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Governo paraguaio acusa Venezuela de ingerência

Ministra mostrou vídeos com denúncia de que teria havido conversas entre chanceler venezuelano, embaixador equatoriano e altos comandantes militares do país

Fernando lugo, presidente deposto do Paraguai: Ele foi destituído no mesmo dia em que se encontrava no país uma missão de chanceleres da Unasul (Jorge Adorno/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 3 de julho de 2012 às 21h53.

Assunção - O novo governo do Paraguai divulgou nesta terça-feira imagens que poderiam indicar intromissão da Venezuela na crise política em Assunção, sobre a qual a missão especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentará suas conclusões na próxima segunda-feira.

Enquanto o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, prosseguia com suas reuniões com representantes de todos os poderes do Estado e estamentos do Paraguai, a ministra da Defesa do novo governo, María Liz García, entregou as imagens em entrevista coletiva anunciada com antecedência mínima.

Segundo García, os vídeos demonstram sua denúncia de dias passados de que teria havido conversas entre o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, e o embaixador equatoriano em Assunção, Julio Prado, com os altos comandantes militares do país para assegurar sua lealdade ao presidente Fernando Lugo.

Lugo foi destituído no dia 22 de junho passado pelo Legislativo e, no mesmo dia, se encontrava no país uma missão de chanceleres da Unasul, entre eles Maduro, que tentou mediar na crise.

García, que deu a entender que o material seria depois repassado à procuradoria, entregou à imprensa um vídeo editado de um minuto e 50 segundos que identifica os altos comandantes e mostra estes militares e Maduro circulando pelo interior do Palácio Presidencial.

Também forneceu nove gravações brutas do circuito fechado da Presidência, que somam 68 minutos, nos quais se observa a circulação de Maduro, Prado, outros chanceleres da Unasul, os altos comandantes e várias outras pessoas, mas não se vê reunião alguma do venezuelano com os militares nem se distinguem conversas nos poucos trechos com áudio.


Quatro desses chefes militares foram substituídos pelo novo presidente, Federico Franco, no dia 27 de junho passado.

O comandante da Força Aérea, Miguel Christ, que permaneceu no cargo, prestou depoimento nesta segunda-feira na Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e explicou o conteúdo da reunião com Maduro, segundo deputados citados nesta terça-feira pelo jornal ''ABC Color''.

Segundo esta versão, Christ confirmou que os diplomatas estrangeiros tentaram pressionar os altos comandantes militares para que assinassem um comunicado de reconhecimento a Lugo como presidente.

Enquanto isso, a Comissão de Defesa convocou nesta terça-feira todos os militares envolvidos que, segundo o deputado José López Chávez, confirmaram a mesma versão dos fatos.

López Chávez, citado pela agência de notícias pública ''IP'', reivindicou que a Justiça paraguaia processe Maduro, Prado e Lugo por incitarem à sublevação militar e peça explicação ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por ''intromissão direta à soberania nacional''.

Insulza qualificou o ocorrido como ''muito raro'' e ressaltou que dava sua opinião pessoal ao dizer: ''espero que esse tema seja avaliado pelo governo do Paraguai e também pelo governo da Venezuela e tomara que regulem juntos. Nunca seria de mais que conversassem''.

Sobre a missão de observação, Insulza recusou-se a fazer uma ''antecipação'' do relatório que apresentará na próxima segunda-feira ao Conselho Permanente da OEA.


Ele disse ter encontrado no Paraguai ''muita disposição a olhar para o futuro, a continuar construindo este país'', para o que é ''necessário um diálogo e um entendimento''.

''Esperamos que possamos contribuir para isso'', declarou o secretário-geral, que nos últimos dois dias se reuniu com Franco, Lugo e representantes de todos os partidos políticos, dos poderes Judiciário e Legislativo, da Igreja Católica, do campesinato, do empresariado e das associações de trabalhadores, assim como com líderes indígenas e proprietários de meios de comunicação.

''Fizemos tudo o que pudemos fazer'', destacou Insulza, que disse levar a impressão de que ''houve a maior abertura de todo o mundo para nos dar todas as informações do caso''.

Na saída da entrevista com Insulza, o diretor da rádio ''Ñandutí'', Humberto Rubin, disse a colegas da imprensa que observou que a missão demonstrava preocupação com a situação econômica no Paraguai, cujo PIB registrou queda de 2,6% no primeiro trimestre do ano.

