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Governo da Colômbia suspende cessar-fogo com guerrilha do ELN

"Tendo em conta a posição publicamente assumida ontem [terça-feira] (...) decidimos suspender os efeitos jurídicos do decreto", anunciou o ministro do Interior, Alfonso Prada

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Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 13h13.

Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 13h43.

O governo colombiano suspendeu, nesta quarta-feira, 4, o cessar-fogo que havia declarado com o Exército de Libertação Nacional (ELN), um dia após a recusa da guerrilha em cessar suas operações ofensivas.

"Tendo em conta a posição publicamente assumida ontem [terça-feira] (...) decidimos suspender os efeitos jurídicos do decreto" que estabelecia o cessar-fogo com o ELN de 1º de janeiro até 30 de junho, anunciou o ministro do Interior, Alfonso Prada.

Os rebeldes argumentaram que esta trégua não fazia parte do primeiro ciclo de negociações de paz que mantiveram com os delegados do governo colombiano em Caracas, entre novembro e dezembro. No entanto, foi levantada a possibilidade da questão voltar a ser discutida quando as negociações forem retomadas no México.

“O diálogo sobre este assunto seria reativado no próximo ciclo”, acrescentou Prada durante pronunciamento em conjunto com o ministro da Defesa, Iván Velásquez, o conselheiro presidencial de paz, Danilo Rueda, e a cúpula militar.

Segundo o ministro, o Executivo não vai considerar um cessar-fogo bilateral "até que seja reativada a mesa" de diálogo, em data ainda a ser definida.

Na noite de 31 de dezembro, o presidente Gustavo Petro anunciou um acordo de cessar-fogo bilateral com os principais grupos armados do país, incluindo o ELN.

O governo e as Forças Armadas não se pronunciavam desde terça-feira, quando os rebeldes negaram a versão oficial e desencadearam uma tempestade política.

Este é o maior revés da iniciativa de "paz total" com a qual Petro, que assumiu o cargo em agosto, pretende extinguir o conflito armado que continua apesar da desmobilização das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2017.

O ELN está presente em 22 dos 32 departamentos (estados) da Colômbia, onde disputa a receita do narcotráfico e do garimpo ilegal. Segundo centros de estudos independentes, o grupo teria cerca de 3,5 mil combatentes.

Prada convidou a guerrilha a "declarar uma trégua verificável em resposta ao imperativo" chamado das comunidades mais afetadas pela violência.

Os dissidentes das Farc que continuam armados, o Clã do Golfo — a maior quadrilha de narcotráfico do país — e as milícias da Serra Nevada, também fazem parte do cessar-fogo bilateral proclamado por Petro.

Apenas o ELN rejeitou publicamente essa declaração.

Armado desde 1964, o ELN só concordou com um cessar-fogo bilateral uma vez, mantendo um processo de paz com o governo de Juan Manuel Santos (2010-2018) em 2017. A trégua foi quebrada depois de 100 dias após ataques com explosivos dos rebeldes a oleodutos estatais.

As negociações entre o governo Petro e os grupos armados, que totalizam cerca de 15 mil combatentes, até agora não conseguiram acabar com a espiral de violência que envolve o país.

O centro de estudos Indepaz registrou quase 100 massacres na Colômbia no ano passado.

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