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Divisão entre egípcios gera batalha em Cairo

Pelo menos 211 pessoas ficaram feridas nos confrontos, embora fontes policiais tenham informado que também houve duas mortes, de um homem e uma mulher

Protestos no Egito em frente ao Palácio Presidencial: A região ficou repleta de ambulâncias, jovens correndo e pequenos incêndios causados pelos coquetéis molotov (REUTERS/Mohamed Abd El Ghany)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2012 às 18h06.

Cairo - A queda de braço entre os simpatizantes e opositores do presidente do Egito , Mohammed Mursi, culminou nesta quarta-feira em uma batalha campal nos arredores do Palácio Presidencial no Cairo que deixa o país em um panorama sombrio e incerto.

Pelo menos 211 pessoas ficaram feridas nos confrontos, segundo o Ministério da Saúde, embora fontes policiais tenham informado que também houve duas mortes, de um homem e uma mulher, o que ainda não foi confirmado oficialmente.

Os manifestantes dos dois grupos se enfrentaram corpo a corpo e atiraram coquetéis molotov, pedras e garrafas vazias uns nos outros nas ruas próximas à sede da presidência, no bairro de Heliópolis.

A região ficou repleta de ambulâncias, jovens correndo, pequenos incêndios causados pelos coquetéis molotov e destruição em lojas e veículos.

Após a grande manifestação de ontem contra o chefe de Estado no mesmo local, os islamitas decidiram responder hoje em apoio às últimas decisões de Mursi. Às portas do Palácio Presidencial, os opositores do presidente mantinham um acampamento que foi desfeito à força por seus rivais, que compareceram em massa para mostrar que Mursi conta com um amplo respaldo, mesmo após uma polêmica emenda constitucional emitida pelo político há duas semanas.

Este decreto, que blinda seus poderes perante a Justiça até a aprovação da nova Constituição, acentuou o clima de tensão no Egito, que hoje viveu seu ponto culminante.

Os islamitas, muito superiores em número, começaram a pintar de amarelo os muros exteriores do palácio presidencial para apagar as pichações anti-Mursi feitas pelos opositores acampados.


Ao cair da noite, começaram a chegar outras centenas de detratores, que na rua do palácio ficaram separados dos islamitas por um forte cordão policial.

''A revolução continua'' ou ''que caia o governo do guia espiritual'' da Irmandade Muçulmana, foram alguns dos temas cantados pelos críticos do atual governo, assim como o clássico ''saia, saia'', que durante a revolução egípcia foi entoado contra Hosni Mubarak.

Para o manifestante Said Shimi, que também participou do protesto de terça-feira, é imprescindível um diálogo sobre a Constituição, mas também manter a pressão nas ruas porque ''Mursi e a Irmandade Muçulmana querem monopolizar todo o poder''.

Na mesma linha, os líderes da oposição não islamita - unidos na chamado Frente de Salvação Nacional - afirmaram hoje que continuarão sua ''luta'' até que Mursi volte atrás em sua emenda constitucional.

Em entrevista coletiva, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa e o ex-candidato presidencial esquerdista Hamdin Sabahi disseram que o ''regime, autoritário e repressivo, perde legitimidade dia a dia''.

Moussa afirmou que o país passa por uma ''situação grave'', mas que a oposição ''permanecerá unida''. Já Sabahi acusou Mursi de ''ter perdido toda a legitimidade''.

Por sua vez, ElBaradei ressaltou que a nova Constituição é ''inválida'', e pediu ao presidente que anuncie quais são as bases para o diálogo nacional: ''A bola está agora em seu campo''.


Estas declarações foram dadas poucas horas depois de o vice-presidente egípcio, Mahmoud Meki, fazer uma confusa oferta para negociar com a oposição sobre os artigos da Constituição em disputa.

''Podemos chegar a um acordo através do diálogo'', declarou Meki, que encorajou a todas as forças políticas a enviar a partir de agora suas observações ao presidente com o objetivo de chegar a um acordo escrito.

