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Fala de Kerry sobre sírios contraria fontes de inteligência

Secretário de Estado norte-americano disse que os rebeldes sírios "se definem cada vez mais por sua moderação"

O secretário americano de Estado, John Kerry:  fontes de inteligência e especialistas acham que sua avaliação é otimista demais (Mandel Ngan/AFP)
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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2013 às 09h18.

Washington - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry , parece contrariar as avaliações de especialistas não-governamentais e fontes de inteligência dos EUA e Europa ao declarar que a influência dos moderados está crescendo dentro da oposição síria.

Falando nesta semana ao Congresso, onde defendeu uma ação militar limitada dos EUA contra o governo de Bashar al-Assad, Kerry disse que os rebeldes sírios "se definem cada vez mais por sua moderação, pela amplidão das suas adesões, e por sua adesão a certo processo democrático e a uma Constituição inclusiva e que proteja as minorias".

Mas fontes de inteligência e especialistas acham que essa avaliação é otimista demais. Embora os radicais islâmicos entre os rebeldes possam não ser numericamente superiores aos combatentes moderados, dizem eles, grupos islâmicos como a Frente Nursa, aliada da Al Qaeda, estão mais bem organizados, armados e treinados.

As declarações de Kerry marcam uma mudança de tom por parte do governo Obama, que durante mais de dois anos relutou em enviar armas para os rebeldes por causa do temor de que elas caíssem nas mãos de militantes islâmicos.

Ainda no final de julho, numa conferência de segurança em Aspen, o subdiretor da Agência de Inteligência de Defesa do Pentágono, David Shedd, estimou que havia pelo menos 1.200 grupos rebeldes na Síria, e que os extremistas islâmicos, especialmente a Frente Nusra, estava bem posicionada para ampliar sua influência.


Fontes de inteligência dos EUA e de países aliados dizem que esse tipo de avaliação não foi alterada.

Uma porta-voz do Departamento de Estado disse que as declarações de Kerry refletem a posição do Departamento, e acrescentou que a oposição síria "deu passos nos últimos meses para se aglutinar, inclusive com a eleição de líderes".

Numa segunda audiência na quarta-feira, Kerry foi contestado pelo deputado republicano Michael McCaul. "Toda vez que sou informado sobre isso, (a avaliação é de que) só piora, porque a maioria dessas forças rebeldes atualmente --e digo a maioria atualmente-- é de radicais islâmicos chegando do mundo todo." Kerry respondeu: "Simplesmente não acredito que a maioria seja da Al Qaeda e dos malvados. Isso não é verdade. Há cerca de 70 a 100 mil oposicionistas... Talvez 15 a 25 por cento possam estar em um ou outro grupo que são o que consideraríamos ser os malvados." "Há uma real oposição moderada que existe. O general Idriss está comandando o braço militar disso", prosseguiu Kerry, referindo-se ao general Salim Idriss, chefe do Exército Sírio Livre, importante força rebelde. Cada vez mais, disse Kerry, a Arábia Saudita e outros países árabes aliados dos rebeldes canalizam sua ajuda para as forças de Idriss.

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Washington - O secretário de Estado norte-americano, John Kerry , parece contrariar as avaliações de especialistas não-governamentais e fontes de inteligência dos EUA e Europa ao declarar que a influência dos moderados está crescendo dentro da oposição síria.

Falando nesta semana ao Congresso, onde defendeu uma ação militar limitada dos EUA contra o governo de Bashar al-Assad, Kerry disse que os rebeldes sírios "se definem cada vez mais por sua moderação, pela amplidão das suas adesões, e por sua adesão a certo processo democrático e a uma Constituição inclusiva e que proteja as minorias".

Mas fontes de inteligência e especialistas acham que essa avaliação é otimista demais. Embora os radicais islâmicos entre os rebeldes possam não ser numericamente superiores aos combatentes moderados, dizem eles, grupos islâmicos como a Frente Nursa, aliada da Al Qaeda, estão mais bem organizados, armados e treinados.

As declarações de Kerry marcam uma mudança de tom por parte do governo Obama, que durante mais de dois anos relutou em enviar armas para os rebeldes por causa do temor de que elas caíssem nas mãos de militantes islâmicos.

Ainda no final de julho, numa conferência de segurança em Aspen, o subdiretor da Agência de Inteligência de Defesa do Pentágono, David Shedd, estimou que havia pelo menos 1.200 grupos rebeldes na Síria, e que os extremistas islâmicos, especialmente a Frente Nusra, estava bem posicionada para ampliar sua influência.


Fontes de inteligência dos EUA e de países aliados dizem que esse tipo de avaliação não foi alterada.

Uma porta-voz do Departamento de Estado disse que as declarações de Kerry refletem a posição do Departamento, e acrescentou que a oposição síria "deu passos nos últimos meses para se aglutinar, inclusive com a eleição de líderes".

Numa segunda audiência na quarta-feira, Kerry foi contestado pelo deputado republicano Michael McCaul. "Toda vez que sou informado sobre isso, (a avaliação é de que) só piora, porque a maioria dessas forças rebeldes atualmente --e digo a maioria atualmente-- é de radicais islâmicos chegando do mundo todo." Kerry respondeu: "Simplesmente não acredito que a maioria seja da Al Qaeda e dos malvados. Isso não é verdade. Há cerca de 70 a 100 mil oposicionistas... Talvez 15 a 25 por cento possam estar em um ou outro grupo que são o que consideraríamos ser os malvados." "Há uma real oposição moderada que existe. O general Idriss está comandando o braço militar disso", prosseguiu Kerry, referindo-se ao general Salim Idriss, chefe do Exército Sírio Livre, importante força rebelde. Cada vez mais, disse Kerry, a Arábia Saudita e outros países árabes aliados dos rebeldes canalizam sua ajuda para as forças de Idriss.

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