Furacão Beryl, elevado à categoria 5, causa destruição e deixa seis mortos no Caribe
Beryl se fortaleceu novamente nesta segunda-feira, atingindo a categoria mais alta na escala Saffir-Simpson ao chegar à ilha de Carriacou
Agência de notícias
Publicado em 2 de julho de 2024 às 16h03.
Última atualização em 2 de julho de 2024 às 16h19.
O furacão Beryl , de categoria 5, o mais precoce já registrado na temporada de ciclones do Atlântico, atinge as ilhas das Antilhas com força máxima, causando pelo menos seis mortes e destruição generalizada no Mar do Caribe.
De acordo com os relatos das autoridades na região, o fenômeno deixou pelo menos três mortos em Granada, um em São Vicente e dois no litoral da Venezuela.
O Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC), que na segunda-feira havia considerado os efeitos da tempestade "potencialmente catastróficos", disse em seu primeiro boletim que os ventos desencadeados pelo Beryl se intensificaram para quase 270 km/h.
Embora em seu segundo relatório (6h em Brasília), a agência sediada em Miami tenha dito que espera que o Beryl "enfraqueça" ao chegar na quarta-feira à costa da Jamaica, considerou que em seu desenvolvimento atingirá essa ilha como um tempestade "quase maior" com ventos potencialmente mortais, enormes ondas, chuvas e inundações repentinas.
"O olho do Beryl continuará a se mover rapidamente pelo sudeste e centro do Mar do Caribe hoje [ terça-feira ] e deve passar perto da Jamaica na quarta-feira e das Ilhas Cayman na quinta-feira", disse.
De acordo com o NHC, o Beryl é "o furacão de categoria 5 mais precoce já registrado no Atlântico".
Crise climática
Depois de perder um pouco de intensidade no fim de semana, Beryl se fortaleceu novamente na segunda-feira, atingindo a categoria mais alta na escala Saffir-Simpson ao chegar à ilha de Carriacou, em Granada, de 9 mil habitantes.
"Em meia hora, Carriacou foi devastada", disse o primeiro-ministro de Granada, Dickon Mitchell. "Virtualmente não temos comunicação com Carriacou há 12 horas", disse.
Sob estado de emergência, Carriacou teve sua telecomunicação e eletricidade cortadas, com casas e postos de combustível destruídos. Duas pessoas morreram nesse local e uma terceira faleceu na ilha principal de Granada, com a queda de uma árvore sobre uma casa.
Uma reunião do bloco regional caribenho Caricom prevista esta semana em Granada foi adiada.
Outro homem morreu no nordeste da Venezuela, no estado de Sucre, destruído pelo transbordamento de um rio.
"Está claro que a crise climática está levando os desastres naturais a novos níveis recorde de destruição", disse Simon Stiell, secretário executivo do fundo de mudanças climáticas da ONU (UNFCCC).
"A crise climática está indo de mal a pior e mais rápido do que o esperado", disse ele à AFP na noite de segunda-feira, enfatizando que isso exige "ações climáticas muito mais ambiciosas por parte dos governos e das empresas" em resposta.
São Vicente e Granadinas também sofreu "ventos catastróficos e tempestades potencialmente mortais", causando devastação, desolação e pelo menos uma morte, de acordo com o primeiro-ministro Ralph Gonsalves, que esclareceu que "pode haver mais vítimas".
O NHC previu ondas de tempestade nas costas sul de Porto Rico e na Ilha A Espanhola, onde estão localizados a República Dominicana e o Haiti.
O governo da República Dominicana emitiu um alerta vermelho para as províncias de Barahona e Pedernales.
A agência americana pediu que as Ilhas Cayman e partes da Península de Yucatán e do Golfo do México tomassem precauções extremas antes da chegada do Beryl.
Em Barbados, a mais oriental das Ilhas Windward (arquipélago das Pequenas Antilhas), se salvou do pior e apenas foram registrados ventos fortes e chuvas torrenciais. Casas ficaram inundadas e barcos de pesca foram danificados em Bridgetown, embora não tenha havido registro de feridos.
Na ilha francesa da Martinica, um alerta de tempestade tropical está em vigor e cerca de 10 mil casas ficaram sem energia em várias áreas.
Furacão Beryl passa pelo Caribe; veja imagens
Fenômeno incomum
Beryl é o primeiro furacão da temporada 2024 no Atlântico, que vai do início de junho até o final de novembro.
Os cientistas destacam que é incomum que um ciclone tão poderoso seja formado de maneira tão precoce na temporada.
"Apenas cinco grandes furacões [ categoria 3+ ] foram registrados no Atlântico antes da primeira semana de julho", escreveu na rede X o especialista em furacões Michael Lowry.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA) dos Estados Unidos também prevê uma temporada extraordinária, com a possibilidade de entre quatro a sete furacões de categoria 3 ou mais.
A agência citou as temperaturas quentes do oceano Atlântico e as condições relacionadas com o fenômeno climático La Niña no Pacífico para explicar o aumento das tempestades.
Nos últimos anos, os fenômenos meteorológicos extremos, incluindo furacões, tornaram-se mais frequentes e devastadores como resultado da mudança climática.