Em relação às filmagens divulgadas, Rubin afirmou que não vê ''nada comprometedor'' nelas. ''Não há nenhuma evidência. Posso pensar o pior, mas aí (nos vídeos) não vejo nada'', ressaltou.

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Assunção - O novo governo do Paraguai divulgou nesta terça-feira imagens que poderiam indicar intromissão da Venezuela na crise política em Assunção, sobre a qual a missão especial da Organização dos Estados Americanos (OEA) apresentará suas conclusões na próxima segunda-feira.

Enquanto o secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, prosseguia com suas reuniões com representantes de todos os poderes do Estado e estamentos do Paraguai, a ministra da Defesa do novo governo, María Liz García, entregou as imagens em entrevista coletiva anunciada com antecedência mínima.

Segundo García, os vídeos demonstram sua denúncia de dias passados de que teria havido conversas entre o chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, e o embaixador equatoriano em Assunção, Julio Prado, com os altos comandantes militares do país para assegurar sua lealdade ao presidente Fernando Lugo.

Lugo foi destituído no dia 22 de junho passado pelo Legislativo e, no mesmo dia, se encontrava no país uma missão de chanceleres da Unasul, entre eles Maduro, que tentou mediar na crise.

García, que deu a entender que o material seria depois repassado à procuradoria, entregou à imprensa um vídeo editado de um minuto e 50 segundos que identifica os altos comandantes e mostra estes militares e Maduro circulando pelo interior do Palácio Presidencial.

Também forneceu nove gravações brutas do circuito fechado da Presidência, que somam 68 minutos, nos quais se observa a circulação de Maduro, Prado, outros chanceleres da Unasul, os altos comandantes e várias outras pessoas, mas não se vê reunião alguma do venezuelano com os militares nem se distinguem conversas nos poucos trechos com áudio.


Quatro desses chefes militares foram substituídos pelo novo presidente, Federico Franco, no dia 27 de junho passado.

O comandante da Força Aérea, Miguel Christ, que permaneceu no cargo, prestou depoimento nesta segunda-feira na Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e explicou o conteúdo da reunião com Maduro, segundo deputados citados nesta terça-feira pelo jornal ''ABC Color''.

Segundo esta versão, Christ confirmou que os diplomatas estrangeiros tentaram pressionar os altos comandantes militares para que assinassem um comunicado de reconhecimento a Lugo como presidente.

Enquanto isso, a Comissão de Defesa convocou nesta terça-feira todos os militares envolvidos que, segundo o deputado José López Chávez, confirmaram a mesma versão dos fatos.

López Chávez, citado pela agência de notícias pública ''IP'', reivindicou que a Justiça paraguaia processe Maduro, Prado e Lugo por incitarem à sublevação militar e peça explicação ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, por ''intromissão direta à soberania nacional''.

Insulza qualificou o ocorrido como ''muito raro'' e ressaltou que dava sua opinião pessoal ao dizer: ''espero que esse tema seja avaliado pelo governo do Paraguai e também pelo governo da Venezuela e tomara que regulem juntos. Nunca seria de mais que conversassem''.

Sobre a missão de observação, Insulza recusou-se a fazer uma ''antecipação'' do relatório que apresentará na próxima segunda-feira ao Conselho Permanente da OEA.


Ele disse ter encontrado no Paraguai ''muita disposição a olhar para o futuro, a continuar construindo este país'', para o que é ''necessário um diálogo e um entendimento''.

''Esperamos que possamos contribuir para isso'', declarou o secretário-geral, que nos últimos dois dias se reuniu com Franco, Lugo e representantes de todos os partidos políticos, dos poderes Judiciário e Legislativo, da Igreja Católica, do campesinato, do empresariado e das associações de trabalhadores, assim como com líderes indígenas e proprietários de meios de comunicação.

''Fizemos tudo o que pudemos fazer'', destacou Insulza, que disse levar a impressão de que ''houve a maior abertura de todo o mundo para nos dar todas as informações do caso''.

Na saída da entrevista com Insulza, o diretor da rádio ''Ñandutí'', Humberto Rubin, disse a colegas da imprensa que observou que a missão demonstrava preocupação com a situação econômica no Paraguai, cujo PIB registrou queda de 2,6% no primeiro trimestre do ano.

Em relação às filmagens divulgadas, Rubin afirmou que não vê ''nada comprometedor'' nelas. ''Não há nenhuma evidência. Posso pensar o pior, mas aí (nos vídeos) não vejo nada'', ressaltou.

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