Fumaça de incêndios na Califórnia podem ter matado 1.200 pessoas
De acordo com pesquisadores da Universidade de Stanford, a baixa qualidade no ar pode ter feito 50 vezes mais vítimas que o número oficial
Gilson Garrett Jr
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 12h11.
Um estudo da prestigiada Universidade de Stanford, nos Estados Unidos , sugere que pelo menos 1.200 pessoas com mais de 65 anos tenham morrido na Califórnia em decorrência da fumaça dos incêndios que atingem a região. O valor é 50 vezes superior ao registrado pelas autoridades locais.
Oficialmente, 23 pessoas perderam a vida no estado em consequência direta do fogo, que se intensificou há três semanas. De acordo com o departamento de bombeiros da Califórnia, 3,6 milhões de acres já foram consumidos e 6.700 estrutura destruídas.
Os grandes incêndios geraram uma fumaça intensa que chegou a cobrir o céu de São Francisco. A poluição do ar causa sérios problemas saúde e a população mais vulnerável é a de idosos, com mais de 65 anos.
Os pesquisadores analisaram a quantidade de poluentes no ar, com base em dados da Agência de Proteção ao Meio Ambiente, dos Estados Unidos. O aumento de substâncias que causam as doenças respiratórias foi maior nas últimas três semanas, justamente quando o fogo se intensificou. A estimativa levou em conta a população idosa da Califórnia, que é de 6 milhões de pessoas.
O estudo aplicou uma conta feita em uma outra pesquisa já publicada, em 2019, que aponta a taxa de mortalidade quando os níveis de poluição chegam a patamares iguais ao que é registrado atualmente. Com isso, chegou-se ao número de 1.200 mortes, e que pode ir para 3.000 se a situação continuar. O cálculo também sugere que a fumaça levou 4.800 pessoas às emergências médicas.
O estudo deixa claro que o modelo é apenas uma estimativa e foi feito somente no estado da Califórnia. Os estados do Oregon e de Washington também estão sendo atingidos por grandes incêndios.
“Há uma série de ressalvas a esse cálculo que é importante considerar. Na maioria dos casos, eles sugerem que os números acima podem ser conservadores. Observe que nunca saberemos o número ‘verdadeiro’ porque não observamos o contrafactual - ou seja, o que teria acontecido na ausência de um declínio dramático na qualidade do ar”, dizem os pesquisadores.