colinas de Golã, território reconhecido internacionalmente como parte da Síria, mas anexado por Israel em 1967, após a Guerra dos Seis Dias.

Qasra também reivindicou que os países ocidentais retirem o HTS e seu líder, Abu Mohammed al-Jawlani — cujo nome verdadeiro é Ahmad al-Sharaa — da lista de "organizações terroristas". O HTS é considerado um grupo terrorista pela ONU, pelos Estados Unidos e por alguns países europeus.

Facção militar mais poderosa da Síria, o HTS é um grupo islâmico radical sunita que já teve ligações com organizações jihadistas como a al-Qaeda e o Estado Islâmico, mas que tem buscado reposicionar a sua imagem nos últimos anos.

Sharaa tem sido personagem importante entre os grupos islâmicos ultrarradicais neste começo de século. Mas também tem se mostrado capaz de afrouxar seus princípios ideológicos para sobreviver em um ambiente cada vez mais hostil ao discurso de hiperviolência da al-Qaeda e do EI. Ele tenta esse “rebranding” desde 2017, e agora a recém-conquistada Damasco é vitrine para mostrar ao mundo que mudou.

Chefiado por ele, o grupo liderou a coalizão que tomou o poder em 8 de dezembro, após uma ofensiva relâmpago que começou em Aleppo e, em duas semanas, conseguiu tomar a capital, Damasco, pondo fim à mais de cinco décadas de ditadura do clã Assad.

Várias delegações estrangeiras se reuniram em Damasco com as novas autoridades sírias, que querem mandar uma mensagem tranquilizadora, assegurando que podem restaurar a estabilidade na Síria após 13 anos de guerra civil.

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