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Governo Milei vira destaque no G20 ao questionar declaração final e fechar acordo sobre gás

Administração argentina disse que não bloqueará documento, mas que discorda de ações propostas

Chegada do presidente Javier Milei ao evento também chamou a atenção (AFP)
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 18 de novembro de 2024 às 19h47.

Última atualização em 18 de novembro de 2024 às 19h48.

Rio de Janeiro - A Argentina foi o país mais falado neste primeiro dia de reunião de cúpula do G20 no Brasil. A nação se colocou contra alguns pontos da declaração final do encontro, que foi fechada na noite desta segunda-feira, 18.

Ao mesmo tempo, houve a assinatura de um acordo com o Brasil para a exportação de gás natural vindo da província de Vaca Muerta.

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Nos últimos dias, diplomatas argentinos vinham travando pontos da declaração final do G20, em temas como igualdade de gênero, combate à crise climática e à fome. A declaração final será assinada por todos os lideres, e a ausência de um pais enfraqueceria o documento

No entanto, no fim da tarde desta segunda, o governo argentino divulgou um comunicado final em que se compromete a não bloquear a declaração final, embora demonstre sua discordância.

"Sem ser obstáculo para a declaração dos demais lideres, o presidente Javier Milei deixou claro em sua participação no G20 que não acompanha vários pontos da declaração, entre eles: a promoção da limitação da liberdade de expressão em redes sociais, o esquema de imposição e vulnerabilidade da soberania das instituições de governança global, o tratamento desigual ante a lei e especialmente a noção de que uma maior intervenção estatal é a forma de lugar contra a fome", diz o comunicado.

"O presidente Milei tem uma posição clara: se queremos lutar contra a fome e erradicar a pobreza, a solução está em tirar o Estado do meio. Devemos desregular a atividade econômica para facilitar o comércio", afirma a nota.

O Brasil lançou na manhã desta segunda uma aliança global contra a pobreza e a fome, com outros 80 países. A Argentina ficou de fora da lista, mas endossou o plano horas após seu anúncio oficial.

Cumprimento rápido na chegada

A chegada do presidente Javier Milei ao evento também chamou a atenção. Lula recebeu todos os lideres estrangeiros na porta do MAM (Museu de Arte Moderna), no Rio de Janeiro, onde o encontro é realizado.

Ele trocou abraços com vários lideres, como os presidentes Joe Biden, dos EUA, e Xi Jinping, da China.

Com Milei, houve apenas um breve aperto de mão e uma foto, em que os dois aparecem sérios. Foi a primeira vez que os dois se encontraram em público.

Milei tomou posse em dezembro de 2023 e teve apoio do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, rival de Lula. O lider argentino já fez criticas públicas ao petista: já o chamou de corrupto e comunista.

Apesar do distanciamento público entre os presidentes, os dois paises fecharam um acordo para que o Brasil compre gás da Argentina, vindo da reserva de Vaca Muerta.

O acordo permitirá a importação inicial de 3 milhões de metros cúbicos por dia ainda este ano em 2024, com aumento gradual para 10 milhões m%/dia em três anos e até 30 milhões de metros cúbicos diários até 2030. No total, o gás adicionado representa quase um terço do consumo diário atual do mercado brasileiro.

Membros do governo brasileiro buscaram deixar claro que, apesar das estridências, a relação entre os dois países é pragmática. “A Argentina faz mais discursos do que gestos. Existe um discurso e uma realidade. No mundo real, é uma questão de sobrevivência. Outro dia faltou gás em uma cidade argentina e nós suprimos", disse Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, durante entrevista coletiva.

A reunião de cúpula do G20 termina nesta terça, 19, quando havera a terceira e última sessão, sobre mudanças climáticas e transição energética. Depois disso, havera a transferência simbólica da presidência do G20 do Brasil para a África do Sul e a divulgação da declaração final do encontro.

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