Governo Maduro diz que Guaidó quer "entregar" zona reclamada pela Guiana
Para a vice-presidente Delcy Rodríguez, Guaidó teria recebido uma mensagem suspeita, para mudar posição da Venezuela sobre território rico em minerais
AFP
Publicado em 5 de setembro de 2019 às 17h54.
Última atualização em 5 de setembro de 2019 às 18h23.
O governo venezuelano denunciou nesta quinta-feira um suposto plano do líder da oposição Juan Guaidó , apoiado pelos Estados Unidos , para "entregar" a empresas multinacionais um território rico em recursos minerais cuja posse Caracas disputa com a Guiana.
"Sabemos que essa organização criminosa, sob a fachada política, pretende fazer que a Venezuela renuncie ao nosso território, renuncie à nossa soberania", disse a vice-presidente Delcy Rodríguez em um discurso no canal estatal VTV.
Essa "organização criminosa" seria chefiada por Guaidó e estaria "a serviço de empresas multinacionais e do governo dos Estados Unidos, que pretendem impor seu projeto imperial", afirmou Rodriguez.
Para respaldar a acusação, a vice-presidente revelou uma mensagem de voz enviada para um "assessor externo" de Guaidó que seria de uma pessoa que identificou como funcionária do governo americano.
Na mensagem, segundo Rodriguez, a suposta funcionária pede "que (Guaidó) mude a posição da Venezuela (...) para entregar o (território disputado) Esequibo (...) à ExxonMobil e outras empresas multinacionais".
Sentada ao lado do ministro da Defesa, Vladimir Padrino, a vice-presidente pediu à Procuradoria "para agir contra os membros desta organização criminosa internacional" e determinar "as responsabilidades e sanções aos envolvidos".
O Esequibo é um território rico em minerais e uma zona marítima com recursos petrolíferos cuja soberania a Venezuela reivindica da Guiana, questionando uma sentença arbitral emitida em Paris no final do século XIX que concedeu a área à então colônia britânica.
Caracas, que reivindica um acordo de 1966 assinado com o Reino Unido que estabeleceu uma solução negociada, nunca reconheceu esse limite e o conflito voltou a esquentar em 2015, quando foi descoberto petróleo na região.