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França deve enfrentar apartheid social e étnico, diz premiê

Assassinatos chamaram a atenção para o “apartheid geográfico, social e étnico” do país, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls

O premiê da França, Manuel Valls: “estes últimos dias enfatizaram muito do mal que corrói nosso país" (Martin Bureau/AFP)
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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2015 às 16h50.

Paris - Os assassinatos cometidos por muçulmanos que cresceram na França chamaram a atenção para o “apartheid geográfico, social e étnico” do país, disse o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, nesta terça-feira, uma das acusações mais duras de um membro do governo à sociedade francesa.

Os atentados no início do mês ao jornal semanal Charlie Hebdo e a um supermercado judeu em Paris mergulharam a França em um verdadeiro debate existencial para avaliar como os três atiradores se radicalizaram e como evitar uma repetição dos episódios de violência que fizeram 17 vítimas fatais.

“Estes últimos dias enfatizaram muito do mal que corrói nosso país e dos desafios para os quais temos que estar à altura”, declarou Valls em uma mensagem de ano novo à imprensa.

“Temos que olhar todas as divisões, as tensões que vêm ocorrendo há anos... a negligência dos subúrbios, os guetos, a penúria social”, afirmou. “Um apartheid geográfico, social e étnico se estabeleceu em nosso país”.

Os bairros degradados ecoam muitas cidades francesas, frequentemente povoadas por brancos e negros pobres e pessoas de ascendência do Norte da África, que se sentem marginalizadas na sociedade convencional. Ainda assim, é raro um líder francês, mesmo dos governistas do Partido Socialista, pintar um quadro de desigualdade em termos tão contundentes.

Os três assassinos tinham descendência argelina e africana, o que levou membros da ultradireitista Frente Nacional a reforçar os discursos em favor da redução na imigração – um argumento que o governo rejeitou.

Tumultos irromperam em muitos dos subúrbios franceses, vistos como barris de pólvora, em 2005, e sacudiram regiões empobrecidas em intervalos regulares na última década.

É frequente se atribuir os distúrbios a uma combinação de alto desemprego nessas localidades, que chega a 40 por cento, discriminação racial e policiamento percebido como hostil. O governo francês deve divulgar nestas semana propostas para lidar com temas que vão da segurança à educação e às políticas urbanas.

Embora políticos de todos os partidos situacionistas tenham prometido enfrentar os problemas ao longo dos últimos 30 anos, o fracasso de tais esforços deixou um sentimento crescente de desespero e isolamento que alimentou a radicalização.

“Fazer reformas significa combater incansavelmente as desigualdades”, disse Valls. “Temos que lutar todos os dias com esse sentimento terrível de que há cidadãos de segunda classe ou pessoas que são mais importantes que outras”.

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Os atentados no início do mês ao jornal semanal Charlie Hebdo e a um supermercado judeu em Paris mergulharam a França em um verdadeiro debate existencial para avaliar como os três atiradores se radicalizaram e como evitar uma repetição dos episódios de violência que fizeram 17 vítimas fatais.

“Estes últimos dias enfatizaram muito do mal que corrói nosso país e dos desafios para os quais temos que estar à altura”, declarou Valls em uma mensagem de ano novo à imprensa.

“Temos que olhar todas as divisões, as tensões que vêm ocorrendo há anos... a negligência dos subúrbios, os guetos, a penúria social”, afirmou. “Um apartheid geográfico, social e étnico se estabeleceu em nosso país”.

Os bairros degradados ecoam muitas cidades francesas, frequentemente povoadas por brancos e negros pobres e pessoas de ascendência do Norte da África, que se sentem marginalizadas na sociedade convencional. Ainda assim, é raro um líder francês, mesmo dos governistas do Partido Socialista, pintar um quadro de desigualdade em termos tão contundentes.

Os três assassinos tinham descendência argelina e africana, o que levou membros da ultradireitista Frente Nacional a reforçar os discursos em favor da redução na imigração – um argumento que o governo rejeitou.

Tumultos irromperam em muitos dos subúrbios franceses, vistos como barris de pólvora, em 2005, e sacudiram regiões empobrecidas em intervalos regulares na última década.

É frequente se atribuir os distúrbios a uma combinação de alto desemprego nessas localidades, que chega a 40 por cento, discriminação racial e policiamento percebido como hostil. O governo francês deve divulgar nestas semana propostas para lidar com temas que vão da segurança à educação e às políticas urbanas.

Embora políticos de todos os partidos situacionistas tenham prometido enfrentar os problemas ao longo dos últimos 30 anos, o fracasso de tais esforços deixou um sentimento crescente de desespero e isolamento que alimentou a radicalização.

“Fazer reformas significa combater incansavelmente as desigualdades”, disse Valls. “Temos que lutar todos os dias com esse sentimento terrível de que há cidadãos de segunda classe ou pessoas que são mais importantes que outras”.

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