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Eleições no mundo para prestar atenção em 2018

A Copa do Mundo não vai ser o único evento na Rússia assistido pelo mundo todo, no ano que vem

PRESIDENTES: Maduro e Putin são candidatos à presidência da Venezuela e Rússia, respectivamente, no ano que vem  (Yuri Kadobnov/Reuters)

PRESIDENTES: Maduro e Putin são candidatos à presidência da Venezuela e Rússia, respectivamente, no ano que vem (Yuri Kadobnov/Reuters)

EH

EXAME Hoje

Publicado em 26 de dezembro de 2017 às 09h57.

Última atualização em 26 de dezembro de 2017 às 14h39.

No ano que vem, alguns países escolherão seus novos líderes. Novos ou velhos candidatos podem assumir as responsabilidades e desafios de governar as maiores potências políticas do planeta. Confira algumas das principais eleições de 2018:

Itália

As eleições legislativas do país ainda não têm data marcada, mas vão colocar o país no centro das atenções da Europa. Com uma reforma eleitoral, aprovada neste ano, o país pode redefinir a linha política de seu Senado.

O histórico de incertezas políticas é longo. Em 2015, o ex-primeiro-ministro, Matteo Renzi, do partido Democrático, tentou aprovar uma reforma constitucional no país, que tinha como objetivo modificar a composição e os poderes do Parlamento italiano, além de alterar a divisão de competências entre o Estado, as regiões e as entidades administrativas. Em um referendo, 59% da população recusou a reforma, Renzi perdeu muito de sua credibilidade, e acabou renunciando ao cargo.

Os anos se passaram, e em outubro deste ano, o senado italiano votou e aprovou um novo sistema eleitoral que, na prática, beneficia a coalizão de partidos e diminui o poder de partidos que não possuem muitos aliados.

Desta forma, um terço dos representantes serão eleitos em colégios uninominais majoritários, e seus partidos poderão fazer coalizões. Os outros serão eleitos de maneira proporcional. Esses colégios elegerão apenas um candidato por partido ou coalizão em cada distrito, sendo escolhido o mais votado.  A mudança pode prejudicar o Movimento 5 Estrelas, criado em 2009. O 5 Estrelas é um movimento não político que estabelece uma democracia direta através da internet, e que conseguiu eleger quatro prefeitos e dezenas de deputados municipais e regionais. Com um discurso pouco claro, o movimento passou a preocupar partidos mais tradicionais.

Para o senador do 5 Estrelas Giovanni Endrissi, a nova lei tem como único objetivo manter o poder nas mãos de quem já está nos altos cargos, e manter o país como está. Desde 1993, esta é a terceira mudança na lei eleitoral italiana, e será utilizada nas eleições do ano que vem. De volta aos holofotes políticos, Matteo Renzi vai concorrer às eleições. Seu principal concorrente será Luigi di Maio, do Movimento 5 Estrelas.

Palestina

A Palestina pode finalmente se firmar como um Estado democrático. No próximo ano, o país terá sua terceira eleição, e dessa vez com um território e um governo mais unificado. O presidente Mahmoud Abbas controla o estado palestino desde 2005, data da última eleição da Autoridade Palestina, e promete realizar uma transição de poder pacífica e democrática.

Embora Abbas esteja no poder há 12 anos, desde 2008 ele não tem o reconhecimento do cargo pela organização palestina Hamas, que não o considerava como o candidato adequado para o partido. Ele faz parte da organização militar Fatah, grupo que disputava influência no território desde então.

Neste ano, após um longo processo de negociações com o governo palestino, o Hamas deixou o controle da Faixa de Gaza e assinou um acordo, junto com o Fatah, transferindo o poder da região para o governo do país. 

Com um novo governo, líderes internacionais e palestinos esperam que a situação dos moradores da Faixa de Gaza melhore. Estima-se que os dois milhões de habitantes vivam em extrema pobreza na região.

Além da estabilidade na região, o presidente eleito terá um outro grande desafio pela frente: Jerusalém. No mês passado, o presidente dos Estados Unidos Donald Trump reconheceu a cidade sagrada como capital de Israel. O anúncio desencadeou uma série de protestos e conflitos violentos. A Terceira intifada foi convocada pelo Hamas, e desde então o país enfrenta uma série de manifestações violentas e troca de ataques entre grupos palestinos e exército israelense. Aliás, o que não faltam são ameaças de mais instabilidade na região. Há duas semanas, o grupo islâmico libanês, Hezbollah, convocou seus aliados a declarar guerra contra Israel. Ainda não há uma data para as eleições, que podem ocorrer até o fim de 2018.

México

No dia 3 de junho do ano que vem, o México terá eleições gerais, e vai escolher o novo presidente, novos senadores e deputados federais. Enrique Peña Nieto, do partido Revolucionário Institucional, deixará para seu sucessor um país com alguns desafios políticos e econômicos.

O primeiro deles será lidar com um vizinho nada amistoso: os Estados Unidos. A construção de um muro na fronteira entre o país e os Estados Unidos indica que as relações bilaterais podem ficar mais difíceis. Além da barreira física, o novo presidente assumirá com um possível novo acordo do Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte). Como as rodadas deste ano não foram bem sucedidas, as negociações poderão ter um fim no primeiro trimestre do ano, e por isso o presidente terá em suas mãos o desafio de adaptar a economia e o comércio exterior com o principal aliado comercial do país.

