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Eleição presidencial nos EUA agrava crise bilionária no setor de turismo

A incerteza fiscal que rodeia as eleições presidenciais pode reduzir as vendas em mais de 30% em comparação com um ano normal

Air Force One. (Bloomberg/Bloomberg)

Air Force One. (Bloomberg/Bloomberg)

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Publicado em 13 de outubro de 2020 às 16h43.

Última atualização em 13 de outubro de 2020 às 17h18.

Dez anos atrás, Dan Sherman poderia ter avisado que a indústria de turismo sofreria um grande tombo em 2020. Sherman não é epidemiologista nem tem bola de cristal. Ele é veterano do ramo de viagens e vem observando as tendências de reservas por tempo suficiente para saber que crises econômicas acontecem em previsíveis ciclos de quatro anos nos Estados Unidos. A incerteza fiscal que rodeia as eleições presidenciais pode reduzir as vendas em mais de 30% em comparação com um ano normal — o que significa bilhões de dólares em receitas perdidas para muitas companhias.

Comparativamente, a empresa de Sherman, que é diretor de marketing da Ski.com, não se saiu tão mal. Esquiadores são viajantes comprometidos, considerados quase inabaláveis pelos profissionais de marketing de hotelaria. Há pequenos sinais de devoção. “Normalmente, metade de nossas reservas são fechadas antes do Dia de Ação de Graças”, explica Sherman, se referindo ao feriado celebrado na última semana de novembro.

Contudo, nos anos das últimas quatro eleições presidenciais nos Estados Unidos, ele calcula que suas vendas até o dia da eleição (sempre no início de novembro) foram 8,33% menores e permaneceram 6,38% abaixo de outros anos até o Dia de Ação de Graças. “Independentemente de circunstâncias como a covid-19, a economia ou as figuras que concorrem à Presidência, a indústria de viagens sempre sofre desaceleração durante um ano eleitoral”, afirma.

Os números são mais dramáticos quando comparados aos padrões de reserva no turismo tradicional, que inclui escapadas para os trópicos durante o inverno.

Brady Binstadt, vice-presidente da consultoria de viagens de alto padrão Journey Mexico, estima que suas vendas no terceiro trimestre caíram 34% na comparação anual antes da eleição de 2016. Viagens em grupos foram o segmento mais atingido, recuando 43%. Já a operação para indivíduos com grandes fortunas diminuiu apenas 4%.

“Em anos normais de eleição, as pessoas sempre pensam que as políticas do candidato afetarão seu saldo no banco”, diz Sherman. Isso cria “um medo maior de mudança na economia”.

Tanto a Ski.com quanto a Journey Mexico integram o consórcio de agências de viagens Virtuoso que, entre seus 20.000 assessores e 1.800 parceiros empresariais, realizou 30 bilhões de dólares em transações em 2019. Ao examinar o impacto das três últimas eleições à Casa Branca sobre as reservas de viagens, a diretora-gerente de relações públicas da Virtuoso, Misty Belles, descobriu que o crescimento constante de dois dígitos da organização diminuiu para cerca de 3% em anos eleitorais, sinalizando mais de 4 bilhões de dólares em receita perdida projetada para 2020, um número que não inclui perdas relacionadas à covid-19.

Para Belles, o motivo maior é a instabilidade dos mercados em anos eleitorais e não as propostas de mudanças legislativas, embora os dois fatores sejam entrelaçados. Afinal, os investidores esperam volatilidade antes de uma eleição também devido a mudanças previstas em termos de impostos e regulamentos. O vaivém diário das bolsas de valores afeta diretamente os gastos dos ricos, segundo ela.

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