Escolhido de Macron, Gabriel Attal se torna premier mais jovem da História da França
Attal, que aos 34 anos se tornou o mais jovem primeiro-ministro francês, terá o desafio de travar a ascensão da extrema direita na França
Agência de notícias
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 09h25.
Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 09h28.
O presidente francês, Emmanuel Macron , nomeou nesta terça-feira, 9, o popular ministro da Educação, Gabriel Attal, como primeiro-ministro, com o objetivo de recuperar o seu mandato em um ano marcado pelas eleições europeias e pelos Jogos Olímpicos, indicaram fontes oficiais.
Attal, que aos 34 anos se tornou o mais jovem primeiro-ministro francês e o primeiro homossexual assumido, terá o desafio de travar a ascensão da extrema direita na França e impedir a sua chegada ao poder em 2027.
Para isso, o futuro inquilino de Matignon deve promover o rearmamento "industrial, econômico, europeu" e também "cívico", que o presidente centrista de 46 anos prometeu em 31 de dezembro para impulsionar o seu segundo mandato.
"Sei que posso contar com a sua energia e o seu empenho para implementar o projeto de rearmamento e regeneração que anunciei", escreveu Macron na rede social X, em uma mensagem dirigida ao seu novo chefe de Governo.
Attal sucede Élisabeth Borne, de 62 anos, que renunciou ontem depois que Macron indicou a ela que desejava nomear um novo primeiro-ministro, de acordo com sua carta de renúncia.
Seus 20 meses como chefe de um governo sem maioria absoluta no Parlamento foram marcados por protestos contra a reforma da Previdência e por um episódio de distúrbios urbanos em 2023.
No entanto, a aprovação, em dezembro, de uma reforma migratória, que o governo endureceu para obter o apoio da direita, dividiu o partido no poder e reforçou a vontade de Macron de relançar o seu segundo mandato com um novo governo.
Quem é Gabriel Attal?
Com uma imagem de "bom aluno", Gabriel Attal, cuja carreira política começou no Partido Socialista antes de ingressar nas fileiras de Macron em 2016, também encarna a natureza direitista da política do presidente centrista.
Durante os seis meses à frente do importante Ministério da Educação, defendeu uma escola de "direitos e deveres", proibiu a abaya – vestimenta usada pelas mulheres muçulmanas – e disse estar aberto a experimentar o uso de uniformes.
Este filho de um produtor de cinema e ex-aluno da elitista Escola Alsaciana de Paris também anunciou o retorno dos repetentes ou a introdução de grupos de níveis para aulas de francês e matemática no ensino médio.
A sua deslumbrante ascensão política – de secretário de Estado em 2018 a primeiro-ministro, passando por porta-voz do governo, ministro das Contas Públicas e da Educação – faz lembrar a de Macron, que se tornou presidente em 2017, aos 39 anos.
"A juventude, a sua popularidade na opinião pública e a capacidade real ou suposta de liderar a campanha do governo para as eleições europeias" determinaram a sua nomeação, afirmou uma fonte próxima ao Executivo.
Escolha "ofensiva"
Com 19% das intenções de voto, de acordo com a pesquisa OpinionWay realizada em meados de dezembro, a aliança governante tem uma difícil tarefa para alcançar o partido de extrema direita de Marine Le Pen (27%) nas eleições para o Parlamento Europeu em junho.
A nomeação de Attal é uma escolha "ofensiva" para estas eleições, mas pode "não ajudar" a manter a frágil unidade do partido no poder, segundo o especialista Benjamin Morel.
A aliança centrista de Macron perdeu a maioria absoluta nas eleições legislativas de 2022 e, desde então, teve que recorrer ao apoio da oposição de direita para aprovar as suas principais reformas, pressionando a ala esquerda do partido no poder.
"Isto não resolverá o problema da maioria, nem o problema principal de qual é a direção principal" do segundo mandato do atual chefe de Estado, que termina em 2027, alertou o cientista político Bruno Cautrès.
A nomeação de Attal reforça o seu eventual desejo de concorrer como sucessor de Macron em 2027, como também desejam outras figuras do partido no poder, como os ministros Bruno Le Maire e Gérald Darmanin, e o ex-primeiro-ministro Edouard Philippe, segundo observadores.
Os aliados centristas e de centro-direita de Macron já manifestaram dúvidas sobre a escolha do jovem político. O equilíbrio final e os rumos futuros do governo serão anunciados nos próximos dias, quando for conhecida a sua composição.