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Eleições na Venezuela são realizadas neste domingo, sob tensão e incerteza

Votação poderá colocar a fim ao governo de Nicolás Maduro, mas oposição enfrenta diversas barreiras na disputa

Nicolás Maduro (à esq.) e Edmundo González, que disputam a eleição na Venezuela (AFP)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 28 de julho de 2024 às 06h01.

"Até o fim!", grita a oposição. "Vitória por derrota!", respondem os apoiadores do presidente Nicolás Maduro. Sob pressão internacional, a Venezuela vai às urnas neste domingo (28) para eleger presidente em um clima de tensão e incerteza.

O presidente, de 61 anos, enfrenta as eleições mais difíceis em 25 anos de chavismo, 11 sob seu comando. Ele afirma que a sua vitória garante a paz no país e que uma eventual chegada da oposição ao poder poderá terminar em um "banho de sangue", declaração que disparou os alarmes na região.

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A maioria das pesquisas favorecem Edmundo González Urrutia, representante da líder da oposição María Corina Machado, que não pôde ser candidata após receber uma inabilitação política.

Junto com ela, o diplomata de 74 anos promete "mudança", "reconciliação" e o retorno de milhões de migrantes que fugiram da crise venezuelana.

São 10 candidatos no total: Maduro, que busca um terceiro mandato consecutivo de seis anos, González e outros oito minoritários.

Campanha eleitoral na Venezuela

González Urrutia era desconhecido até ser ungido pela carismática Maria Corina e agora aparece como favorito na maioria das pesquisas depois de uma crise que levou a uma redução de 80% do PIB em uma década, anos de hiperinflação e dolarização parcial da economia.

O chavismo afirma que estas pesquisas são "fabricadas" para justificar uma denúncia de fraude.

"Aos que alguma vez se opuseram a nós, apelo à sua razão benevolente, ao seu bom senso e ao seu patriotismo", disse o presidente, que pediu também um "voto de confiança" aos indecisos.

Transformações x mudança de governo

Cerca de 21 milhões dos 30 milhões de venezuelanos estão nos registros eleitorais, embora se estime que apenas 17 milhões que ainda estão na Venezuela possam votar.

A participação é fundamental, segundo fontes próximas ao processo. O chavismo, segundo analistas, aposta que será baixa e que o seu teto de popularidade de 30% pode lhe dar a vitória, enquanto a oposição precisa de mais votos para diluir a força oficial.

Maduro encerrou sua campanha na quinta-feira com um grande comício na emblemática Avenida Bolívar, em Caracas, depois de estampar o país com seu rosto em cartazes, murais e outdoors gigantescos.

González e a oposição, que centraram a sua campanha nas redes sociais devido à escassez de recursos e, em muitos casos, ao clima de censura e autocensura nos veículos de comunicação tradicionais, transbordaram outra avenida em Caracas no seu último comício pré-eleitoral.

Embora esteja no poder há dois mandatos, Maduro fala em "transformações" e culpa as sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela pelos males do país. González e Machado agitam bandeiras de mudança, falam de liberdade e defendem o reforço da economia de mercado após décadas de controle estatal.

"Embora seja pouco provável que as eleições na Venezuela sejam livres ou justas, os venezuelanos têm a melhor oportunidade em mais de uma década para eleger o seu próprio governo", disse Juanita Goebertus, diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch.

"Inaceitável"

Os presidentes do Brasil e do Chile, Luiz Inácio Lula da Silva e Gabriel Boric, expressaram esta semana sua preocupação com o alerta sobre um "banho de sangue" de Maduro, que também levantou a possibilidade de um levante militar caso González vença.

"Não se pode ameaçar nenhum ponto de vista com banhos de sangue (...), o que os líderes e candidatos recebem são banhos de votos", disse Boric na quinta-feira, reiterando uma fala do presidente Lula.

"O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição", declarou Lula na segunda-feira.

Maduro disse que as Forças Armadas estão ao seu lado, enquanto González Urrutia pediu aos militares que "respeitem e garantam o respeito" pelo resultado.

John Kirby, porta-voz da Segurança Interna da Casa Branca, alertou na quinta-feira que "a repressão política e a violência são inaceitáveis" e disse esperar que a votação "reflita a vontade e as aspirações do povo".

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