Duas pessoas permanecem detidas por atentado em Londres
O autor do ataque mais sangrento do Reino Unidos nos últimos 12 anos, que deixou quatro mortos e 50 feridos, é um britânico de 52 anos
AFP
Publicado em 25 de março de 2017 às 09h50.
Última atualização em 25 de março de 2017 às 09h51.
Duas pessoas prosseguiam, nesta sexta-feira, em prisão preventiva, relacionadas ao atentado em Londres, enquanto a polícia divulgava a primeira foto do autor, Khalid Masood, cujo verdadeiro nome era Adrian Russell Ajao.
Abatido pela polícia, o autor do ataque mais sangrento do Reino Unidos nos últimos 12 anos, que deixou quatro mortos e 50 feridos, é um britânico de 52 anos.
Na foto divulgada nesta sexta-feira pela Polícia, ele aparece de frente, e são confirmados traços físicos que já haviam sido observados: calvo e com barba, pele morena, olhos escuros, mandíbula proeminente.
A polícia prendeu um total de 11 pessoas de 21 a 58 anos, sete homens e quatro mulheres: oito em Birmingham, duas em Manchester e uma em Londres.
Após a libertação de nove pessoas, a polícia anunciou, na noite desta sexta-feira, que apenas dois homens permanecem detidos.
A investigação se concentra em entender a motivação do autor do atentado e a preparação do ato, que deixou 50 feridos, dois deles em estado crítico e outro entre a vida e a morte.
"Queremos saber se agiu absolutamente sozinho, inspirado por propaganda terrorista, ou se recebeu ajuda de outros", explicou o comandante da unidade antiterrorista da Scotland Yard, Mark Rowley, antes de pedir a ajuda da população.
O autor, Masood, tinha 52 anos - uma idade considerada elevada neste tipo de atentado. Nasceu em 25 de dezembro de 1964 no condado de Kent, sudeste do país. A mudança de nome indica a conversão ao islã.
A imprensa britânica informou que ele trabalhou como professor na Arábia Saudita em meados dos anos 2000, quando se radicalizou, antes de retornar ao Reino Unido em 2009.
Milagre
Masood/Russell "não era objeto de nenhuma investigação" e os "serviços de inteligência não possuíam elementos sobre sua intenção de executar um atentado terrorista", informou a Scotland Yard.
O deputado Dominic Grieve, presidente da Comissão Parlamentar sobre Inteligência e Segurança, declarou à BBC que as forças de segurança desbarataram uma dúzia de projetos de atentados nos últimos 18 meses no Reino Unido e que era "um milagre" que o ataque não tenha acontecido antes.
Masood cresceu em Rye, Kent. Desde junho do ano passado morava em Birmingham com a mulher e os filhos, de acordo com vizinhos que o descreveram como "muito religioso".
Ele teve muitos problemas com a lei e tinha várias condenações por agressões e delitos de distúrbios públicos, mas não de terrorismo, segundo a polícia.
Sua última condenação aconteceu em dezembro de 2003 por posse de arma branca.
"Há alguns anos foi objeto de uma investigação do MI5", o serviço britânico de Inteligência interna, relacionada ao "extremismo violento", afirmou na quinta-feira a primeira-ministra Theresa May no Parlamento, antes de explicar que Masood era "um personagem secundário" naquele caso.
Segurança reforçada
Horas antes de cometer o atentado, o indivíduo passou por um hotel de Brighton, na costa sul da Inglaterra, segundo o gerente do estabelecimento.
"Era muito simpático, sorria com os funcionários. É assustador. Agora não sabemos mais quem são os bons e quem são os maus", afirmou Sabeur Toumihere ao canal Sky News.
A polícia compareceu ao hotel depois de encontrar uma nota fiscal do estabelecimento no carro alugado que Masood utilizou para atropelar os pedestres na Ponte de Westminster.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou o atentado menos de 24 horas depois do ocorrido. O ataque de Londres aconteceu no dia em que os atentados que deixaram 32 mortos em Bruxelas completaram um ano.
Todas as avenidas ao redor do Parlamento, centro turístico da capital britânica, estavam abertas ao trânsito nesta sexta-feira. Mas as autoridades reforçarão a segurança em Londres, cujas ruas em breve serão patrulhadas pelo dobro de policiais armados que agora.
O deputado conservador Tobias Ellwood, que tentou salvar o policial esfaqueado pelo agressor, e Ben Wallace, o secretário de Estado para a Segurança que coordenou a resposta do governo ao atentado, foram nomeados nesta sexta-feira para o Conselho Privado, órgão que assessora a rainha.