Se da porta para fora o ambiente já é desafiador, do lado de dentro é ainda mais. Segundo uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial, o México é o décimo país mais corrupto do mundo. Os casos são tão peculiares que existe até um “tour corrupto” no país. A corrupção atinge todas as esferas do governo, e neste ano membros do governo federal foram acusados de fazerem parte de esquemas de corrupção com empresas internacionais, sendo uma delas a brasileira Odebrecht. Em agosto deste ano, um ex-funcionário do presidente foi acusado de ter envolvimento com a empreiteira. Cabe agora ao sucessor de Peña Nieto entrar na roda ou mudar o ritmo mexicano.

Venezuela

O país tem uma inflação estimada em 2300%, uma grave crise econômica, além de alguns calotes da empresa petroleira estatal PDVSA. Embora o cenário seja de caos, tem quem queira permanecer no poder: o  atual presidente Nicolás Maduro já confirmou sua candidatura à reeleição.

Mas Maduro não tem o apoio da comunidade internacional. Desde o início deste ano, o governo venezuelano recebeu uma série de críticas e foi acusado de conter violentamente a oposição. Com a criação da Assembleia Constituinte, no início deste ano, o governo se tornou mais forte e mais influente, e aqueles que tentaram reagir contra foram presos ou se viram obrigados a deixar o país. Ongs de direitos humanos já denunciaram o governo, que é acusado de torturar presos políticos. Por conta dessas violações aos direitos humanos, o país sofreu uma série de sanções econômicas dos Estados Unidos e de países da Europa.

Maduro, porém, tem grandes chances de vencer as eleições, porque utilizou um trunfo que poucos esperavam. Em meados deste mês, o presidente anunciou que proibiria a candidatura de partidos que participaram do boicote às eleições municipais (no início do mês). Proposto pela Assembleia Constituinte, o critério de candidatura é uma resposta aos partidos de oposição que não reconheciam a legitimidade da votação.

Sem o apoio econômico e político internacional, o próximo governo terá que lidar com seus problemas econômicos por conta própria. Com uma reserva de apenas 9,6 bilhões de dólares, o país não consegue sair da crise econômica, que deixa sua população na pobreza e com fome. A petroleira estatal PDVSA deve mais de 200 bilhões de dólares aos investidores, já deu dois calotes e não tem perspectivas, à curto prazo, de sanar essa dívida.

Se ainda houver democracia e um candidato de oposição puder realizar uma campanha eleitoral, o próximo presidente da Venezuela poderá ser o novo herói ou mais um expectador da derrocada do país.

Rússia

A Copa do Mundo não vai ser o único evento na Rússia assistido pelo mundo todo, no ano que vem. A comunidade internacional e líderes políticos do mundo todo vão ficar de olhos bem abertos para as eleições do país. Marcadas para março do ano que vem, as eleições terão velhos e novos conhecidos. O atual presidente russo, Vladimir Putin já confirmou sua campanha para reeleição. Além dele, a socialite Ksenia Sobchak, também já confirmou sua candidatura.

Putin já está garantido, mas um anúncio inesperado tomou conta do noticiário neste mês. O presidente da Rússia anunciou que vai concorrer à reeleição como candidato independente. Segundo ele, ele virá como candidato com o apoio das forças políticas e das organizações sociais, além do amplo apoio popular.

Sua concorrente, Ksenia, não parece ser um empecilho para a vitória de Putin. Segundo especialistas, a socialite, que tem apenas 35 anos, é uma jogada do próprio governo russo para dividir os eleitores da oposição.

Também devem se lançar na corrida presidencial os líderes das outras três correntes com representação parlamentar – comunistas, nacionalistas e social-democratas -, além do histórico líder liberal, Grigory Yavlinsky.

O novo (ou velho) presidente da Rússia terá que lidar com as relações conturbadas entre o país e os Estados Unidos (uma troca de sanções diplomáticas dificultam o diálogo entre o país euro asiático e o americano).  Neste ano, o governo americano abriu uma investigação para analisar a influência do governo e de hackers russos nas eleições presidenciais do país, em 2016.

O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev já tinha afirmando que a relação entre a Rússia e os Estados Unidos está em situação “deplorável”. Em entrevista a um canal russo, Medvedev afirmou que a atmosfera é a pior desde o período da Guerra Fria. Em seu website, o primeiro-ministro ainda afirmou que o lobby anti-Rússia nos Estados Unidos está provocando ações em diversas áreas, inclusive no que diz respeito às sanções econômicas e políticas. Neste semestre, os Estados Unidos impuseram sanções às empresas russas e restringiu a importação de materiais e tecnologia do país como uma resposta a suposta interferência do governo nas eleições presidenciais de 2016. Além das econômicas, o governo americano impôs sanções diplomáticas ao expulsar embaixadores e diplomatas do país. Em resposta, a Rússia também expulsou diplomatas dos Estados Unidos e agravou a relação bilateral dos países.

Os candidatos também terão que se posicionar quanto às ações militares na Síria e as relações políticas com outros países do Oriente Médio. Assim como a seleção russa, as eleições abrem a série de mudanças de líderes políticos no mundo. O candidato escolhido terá que marcar um gol logo de cara e mostrar para o mundo todo, durante a Copa do Mundo – que ocorre no primeiro semestre de 2018-, a que veio.

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