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Impasse à vista no Reino Unido

Camila Almeida  Fechadas as urnas no Reino Unido, a vantagem é do partido Conservador. Pesquisas de boca de urna mostram Theresa May com vantagem em relação a Jeremy Corbyn. O partido Conservador teria levado 314 cadeiras das 650; enquanto o partido Trabalhista teria ficado com 266. Por essa estimativa, os trabalhistas ganharam 34 cadeiras e […]

THERESA MAY: Primeira-ministra britânica ao lado do marido, Philip, ao sair da votação / Toby Melville/Reuters
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Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2017 às 18h12.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h02.

Camila Almeida

Fechadas as urnas no Reino Unido, a vantagem é do partido Conservador. Pesquisas de boca de urna mostram Theresa May com vantagem em relação a Jeremy Corbyn. O partido Conservador teria levado 314 cadeiras das 650; enquanto o partido Trabalhista teria ficado com 266. Por essa estimativa, os trabalhistas ganharam 34 cadeiras e os conservadores perderam 16 cadeiras. Desta forma, os Conservadores perderiam a maioria matemática que tinham no Parlamento eleito em 2015, e jogam o país em um novo impasse. Do outro lado da mesa estarão também 314 deputados do partido nacional escocês e dos liberais democratas. Sobram 22 cadeiras para que os dois lados disputem a hegemonia na condução do Brexit.

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A partir das oito da noite, no horário de Brasília, já deve ser possível saber quantas cadeiras cada partido deve levar. O resultado só deverá ser revelado oficialmente na tarde de sexta-feira. Em 2010 e em 2005 as pesquisas de boca de urna cravaram os resultados.

Os primeiros locais de votação abriram as portas às sete da manhã, no horário local, em cidades como Londres, Birmingham, Manchester, Liverpool e Glasgow. Após três atentados terroristas deixarem 35 pessoas mortas nos últimos três meses no país, medidas especiais de segurança foram implementadas pelas autoridades. May e Corbyn votaram no meio da manhã, em Londres: ela na localidade de Sonning; ele em uma escola do bairro de Islington.

As pesquisas de intenção de voto mostravam o cenário extremamente acirrado: a pesquisa Survation mostrava May com apenas um ponto percentual de vantagem em relação a Corbyn – 41,5% das intenções de voto contra 40,5%; enquanto a pesquisa YouGov mostrava uma vantagem de apenas quatro pontos.

O acirramento nas urnas se intensificou muito no último mês. Quando a primeira-ministra decidiu antecipar as eleições que só aconteceriam em 2020, em anúncio no dia 18 de abril, a vantagem era de cerca de 20 pontos percentuais. Ela praticamente não teve perdas nas intenções de voto, que estiveram sempre acima dos 40%, mas o líder trabalhista conseguiu arrebanhar um apoio impressionante para uma campanha tão curta — e marcada por atentados terroristas que desestabilizaram o país.

Com uma proposta de aumentar a taxação aos mais ricos, ampliar os investimentos em infraestrutura e nacionalizar alguns setores, como saneamento, os trabalhistas ganharam o coração dos britânicos. O plano, bastante voltado para o desenvolvimento nacional, proporcionaria um crescimento médio de 2,2% no PIB, por ano, até 2022, de acordo com projeção da Oxford Economics. “As propostas dos trabalhistas são mais positivas porque acrescentam demanda à economia num momento em que ela deve ser fraca”, afirma Andrew Goodwin, economista da Oxford Economics que conduziu o estudo.

Já o plano apresentado pelos conservadores não teve tanto apelo — e não fez com que a base de apoiadores do partido aumentasse. As propostas estavam centradas em reformas econômicas, que ajudariam a reduzir o déficit fiscal. O efeito para a economia não seria tão positivo. A previsão é de que o crescimento médio seja de 1,9% ao ano, até 2020.

A principal bandeira de Theresa May é a sua condução à mão-de-ferro do Brexit, numa postura que preocupa os economistas e a própria população. “A saída não está sendo conduzida do jeito que foi vendida para a população. As barreiras à imigração e as restrições ao comércio com a União Europeia devem reduzir o consumo e a demanda na economia no longo prazo”, afirma Goodwin. “Quanto mais nos afastarmos da política que temos hoje, pior será para o PIB.”

Quando o Brexit foi aprovado em referendo, em junho do ano passado, a população já estava dividida. O movimento pela saída da União Europeia venceu com apenas 51,9% dos votos. E, na época, o líder conservador David Cameron, que era a favor da permanência no bloco e convocou o referendo, renunciou ao cargo.

Theresa May assumiu como o nome, dentro do partido, mais adequado para conduzir o processo. Agora que as negociações já estão no gatilho, após a ativação do Artigo 50, que dita as regras para a saída da União Europeia, May quis confirmar sua legitimidade junto ao Parlamento para conseguir conduzir o Brexit à sua maneira, mas a rigidez da líder tem abalado sua credibilidade junto ao eleitorado.

Uma pesquisa do YouGov mostrou que, apesar de os britânicos acharem que ela é uma mulher inteligente, forte e competente, 24% dos entrevistados a acham desonesta, enquanto apenas 5% a veem como uma pessoa conectada às demandas populares.

Se confirmada a boca de urna, terá ficado claro que a ousadia de May saiu cara demais.

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