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Eleições nos EUA: Kamala adota proposta de Trump de tirar taxas de gorjetas

Candidatos defendem retirar impostos sobre gratificações dadas a atendentes, uma tradição dos EUA

Montagem com os candidatos Kamala Harris e Donald Trump (AFP)

Montagem com os candidatos Kamala Harris e Donald Trump (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 12 de agosto de 2024 às 17h44.

Chicago - Durante a Convenção Republicana, em julho, uma promessa ganhou aplausos todas as vezes que era citada em discursos: acabar com as taxas sobre as gorjetas. A ideia, que começou a ser defendida por Donald Trump, agora também foi endossada pelos democratas.

No sábado, 10, em um comício em Las Vegas, Kamala Harris disse que também é a favor do fim da taxação. "É a minha promessa para todos aqui. Quando eu for presidente, vamos continuar a lutar pelas famílias trabalhadoras, incluindo aumentar o salário mínimo e eliminar as taxas sobre gorjetas para trabalhadores de serviços e hospitalidade", disse a democrata.

Nesta segunda, 12, houve um novo aceno à medida. Perguntada se o presidente Joe Biden assinaria uma lei nesse sentido, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse que sim. "É algo que o presidente apoia. Ele defende eliminar as taxas sobre gorjetas para serviços e hospitalidade e também elevar o salário minimo", disse ela, em entrevista coletiva.

A campanha de Trump ficou furiosa com o endosso de Kamala à proposta

"Kamala copiona (copy cat) é uma desonesta e fraudulenta. Ela não vai sentar e responder porque roubou a proposta No Tax on Tips do presidente Trump", disse Steven Cheung, diretor de campanha de Trump, em nota no domingo, 11.

"Se ela realmente quer acabar com as taxas sobre gorjetas, porque não faz isso agora, considerando que ela é parte do governo atualmente no poder?", questiona Cheung.

A medida, no entanto, depende de aval do Congresso. Deputados republicanos já criaram um projeto de lei para isso, em junho. A proposta retiraria encargos federais sobre os valores recebidos pelos trabalhadores. Atualmente, o dinheiro das gorjetas é tratado como uma renda tributável da mesma forma que os salários pelo IRS, equivalente da Receita Federal nos EUA.

Queda de arrecadação

A retirada do imposto sobre as gorjetas, no entanto, traria uma perda de arrecadação estimada entre US$ 150 bilhões e US$ 250 bilhões por ano, estima o Comitê para o Orçamento Federal Responsável.

Dar gorjetas é uma prática muito forte nos Estados Unidos. Ao comer em restaurantes, cafés e bares, é considerado quase obrigatório deixar algo de "tip", pois os garçons e atendentes dependem disso para complementar sua renda.

Segundo a campanha de Trump, 5,5 milhões de trabalhadores americanos dependem das gorjetas para ganhar mais do que um salário mínimo. As mulheres são mais de dois terços do total de trabalhadores que recebem gorjetas.

As gorjetas, antes na faixa de 10% a 15% da conta, foram aumentando nos últimos anos, especialmente após a pandemia. Como forma de compensar o tempo em que os estabelecimentos ficaram fechados, surgiu um movimento para ampliar o percentual dado como gratificação, para até 25%.

Até alguns anos atrás, a maioria das gorjetas era dada em dinheiro, de modo que havia mais dificuldade para cobrar impostos sobre elas. Atualmente, com a maioria dos pagamentos feitos com cartão, a gorjeta também é paga desta forma, na mesma conta, o que permite ter um controle maior sobre a renda dos funcionários.

A taxação de gorjetas é um tema que interessa especialmente aos eleitores de Nevada, um dos estados decisivos na eleição deste ano. Além de Las Vegas, o estado abriga o Grand Canyon e recebeu 40 milhões de turistas em 2023.

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