Governo e oposição na Venezuela se sentam à mesa para negociar
Unasul e Vaticano estão mediando as conversas entre representantes de Nicolás Maduro e da oposição na Venezuela
EFE
Publicado em 31 de outubro de 2016 às 07h38.
Caracas - O governo da Venezuela e seus principais opositores iniciaram neste domingo em Caracas um diálogo para tentar resolver a crise do país, com a ausência do partido Vontade Popular (VP).
A mesa para o diálogo se constituiu, em presença do presidente venezuelano, Nicolás Maduro , entre uma delegação de seu governo e cinco representantes da aliança antichavista Mesa da Unidade Democrática (MUD), acompanhados pelos mediadores da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e do Vaticano.
Maduro, que estendeu a mão a seus opositores, se comprometeu com este processo para tentar aliviar a crise do país.
"Quero manifestar perante o representante do papa Francisco, como o fiz há poucos dias em Roma, meu agradecimento e compromisso absoluto como presidente da República e líder do Movimento Bolivariano e Revolucionário da Venezuela com este processo de diálogo", afirmou Maduro.
Além disso, o presidente afirmou que vai ao diálogo disposto "a escutar, e tomara ser escutado", para "buscar pontos de encontro em função dos interesses das grandes maiorias".
Por sua parte, o prelado italiano Claudio María Celli, representante do Vaticano para fazer a mediação entre governo e oposição, pediu às partes que o diálogo seja sério e que sejam gerados "sinais autênticos" que o país espera.
Celli afirmou que o papa Francisco está "profundamente preocupado" com a tensão na Venezuela e disse que "seu desejo é o de favorecer o mais possível a feliz realização deste processo".
O prelado, que reconheceu que não está "frente a uma tarefa simples", disse que tem "esperanças" de que este processo continue e possa chegar "a um método de trabalho e períodos de mesmo diálogo".
Nas horas anteriores à reunião, os principais partidos da aliança opositora - Ação Democrática (AD), Primeira Justiça (PJ), Vontade Popular (VP) e Um Novo Tempo (UNT) - tiveram sérias diferenças sobre os termos nos quais devia ser aceito esse encontro, disseram à Efe fontes da coalizão.
A VP, partido fundado pelo opositor preso Leopoldo López, rejeitou comparecer às negociações ao não serem cumpridas uma série de exigências que tinha feito antes do encontro e que incluíam a libertação de 13 políticos presos.
A AD - legenda liderada pelo chefe do parlamento, o opositor Henry Ramos Allup - expressou nas reuniões da Unidade seu desejo de participar das conversas com o governo, segundo as mesmas fontes.
No entanto, a aliança eleitoral que mantém com a VP desde as eleições parlamentares e que permitiu a Allup se tornar chefe do Parlamento, dilatou a decisão da AD para evitar romper com seu pacto, embora finalmente tenha aceitado participar das conversas.
A situação foi liquidada com a exclusão da VP da reunião, da qual participaram o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba; o representante da UNT, Timoteo Zambrano; o da PJ, Carlos Ocariz; o da AD, Luis Aquiles Moreno; e o governador do estado de Lara, o opositor e antigo chavista Henri Falcon.
Em comunicado divulgado pela MUD, a aliança explica que Torrealba e os outros três grandes partidos acertaram sua participação "em função de aceitar o convite do Vaticano para avançar na formação de um espaço de diálogo" que permita dar soluções para a crise do país.
Os partidos que decidiram estar na mesa se comprometem a "exigir o fim da repressão e da perseguição", assim como "a se levantar do espaço de diálogo em caso de não ser resolvidas as demandas no curto prazo".
No mesmo texto se afirma que a VP ficou comprometida a se unir às conversas uma vez que suas exigências fossem cumpridas.
Durante a fase pública do encontro, que continuava até o final da noite, nenhum dos representantes da oposição fez declarações sobre as conversas.
As deliberações das delegações na mesa continuaram em particular após a declaração pública de Maduro e Celli, e espera-se que após concluir a sessão seja divulgada uma declaração com os temas tratados. EFE