As divergências em relação às políticas do presidente egípcio chegaram também a seu círculo próximo, e hoje houve o anúncio de renúncia de outros três de seus conselheiros.

Por causa da escalada da violência, o xeque de Al Azhar, a principal instituição islâmica do Egito, Ahmed al Tayyip, pediu hoje a todos os egípcios que se contenham e recorram ao ''diálogo pacífico e civilizado''.

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Pelo menos 211 pessoas ficaram feridas nos confrontos, segundo o Ministério da Saúde, embora fontes policiais tenham informado que também houve duas mortes, de um homem e uma mulher, o que ainda não foi confirmado oficialmente.

Os manifestantes dos dois grupos se enfrentaram corpo a corpo e atiraram coquetéis molotov, pedras e garrafas vazias uns nos outros nas ruas próximas à sede da presidência, no bairro de Heliópolis.

A região ficou repleta de ambulâncias, jovens correndo, pequenos incêndios causados pelos coquetéis molotov e destruição em lojas e veículos.

Após a grande manifestação de ontem contra o chefe de Estado no mesmo local, os islamitas decidiram responder hoje em apoio às últimas decisões de Mursi. Às portas do Palácio Presidencial, os opositores do presidente mantinham um acampamento que foi desfeito à força por seus rivais, que compareceram em massa para mostrar que Mursi conta com um amplo respaldo, mesmo após uma polêmica emenda constitucional emitida pelo político há duas semanas.

Este decreto, que blinda seus poderes perante a Justiça até a aprovação da nova Constituição, acentuou o clima de tensão no Egito, que hoje viveu seu ponto culminante.

Os islamitas, muito superiores em número, começaram a pintar de amarelo os muros exteriores do palácio presidencial para apagar as pichações anti-Mursi feitas pelos opositores acampados.


Ao cair da noite, começaram a chegar outras centenas de detratores, que na rua do palácio ficaram separados dos islamitas por um forte cordão policial.

''A revolução continua'' ou ''que caia o governo do guia espiritual'' da Irmandade Muçulmana, foram alguns dos temas cantados pelos críticos do atual governo, assim como o clássico ''saia, saia'', que durante a revolução egípcia foi entoado contra Hosni Mubarak.

Para o manifestante Said Shimi, que também participou do protesto de terça-feira, é imprescindível um diálogo sobre a Constituição, mas também manter a pressão nas ruas porque ''Mursi e a Irmandade Muçulmana querem monopolizar todo o poder''.

Na mesma linha, os líderes da oposição não islamita - unidos na chamado Frente de Salvação Nacional - afirmaram hoje que continuarão sua ''luta'' até que Mursi volte atrás em sua emenda constitucional.

Em entrevista coletiva, o prêmio Nobel da paz Mohamed ElBaradei, o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amre Moussa e o ex-candidato presidencial esquerdista Hamdin Sabahi disseram que o ''regime, autoritário e repressivo, perde legitimidade dia a dia''.

Moussa afirmou que o país passa por uma ''situação grave'', mas que a oposição ''permanecerá unida''. Já Sabahi acusou Mursi de ''ter perdido toda a legitimidade''.

Por sua vez, ElBaradei ressaltou que a nova Constituição é ''inválida'', e pediu ao presidente que anuncie quais são as bases para o diálogo nacional: ''A bola está agora em seu campo''.


Estas declarações foram dadas poucas horas depois de o vice-presidente egípcio, Mahmoud Meki, fazer uma confusa oferta para negociar com a oposição sobre os artigos da Constituição em disputa.

''Podemos chegar a um acordo através do diálogo'', declarou Meki, que encorajou a todas as forças políticas a enviar a partir de agora suas observações ao presidente com o objetivo de chegar a um acordo escrito.

As divergências em relação às políticas do presidente egípcio chegaram também a seu círculo próximo, e hoje houve o anúncio de renúncia de outros três de seus conselheiros.

Por causa da escalada da violência, o xeque de Al Azhar, a principal instituição islâmica do Egito, Ahmed al Tayyip, pediu hoje a todos os egípcios que se contenham e recorram ao ''diálogo pacífico e civilizado''.

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