Moradores procuram abrigo após terremoto que atingiu a costa do Chile: há a chance de novos terremotos, mas de magnitudes não muito diferentes, diz especialista (Aldo Solimano/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de abril de 2014 às 14h35.
Santiago - O diretor do Centro Sismológico Nacional da Universidade do Chile, Sergio Barrientos, descartou nesta quarta-feira a possibilidade de um megaterremoto no norte do país após o violento tremor de magnitude 8,2 registrado ontem e que causou seis mortes.
Há a chance de novos terremotos, mas "de magnitudes similares ou um pouco superiores, não muito diferentes", nos quais a energia será liberada de forma paulatina, o que despreza a ideia de alguns sismólogos que esperavam um megaterremoto na região, a 1.850 quilômetros ao norte de Santiago, explicou o especialista.
"Havia vários cenários possíveis, e ainda há. Um deles era o de que toda a região que está mapeada como uma falha sísmica fosse ativada em um só terremoto. Isso ainda não ocorreu", declarou Barrientos à "Radio Cooperativa".
"Temos que tomar medida de alguns elementos na crosta terrestre para saber quanto se deslocou, quanto se deformou e, com isso, fazer uma estimativa do deslocamento", disse ele, em relação às placas de Nazca e Sul-Americana, cujos atritos causaram os tremores no extremo norte do Chile.
Apenas quando essas medições forem feitas, afirmou Barrientos, será possível saber o tamanho estimado dos terremotos que ocorrerão no futuro. Ainda de acordo com ele, "independente das outras zonas que possam ser ativadas, esta região vai continuar ativa com réplicas".
"O cenário mais provável é que, quando uma zona é ativada, esta se mantenha assim e que ocorram abalos permanentes nesta região durante meses, provavelmente um ano, que depois vão se distanciar cada vez mais até desaparecerem", concluiu.
Nas 12 horas seguintes ao terremoto, que gerou um alerta de tsunami em quase todo o Chile, com a evacuação de 900 mil pessoas nas cidades litorâneas, houve 70 réplicas, com epicentros localizados no mar. A maior delas teve magnitude 5,7 e foi registrada cinco horas depois do terremoto, à 1h46 local (mesmo horário em Brasília).
Os sismólogos qualificaram grande parte do norte do Chile como uma área de possibilidade de um grande terremoto, já que desde 1877 não ocorre lá um tremor de grande magnitude.
Os especialistas trabalham com uma variação de tempo de 70 a 100 anos para que um tremor volte a ser registrado na mesma região, que neste caso também afetaria o sul do Peru.
O último grande terremoto no Chile, de magnitude 8,8 e acompanhado de um tsunami, aconteceu em 27 de fevereiro do 2010 nas regiões central e sul do país, deixou 526 mortos, afestou em alguma medida 800 mil pessoas e provocou um prejuízo de mais de US$ 30 bilhões.