Soldado do Exército Livre da Síria verifica um carro danificado no local onde ativistas dizem que foi borbardeado por forças do presidente Bashar al-Assad, em Alepo (Molhem Barakat/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de dezembro de 2013 às 20h30.
Beirute - Rebeldes islamistas em luta contra as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, rejeitaram proposta dos Estados Unidos de participarem de conversações, disse um diplomata sênior norte-americano nesta quarta-feira.
O governo sírio disse ser "repreensível" o fato de os EUA estarem dispostos a dialogar com a Frente Islâmica, formada por seis grandes grupos rebeldes islâmicos e que as autoridades em Damasco consideram ser uma organização terrorista.
Os desdobramentos demonstram as dificuldades dos EUA de estabelecer diálogo com os rebeldes divididos em várias facções na guerra civil da Síria.
Faltando cinco semanas para a realização das conversações de paz patrocinadas pela ONU, em Genebra, não está claro quem representará a oposição, e resta pouco tempo para o prazo final de 27 de dezembro estabelecido pelo mediador da ONU, Lakhdar Brahimi, para que ambos os lados nomeiem suas delegações.
"A Frente Islâmica se recusou a se reunir conosco, sem dar nenhuma razão", disse o enviado dos EUA à Síria, Robert Ford, à TV Al Arabiya, falando em árabe, um dia depois de o secretário de Estado, John Kerry, dizer que esse tipo de negociação poderia ocorrer.
"Nós estamos prontos para nos reunirmos com eles porque nós conversamos com todos os partidos e grupos políticos da Síria", disse Ford.
A Frente Islâmica sobrepujou o Exército Livre Sírio, grupo mais moderado e que formalmente é dirigido pelo Conselho Militar Supremo e apoiado por potências árabes e países ocidentais.
A Frente rejeita a autoridade do conselho, que é o braço militar da principal oposição política no exílio, e na semana passada se apoderou de depósitos de armas do conselho, no norte da Síria.
Em um comunicado de vídeo entregue à Reuters pelo conselho nesta quarta-feira, Ford descreve a ocupação do depósito como "um desdobramento extremamente negativo" e pediu que os grupos rebeldes divergentes se unam e atuem em conjunto.
"Se não houver cooperação firme entre os diferentes grupos armados que estão combatendo o regime, o regime terá sucesso e sobreviverá", disse ele.
"É extremamente importante que o Conselho Militar Supremo seja capaz de desempenhar seu papel de coordenação. Se não puder fazer isso, não vejo como a oposição armada poderá ser verdadeiramente eficaz." Kerry afirmou na terça-feira que uma reunião com a Frente Islâmica seria possível como parte dos esforços de ampliar a representatividade da oposição nas conversações de paz de Genebra, mas os comandantes da Frente têm receio de manter uma cooperação aberta com os EUA.
Qualquer envolvimento público desse tipo com os EUA poderia pôr a recém-formada Frente Islâmica em posição conflitante com o poderoso grupo Estado Islâmico no Iraque e Levante, ligado à Al Qaeda.
O Ministério de Relações Exteriores sírio disse em um comunicado divulgado pela agência estatal de notícias que o diálogo com a Frente Islâmica contradiz o compromisso internacional e dos EUA de combater o terrorismo, bem como "promessas internacionais de que organizações terroristas não teriam a chance de participar na conferência de Genebra".