Eleições nos EUA: Biden não foi expulso da corrida, ele decidiu sair, diz Nancy Pelosi
Ex-presidente da Câmara dos Deputados deu entrevista coletiva durante a Convenção Democrata
Repórter de macroeconomia
Publicado em 22 de agosto de 2024 às 18h53.
Última atualização em 22 de agosto de 2024 às 20h50.
Chicago, Estados Unidos - Nancy Pelosi, ex-presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, reafirmou nesta quinta-feira, 22, que o presidente Joe Biden desistiu da corrida por decisão própria.
"O presidente Joe Biden não foi expulso da disputa. Ele tomou uma decisão altruísta, como presidente dos Estados Unidos, de reconhecer que ele poderia não ganhar esta eleição e dar a oportunidade, passar o bastão para outra geração, o que foi muito apreciado", disse Pelosi, em uma entrevista coletiva nesta quinta, 22, na Convenção Democrata na qual a EXAME esteve presente.
A ex-presidente da Câmara disse ainda que vencer esta eleição é "essencial para defender seu legado, que é grande e um dos que tiveram mais impacto".
Pelosi havia sido questionada se ela estaria preocupada com o risco de Kamala Harris não vencer a eleição e que isso levasse os Estados Unidos a mudar sua postura internacional, e se a deputada se sentiria culpada por Biden ter sido empurrado para fora da disputa.
Biden venceu as primárias este ano, mas desistiu de seguir na disputa pela reeleição após ir mal em um debate e sofrer pressão pública do partido para abandonar a corrida eleitoral, durante semanas. Ele anunciou a desistência em 21 de julho, e sua vice, Kamala Harris, assumiu a candidatura democrata à Presidência. Ela enfrentará Donald Trump nas eleições de 5 de novembro.
Pelosi, uma das principais lideranças do Partido Democrata, pressionou Biden publicamente para que ele saísse da disputa, mas o fez de forma sutil. Enquanto o presidente dizia estar convicto em continuar, a deputada disse em entrevistas que ele deveria pensar melhor.
Elogios a Biden no discurso
A ex-presidente da Câmara fez um discurso na Convenção Democrata na noite de terça, 21. Ela defendeu conquistas do partido no governo e fez elogios ao governo de Joe Biden , que chamou de o "mais bem-sucedido dos tempos modernos". Segundo ela, o presidente conseguiu dar ao país uma visão patriótica de uma "América mais justa".
"Provamos que os democratas entregam. Milhões de empregos, melhor infraestrutura e conexão à internet, recuperação das pensões, atuação corajosa sobre as mudanças climáticas, e menores preços para os remédios", afirmou. "Tudo isso graças a uma visão patriótica do presidente Biden de uma América mais justa."
E emendou com um dos bordões mais falados na convenção democrata:
"Thank you, Joe (Obrigado, Joe)".
Pelosi foi peça fundamental da articulação para que o presidente Joe Biden renunciasse à tentativa de reeleição há um mês.
Avalia-se que coube a ela dar o ultimato para que o presidente deixasse a corrida eleitoral. "Não é exagero dizer que Pelosi desempenhou um papel maior na convenção democrata do que qualquer outro palestrante até agora", disse o comentarista da CNN Jeff Zeleny. "Sem ela, o presidente Biden estaria fazendo o discurso amanhã à noite, em vez de passar férias na Califórnia esta semana?"
A Convenção Democrata de 2024, em fotos
O que importa? Vencer
Para Pelosi, a campanha de Kamala tem "pouco" e "muito" tempo apresentar sua plataforma e convencer os americanos a elegê-la em novembro.
"É pouco tempo e é muito tempo. Depende de como usamos o tempo", disse Pelosi.. "Um caminho sustentável seria o mais alto nível de intensidade em mensagens, notariedade e organização para vencer a eleição."
Para a experiente política norte-americana, de 84 anos, a desistência de Biden energizou a candidatura.
"O que vimos desde essa mudança foi uma notável adesão de muitos novos voluntários na campanha e muito mais jovens dizendo: 'quero me engajar nisso'. Então, isso é algo muito positivo para nós, porque, necessariamente, devemos dominar o terreno", afirmou.
Ela destacou que, a seu favor, a campanha democrata tem entusiasmo, voluntariado, envolvimento de pequenos doadores e uma nova abordagem.
"Teremos uma campanha mais bem-sucedida, não necessariamente porque um candidato é melhor do que o outro, mas porque uma campanha é sobre o futuro e está atraindo muitos voluntários e eleitores", afirmou, em resposta a por que Kamala tem mais chances de vencer do que Biden.
Mas o alerta veio logo depois:
"Mas nada disso importa, como você mencionou, a menos que (Kamala) seja eleita", disse. "Nosso trabalho agora é mobilizar a mensagem. Mas devemos elegê-la, e é exatamente isso que pretendemos fazer."