Eleições incertas na Grécia, após dois anos de austeridade
As políticas de austeridade abriram espaço para organizações que questionam a permanência do país na Eurozona
Da Redação
Publicado em 4 de maio de 2012 às 11h07.
Atenas - A Grécia realiza no domingo as eleições legislativas mais incertas das últimas décadas, após dois anos de políticas de austeridade que desgastaram os partidos tradicionais e abriram espaço para organizações que questionam a permanência do país na Eurozona.
O partido Nova Democracia (ND, direita), de Antonis Samaras, se anuncia como o favorito nas pesquisas, embora sem maioria absoluta, o que deixa antever um novo governo de coalizão como o que deixa agora o poder, formado pelo ND e pelo PASOK (socialista) de Evangelos Venizelos.
As pesquisas publicadas há duas semanas, antes que sua divulgação fosse proibida, concediam 25% das intenções de votos ao ND e 20% ao PASOK, que insistem na necessidade de um "governo estável" para sair da crise.
Em 2009, o PASOK obteve 43,9% dos votos e o ND 33,4%.
As pesquisas mostravam também uma grande dispersão de votos, em meio a uma forte oposição ao plano de resgate da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que levou a várias ondas de cortes de salários e aposentadorias.
De fato, após dois anos de crise, os 9,8 milhões de eleitores gregos vão às urnas com uma ultraesquerda reforçada, com o aparecimento de uma formação neonazista, a atomização da direita e um bipartidarismo enfraquecido.
Cerca de dez partidos podem superar os 3% dos votos exigidos para ter representação parlamentar.
Entre eles figuram os comunistas do KKE, que devem melhorar os 7,3% obtidos em 2009, assim como os Gregos Independentes, um grupo conservador criado em março que rejeita o plano de resgate da UE e do FMI, o neonazista Amanhecer Dourado ou o pró-europeu Partido de Esquerda Democrática.
Também têm certas chances o Pacto Social, oposto à austeridade, o Antarsa (esquerda anticapitalista) e o partido "Não vou pagar", surgido após uma campanha de desobediência civil lançada em 2010.
"A perda generalizada de confiança nos dois principais partidos" que governaram o país nos últimos 37 anos "criou um grande vazio, do qual se beneficiam todos os partidos e grupos que não estão no poder", afirmou Christoforos Vernardakis, do instituto VPRC.
Os dois partidos tradicionais advertem que o que está em jogo nestas eleições é a permanência da Grécia na Eurozona, e não manifestar apoio ou rejeição às políticas de austeridade.
Venizelos voltou a agitar nesta semana o fantasma de um retorno ao dracma (a moeda anterior) se a Grécia não conseguir formar um governo após as legislativas.
"O partido do dracma existe, há quem apostou pela quebra e a favor da Grécia do dracma", denunciou o ex-ministro das Finanças, referindo-se à esquerda radical.
Esta coincidência na necessidade de estabilidade não significa, no entanto, que exista uma vontade de perpetuar a aliança dos dois adversários históricos.
Samaras quer uma maioria clara, para que a direita possa governar "sozinha".
"Peço para governar sozinho, com um mandato forte, em nome da estabilidade política, já que uma coalizão não responde ao interesse do povo grego, mas apenas ao do PASOK, e isso condenaria os gregos ao estancamento", declarou Samaras na quinta-feira em um comício em Atenas.
Venizelos, por sua vez, lembra que o ND agitou inicialmente uma oposição "estéril" aos planos de resgate da UE, antes de aceitar a ideia de uma coalizão após a renúncia em novembro do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou.
Atenas - A Grécia realiza no domingo as eleições legislativas mais incertas das últimas décadas, após dois anos de políticas de austeridade que desgastaram os partidos tradicionais e abriram espaço para organizações que questionam a permanência do país na Eurozona.
O partido Nova Democracia (ND, direita), de Antonis Samaras, se anuncia como o favorito nas pesquisas, embora sem maioria absoluta, o que deixa antever um novo governo de coalizão como o que deixa agora o poder, formado pelo ND e pelo PASOK (socialista) de Evangelos Venizelos.
As pesquisas publicadas há duas semanas, antes que sua divulgação fosse proibida, concediam 25% das intenções de votos ao ND e 20% ao PASOK, que insistem na necessidade de um "governo estável" para sair da crise.
Em 2009, o PASOK obteve 43,9% dos votos e o ND 33,4%.
As pesquisas mostravam também uma grande dispersão de votos, em meio a uma forte oposição ao plano de resgate da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), que levou a várias ondas de cortes de salários e aposentadorias.
De fato, após dois anos de crise, os 9,8 milhões de eleitores gregos vão às urnas com uma ultraesquerda reforçada, com o aparecimento de uma formação neonazista, a atomização da direita e um bipartidarismo enfraquecido.
Cerca de dez partidos podem superar os 3% dos votos exigidos para ter representação parlamentar.
Entre eles figuram os comunistas do KKE, que devem melhorar os 7,3% obtidos em 2009, assim como os Gregos Independentes, um grupo conservador criado em março que rejeita o plano de resgate da UE e do FMI, o neonazista Amanhecer Dourado ou o pró-europeu Partido de Esquerda Democrática.
Também têm certas chances o Pacto Social, oposto à austeridade, o Antarsa (esquerda anticapitalista) e o partido "Não vou pagar", surgido após uma campanha de desobediência civil lançada em 2010.
"A perda generalizada de confiança nos dois principais partidos" que governaram o país nos últimos 37 anos "criou um grande vazio, do qual se beneficiam todos os partidos e grupos que não estão no poder", afirmou Christoforos Vernardakis, do instituto VPRC.
Os dois partidos tradicionais advertem que o que está em jogo nestas eleições é a permanência da Grécia na Eurozona, e não manifestar apoio ou rejeição às políticas de austeridade.
Venizelos voltou a agitar nesta semana o fantasma de um retorno ao dracma (a moeda anterior) se a Grécia não conseguir formar um governo após as legislativas.
"O partido do dracma existe, há quem apostou pela quebra e a favor da Grécia do dracma", denunciou o ex-ministro das Finanças, referindo-se à esquerda radical.
Esta coincidência na necessidade de estabilidade não significa, no entanto, que exista uma vontade de perpetuar a aliança dos dois adversários históricos.
Samaras quer uma maioria clara, para que a direita possa governar "sozinha".
"Peço para governar sozinho, com um mandato forte, em nome da estabilidade política, já que uma coalizão não responde ao interesse do povo grego, mas apenas ao do PASOK, e isso condenaria os gregos ao estancamento", declarou Samaras na quinta-feira em um comício em Atenas.
Venizelos, por sua vez, lembra que o ND agitou inicialmente uma oposição "estéril" aos planos de resgate da UE, antes de aceitar a ideia de uma coalizão após a renúncia em novembro do primeiro-ministro socialista Giorgos Papandreou.