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EUA voltam a liderar ranking de pedidos de asilo em países da OCDE

Os pedidos de asilo aumentaram 26% nos Estados Unidos no ano passado, dos quais 40% são imigrantes de El Salvador, Venezuela e Guatemala

No total, os países da OCDE receberam 1,64 milhão de solicitações em 2017 (Jorge Duenes/Reuters)

No total, os países da OCDE receberam 1,64 milhão de solicitações em 2017 (Jorge Duenes/Reuters)

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AFP

Publicado em 20 de junho de 2018 às 11h15.

A lista de países da OCDE com mais pedidos de asilo em 2017 foi liderada pelos Estados Unidos, que superaram a Alemanha, que estava em primeiro lugar desde 2013, anunciou a organização, que pediu a Washington para não ignorar a preocupação com a questão migratória.

As solicitações de asilo aumentaram 26% nos Estados Unidos no ano passado, a 330 mil no total, destacou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômicos (OCDE) em seu relatório "Perspectivas das Migrações Internacionais 2017", publicado no momento em que aumenta a indignação com as medidas de separação de famílias sem documentos na fronteira com o México.

O presidente americano Donald Trump afirmou esta semana que seu país "não será um campo de imigrantes e não será um complexo para manter refugiados", antes de citar a crise migratória na Europa para justificar suas polêmicas medidas de tolerância zero.

Quase 40% das pessoas que pedem refúgio nos Estados Unidos são salvadorenhos, venezuelanos e guatemaltecos, destacou o organismo com sede em Paris, enquanto a Europa registra a chegada principalmente de refugiados sírios, afegãos e iraquianos.

A Alemanha registrou uma queda de 73% dos pedidos de asilo na comparação com o recorde registrado em 2016, com 198.000 solicitações. Itália (127.000), Turquia (124.000) e França (91.000) aparecem em seguida.

No total, os países da OCDE receberam 1,64 milhão de solicitações em 2017, uma queda na comparação com o ano anterior (1,23 milhão), pois aos números de 2016 devem ser adicionados os 550.000 sírios que entraram na Turquia sem um pedido de asilo.

"Estamos nos afastando do auge da crise de refugiados e estamos entrando em uma fase complexa, na qual a integração destas pessoas é a prioridade", afirma no relatório Stefano Scarpetta, diretor de Assuntos Sociais da OCDE.

Impacto no mercado de trabalho

A chegada dos refugiados representa grandes desafios para os países de recepção, sobretudo no que envolve a integração destas pessoas ao mercado de trabalho, destaca a OCDE.

De acordo com o organismo, a entrada dos refugiados nos países membros da OCDE poderia aumentar a população ativa em 0,4% até o fim de 2020.

"Como a integração leva tempo, a chegada de novos refugiados pode contribuir para aumentar, ao menos a curto prazo, o número de pessoas desempregadas", indica Scarpetta.

Por exemplo, a OCDE prevê um aumento do desemprego de "algo ao redor de 6% até 2020". Na Suécia ou Áustria, que também registram um importante fluxo de refugiados, o impacto será maior nas categorias da população com nível de educação baixo, que enfrentarão uma concorrência crescente dos migrantes e refugiados.

"No entanto, os dados históricos mostram que a médio e longo prazo o impacto dos refugiados no mercado de trabalho é limitado e que, se existe um efeito, este é positivo", afirmou a OCDE.

O relatório da OCDE também mostra que a Espanha, terceira via de entrada pelo mar na União Europeia, registrou um aumento de 6,6% nos pedidos de asilo em 2016.

As solicitações de venezuelanos, que fogem da crise aguda em seu país, dispararam e passaram de 585 em 2015 a 3.960 em 2016 e a mais de 10.600 em 2017.

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