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ETA anuncia oficialmente sua dissolução e encerra atividade política

O grupo separatista ETA, criado em 1959, anunciou oficialmente a dissolução do grupo e o fim de suas atividades políticas

ETA: o grupo é responsável pela morte de pelo menos 829 pessoas em quatro décadas (Vincent West/Reuters)
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AFP

Publicado em 3 de maio de 2018 às 10h37.

A organização separatista basca ETA anunciou oficialmente nesta quinta-feira sua dissolução e o fim de "toda a atividade política", encerrando a última insurreição armada da Europa ocidental após décadas de violência.

"ETA quer informar ao povo basco sobre o fim de sua trajetória", afirma a "declaração final" divulgada em Genebra,

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"ETA desmantelou totalmente o conjunto de suas estruturas. ETA dá por encerrada toda sua atividade política", completa o texto, com data de 3 de maio e assinada com o símbolo do grupo, uma serpente enroscada em um machado.

Mas o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, anunciou um pouco antes que a organização separatista não deve esperar impunidade por sua iminente dissolução.

"Faça o que fizer, o ETA não vai encontrar nenhum resquício para a impunidade de seus crimes", afirmou o chefe de Governo conservador, que rejeitou qualquer diálogo com o grupo desde que chegou ao poder em 2011.

"Não conseguiu nada quando deixou de matar porque sua capacidade operacional foi liquidada pelas forças de segurança e tampouco vai conseguir nada agora com novas operações de propaganda", completou Rajoy, em um evento em Logroño (norte), perto do País Basco.

Fundado em 1959 sob a ditadura de Francisco Franco, acusado de reprimir a cultura basca, o ETA deixou um rastro de violência, com pelo menos 829 mortos ao longo de quatro décadas em sua campanha pela independência do País Basco e Navarra.

Considerado um grupo terrorista pela União Europeia, o ETA matou - em atentados com bomba, ou tiros - políticos, policiais, militares, juristas e civis. O grupo também recorreu a sequestros e extorsões.

Afetada pelas sucessivas operações policiais e ante o repúdio generalizado da população, a organização acabou renunciando à violência em 2011. No ano passado, anunciou que entregou suas armas às autoridades francesas.

Na quarta-feira, foi divulgada uma carta com data de 16 de abril, na qual o ETA afirma que "dissolveu completamente todas as suas estruturas" e que "decidiu dar por encerrados seu ciclo histórico e sua função para propiciar um novo ciclo político".

A carta era dirigida a personalidades que atuaram como mediadores para o fim da violência, como o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, ou o ex-líder do Sinn Fein irlandês Gerry Adams, de acordo com um integrante do governo regional basco.

O anúncio da dissolução será seguido por uma "conferência internacional" na sexta-feira no País Basco francês, onde são esperados Gerry Adams e representantes de partidos espanhóis, mas onde não estarão presentes nem o governo espanhol nem o francês.

"ETA devia (esta dissolução) à sociedade basca e ao conjunto da humanidade", afirmou o presidente regional basco, o nacionalista Iñigo Urkullu, em uma entrevista ao jornal "El País". "Nunca deveria ter existido", completou.

358 crimes sem explicação

Após 40 anos de atentados, as feridas continuam abertas. Em San Sebastián (norte), uma das cidades mais afetadas pelo ETA, as organizações de vítimas exigiram que a organização assuma seus crimes e ajude a esclarecer os 358 assassinatos não elucidados.

Políticos espanhóis e vítimas ficaram indignadas com a mensagem divulgada pelo ETA no dia 20 de abril, na qual o grupo pediu perdão pelas vítimas "sem responsabilidade" no conflito, dando a entender que os assassinatos de policiais e militares eram legítimos.

A maioria dos bascos rejeita a violência, mas uma minoria ainda defende a independência. A coalizão separatista EH Bildu, segundo partido no parlamento basco, recebeu 21% dos votos nas releições regionais de 2016.

Bildu exige, assim como o Partido nacionalista basco Urkullu, que os cerca de 300 prisioneiros do EI na Espanha e na França possam cumprir suas sentenças mais perto de suas famílias.

Apesar da promessa do governo espanhol de não ceder, Urkullu expressou esperança a respeito de uma mudança na política penitenciária em uma entrevista ao El Pais.

 

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