Europa planeja reabertura de fronteiras ao mundo em julho
Flexibilização do confinamento europeu tem ritmos muito diferentes, de acordo com o cenário de cada país
AFP
Publicado em 10 de junho de 2020 às 10h35.
Última atualização em 10 de junho de 2020 às 10h43.
A União Europeia, mais aliviada a respeito da pandemia do novo coronavírus, planeja reabrir as fronteiras externas em julho, enquanto no continente americano, atual epicentro da covid-19, o clima virou um novo inimigo na luta contra a doença, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
Continente mais afetado pela pandemia até o momento com mais de 185.000 mortos, a Europa prossegue com o processo de normalização.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, anunciou nesta quarta-feira que a Comissão Europeia deve propor esta semana aos países do bloco a reabertura "gradual e parcial" das fronteiras externas da União Europeia (UE) a partir de 1 de julho.
A retomada das viagens "não essenciais" à UE, não será aplicada a todos os países, e sim a um número determinado com base em uma série de critérios estabelecidos pelos países europeus e a Comissão, afirmou Borrell.
A medida para conter a pandemia entrou em vigor em 17 de março e, desde então, foi prorrogada nos 27 países do bloco, exceto a Irlanda, assim como em outros quatro países europeus: Suíça, Liechtenstein, Islândia e Noruega.
A nível interno, a Áustria anunciou que voltará a abrir a fronteira com a Itália em 16 de junho.
A Áustria foi o primeiro país da UE que anunciou em 10 de março controles drásticos com a Itália, que foi um dos principais focos do coronavírus na Europa.
A flexibilização do confinamento europeu tem ritmos muito diferentes, de acordo com o cenário de cada país. Na Espanha, por exemplo, o governo anunciou que o uso de máscaras será obrigatório até que o novo coronavírus seja derrotado "definitivamente", com uma multa de 100 euros (112 dólares) para quem desrespeitar a regra.
América ante o frio e os furacões
No continente americano a realidade é muito diferente. O início do inverno austral aumentará a incidência de doenças respiratórias na América do Sul e a intensa temporada de furacões esperada nos próximos meses no Atlântico também complicará a resposta à pandemia nas Américas do Norte e Central, especialmente no Caribe, afirmou a diretora da OPAS, Carissa Etienne.
O novo coronavírus segue avançando com força no Brasil, Peru e Chile. Os casos também registraram aceleração na Venezuela, assim como no México, Panamá e Costa Rica, sobretudo na fronteira com a Nicarágua, além de Haiti e Suriname.
Na Amazônia brasileira, onde o vírus afeta em particular as populações indígenas, outro problema se aproxima: a temporada de incêndios florestais, cuja fumaça pode agravar a já complexa situação de saúde.
Com mais de 112.000 mortes nos Estados Unidos, país mais afetado do mundo, e mais de 38.000 vítimas fatais no Brasil, o continente americano concentra quase metade dos 7,2 milhões de casos e das mais de 411.000 mortes registradas no planeta desde o surgimento da COVID-19 na China no fim do ano passado.
A propagação da doença pelo mundo forçou bilhões de pessoas a alguma forma de confinamento e provocou a pior recessão global em 80 anos.
Recessão mundial de pelo menos 6%
A OCDE divulgou nesta quarta-feira suas perspectivas econômicas e prevê uma recessão mundial de 6% para 2020 caso a pandemia de COVID-19 permaneça sob controle e de 7,6% em caso de segunda onda.
Para 2021, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) antecipa uma forte recuperação no primeiro caso, com um crescimento de 5,2%, que se verá limitado a 2,8% no caso de uma segunda onda da pandemia.
A zona do euro será particularmente afetada com um retrocesso previsto do Produto Interno Bruto (PIB) de 9,1% no cenário mais favorável, e de 11,5% na hipótese de segunda onda em 2020.
Na América Latina, o Brasil deve registrar uma queda do PIB de 7,4% ou 9,1%, respectivamente, de acordo com o cenário. A Argentina terá retrocesso de 8,3% ou 10,1%. A economia do México deve recuar 7,5% ou 8,6%.
Para os Estados Unidos, a OCDE prevê queda do PIB de 7,3% ou 8,5%, respectivamente, segundo os cenários.
Na maior potência do planeta, onde há dois meses a curva de contágios está em um "platô", o vírus atingiu com força as costas em um primeiro momento e agora circula nas regiões menos urbanizadas do Meio Oeste e do Sul, onde o confinamento foi determinado mais tarde e flexibilizado antes.