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França e aliados prometem mais de US$ 2 bilhões ao Sudão após um ano de guerra

Reunião pretende coordenar os esforços de mediação para acabar com o conflito

Emmanuel Macron, presidente da França (Thierry Monasse/Getty Images)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 15 de abril de 2024 às 18h11.

Última atualização em 15 de abril de 2024 às 18h13.

A França e os seus aliados prometeram mobilizar mais de US$ 2 bilhões (R$ 10,2 bilhões, na cotação atual) para aliviar a crise humanitária no Sudão , no final de uma conferência em Paris que buscou tirar do "esquecimento" este país imerso em uma guerra sangrenta.

"No total, podemos anunciar que serão mobilizados mais de 2 bilhões de euros [valor semelhante em dólar]", declarou o presidente francês, Emmanuel Macron, no final da conferência internacional.

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A reunião, copresidida por França, Alemanha e União Europeia, teve como objetivo coordenar os esforços de mediação para acabar com o conflito que começou há um ano neste país de 48 milhões de habitantes.

A guerra no Sudão começou em 15 de abril de 2023 entre o Exército do general Abdel Fattah alBurhan e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR).

O conflito já deixou milhares de mortos, 8,5 milhões de deslocados e uma catástrofe humanitária, com cerca de 25 milhões de pessoas necessitadas de ajuda, mais da metade da população.

"Isso é mais do que um conflito entre duas partes. É uma guerra travada contra o povo sudanês", declarou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em Nova York.

"Ataques indiscriminados que matam, ferem e aterrorizam civis podem constituir crimes de guerra e crimes contra a humanidade", acrescentou.

Macron sublinhou que o montante prometido "poderá responder às necessidades mais urgentes" da população, acrescentando que os países da UE se comprometeram com quase metade da ajuda total.

Antes da conferência, os compromissos ascendiam a 190 milhões de euros [R$ 975 milhões na cotação atual], lembrou.

As Nações Unidas, no entanto, estimaram o montante da ajuda necessária ao Sudão em US$ 3,8 bilhões (R$ 19,5 bilhões).

'Cessar as hostilidades'

Tanto a invasão russa da Ucrânia como o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza chamaram a atenção internacional nos últimos meses, relegando a guerra no Sudão para segundo plano.

"Não podemos nos esquecer de lugares como o Sudão ", alertou a diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos (PMA), Cindy McCain, em entrevista à AFP. A crise alimentar que o país sofre poderá ser "a maior da história", alertou.

Com esta conferência, "nosso dever era mostrar que não nos esquecemos do que está acontecendo no Sudão e que não existem padrões duplos", disse o presidente francês.

A conferência internacional, além de focar na questão humanitária, incluiu uma reunião ministerial sobre assuntos políticos com a participação de embaixadores e ministros das Relações Exteriores.

Em sua declaração final, os participantes apelaram a "todos os atores estrangeiros" para cessarem seu apoio armamentista, e aos beligerantes para "cessarem imediatamente as hostilidades".

Ministros dos países vizinhos do Sudão (Chade, Líbia, Quênia, Djibuti, Sudão do Sul, Egito, Etiópia), do Golfo (Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita) e do Ocidente (Estados Unidos, Reino Unido, Noruega) participariam da reunião política, a portas fechadas.

Organizações regionais como a União Africana, a Liga Árabe e a IGAD – um bloco de países da África Oriental – também estiveram presentes, juntamente com agências da ONU.

"Só a pressão internacional" pode levar as partes em conflito a negociar, disse o alto representante de política externa da União Europeia, Josep Borrell.

A guerra forçou quase 1,8 milhão de pessoas a abandonar o país e causou o deslocamento interno de pelo menos 6,7 milhões de pessoas.

Precisamente devido à chegada de pessoas deslocadas, mais de 3,4 milhões precisam de uma resposta humanitária "urgente" no Chade, alertou a ONG Ação Contra a Fome.

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, por sua vez, alertou para uma nova escalada de violência, à medida que as partes em conflito armam os civis.

"O recrutamento e e o uso de crianças pelas partes em conflito também é motivo de grande preocupação", acrescentou.

"A população civil sofre com a fome, violência sexual maciça, massacres étnicos em grande escala e execuções. [...] No entanto, o mundo continua olhando para o outro lado", denunciou Will Carter, diretor para o Sudão do Conselho Norueguês para os Refugiados.

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