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Forças do governo líbio retomam Sirte do Estado Islâmico

O porta-voz militar indiciou que as forças do governo "constataram hoje a queda total" dos extremistas, entre os quais "dezenas" se renderam

Líbia: a cidade portuária foi conquistada em 2015 pelo EI, que a defendia há mais de seis meses
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AFP

Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 13h02.

As forças do governo líbio de união nacional (GNA) anunciaram nesta segunda-feira que recuperaram o controle total de Sirte das mãos do grupo extremista Estado Islâmico (EI), segundo um porta-voz.

"Nossas forças retomaram o controle total de Sirte", declarou à AFP Rede Issa, porta-voz das operações militares lançadas em 12 de maio pelo GNA.

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A página no Facebook das forças pró-governo também proclama "a vitória" e o "retorno de Sirte".

A cidade portuária foi conquistada em 2015 pelo EI, que a defendia há mais de seis meses. Foi seu reduto na Líbia aproveitando o caos em que mergulhou o país depois da queda do ditador Muamar Kadhafi em 2011.

O porta-voz militar indiciou que as forças do governo "constataram hoje a queda total" dos extremistas, entre os quais "dezenas" se renderam.

A derrota do EI em Sirte é outro golpe para o grupo extremista que tem experimentado nos últimos meses uma série de fracassos militares no Iraque e na Síria, onde seus combatentes estão sendo atacados em suas fortalezas de Mossul (norte do Iraque) e Raqa (norte da Síria).

Por outro lado, fortalece o GNA, que tenta a duras penas desde o final de março se instalar em Tripoli, para estabelecer a sua autoridade em um país devastado por conflitos .

O GNA havia anunciado em 12 de maio o início da batalha de Sirte, cidade localizada nas margens do Mar Mediterrâneo, 450 km a leste de Tripoli.

Combates mortais

As primeiras semanas haviam sido promissoras, uma vez que as forças recuperaram a maior parte da cidade ocupada em junho de 2015 pelo EI, que procurava se estabelecer na Líbia para expandir sua influência no norte da África.

Mas os combates foram mortais: quase 700 mortos e 3.000 feridos nas fileiras das forças pró-governo. O número de jihadistas mortos não é conhecido.

A batalha se arrastou semana após semana, em parte em razão da prudência adotada pelas forças pró-GNA para evitar novas perdas e proteger os civis presos na cidade, mesmo que o seu número fosse muito difícil de estimar.

Os extremistas se entrincheiraram nos últimos meses em um pequeno bairro que defenderam ferozmente, Al-Giza al-Bahriya.

"O atraso do assalto final se deveu (...) principalmente ao fato que se tratou de combates de rua muito violentos e que o Daesh (sigla em árabe do EI) se manteve determinado a defender suas posições até os últimos metros quadrados", explicou Issa no mês passado.

Para ele, o mais importante para as forças leais ao GNA era preservar a vida dos combatentes, "mas também dos civis que o Daesh utiliza como escudos humanos, por isso temos de avançar lentamente".

A perda de Sirte não significa o fim da presença do EI na Líbia, afirmam os especialistas.

"Conquistar Sirte e estabelecer uma 'wilaya' ("província" em árabe) foi um golpe de propaganda que atraiu combatentes de todo o Norte de África e do Sahel", lembra à AFPMattia Toaldo, especialista do grupo de reflexão do Conselho Europeu de Relações Exteriores.

"A queda pode representar um revés, mas tudo vai depender do que vai acontecer na Síria e no Iraque, e da persistência ou não de territórios que escapam de qualquer autoridade na Líbia", disse.

Desta forma, os extremistas teriam migrado para o sul do país para aproveitar a ausência de Estado e das rivalidades políticas e tribais, para tentar estabelecer uma nova base.

Para Claudia Gazzini, analista do centro de reflexão International Crisis Group (ICG), "sabe-se que militantes do EI ficaram em Benghazi (leste) e que os jihadistas que deixaram Sirte se estabeleceram no sul, como em Sebha ou na referida zona 'triângulo do Salvador", onde convergem as fronteiras entre a Líbia, Argélia e Níger.

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