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Discussões sobre programa nuclear iraniano avançam

Potências e o Irã comemoram as recentes discussões em Viena sobre o programa nuclear de Teerã, um trabalho lento, que avança apesar da crise na Ucrânia

Catherine Ashton e o chanceler iraniano, Mohammad Zarif: "Tivemos discussões substanciais e úteis", assegurou a chefe da diplomacia europeia (Dieter Nagl/AFP)
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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2014 às 14h57.

Viena - As grandes potências e o Irã comemoram nesta quarta-feira as recentes discussões em Viena sobre o programa nuclear de Teerã, um trabalho lento, que avança apesar da crise na Ucrânia .

"Tivemos discussões substanciais e úteis", assegurou à imprensa a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, à margem da reunião.

Ashton, que conduz as negociações em nome das grandes potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), falou à imprensa ao lado de Mohammad Javad Zarif, o ministro iraniano das Relações Exteriores.

Em novembro, as duas partes concluíram um primeiro acordo de seis meses, que entrou em vigor em janeiro e levou ao levantamento de algumas sanções ocidentais em troca da paralisação de determinadas atividades nucleares sensíveis.

Mohammad Javad Zarif declarou, por sua vez, que vê "sinais" de um acordo final com as grandes potências, segundo a agência de notícias Fars.

Os negociadores de ambas as partes tentam transformar o acordo provisório alcançado em novembro em um pacto definitivo - antes de 20 de julho - que suprimiria todas as sanções ocidentais. Em troca, o Irã teria que dar garantias sobre a natureza pacífica de seu programa nuclear, o qual os ocidentais suspeitam que tem objetivos militares.

Em jogo está o fim de uma década de confronto entre o Irã, que defende o seu direito nuclear para fins civis, e as grandes potências, que suspeitam que o Irã busca desenvolver armas nucleares.

Como de costume durante negociações, Catherine Ashton se limitou a enumerar nesta quarta-feira os temas discutidos: "o enriquecimento (de urânio), o reator de Arak, a cooperação nuclear civil e as sanções" -, sem outros detalhes.

"Sobre os quatro assuntos (reator de Arak, sanções, cooperação nuclear e enriquecimento de urânio), há sinais de um entendimento possível respeitando os direitos da nação iraniana", afirmou Zarif.

Abbas Araghchi, um dos negociadores do Irã em Viena, indicou que as duas partes fizeram propostas sobre a cooperação nuclear, principalmente sobre "os reatores de água leve, a medicina nuclear, os novos combustíveis, a busca e o desenvolvimento da tecnologia nuclear aplicada à agricultura".


Os pontos mais delicados se referem à prolongação do programa de enriquecimento de urânio e ao reator de água pesada de Arak, ainda em construção, que pode servir para fabricar uma bomba nuclear.

Segundo Aragchi, as discussões concentram-se na definição das "necessidades práticas" do Irã, em vista de um acordo sobre "o tamanho e a dimensão do enriquecimento".

Quanto ao reator de Arak, está fora de questão para o Irã renunciar a seu uso.

"O Irã faz e continuará a fazer parte dos países que dominam a tecnologia nuclear, incluindo o enriquecimento de urânio. Ninguém deve duvidar. Alguns países e os americanos podem dizer o que quiserem", garantiu nesta quarta-feira o presidente iraniano Hassan Rohani durante o Conselho de Ministros.

Nenhuma garantia de sucesso

Após discussões técnicas e complexas e posições ainda muito divergentes, cada parte está convencida de que o sucesso das negociações não está garantido.

Ainda assim, a Rússia e os ocidentais parecem ter deixado de lado as tensões que envolvem a crise na Crimeia para preservas sua unidade ante o Irã.

Segundo Abbas Araqchi, as discussões em Viena não foram afetadas pela crise na Ucrânia, que opõe a Rússia e as potências ocidentais.

"As delegações russa e ocidental insistiram em não abordar o tema, mas é normal que esta crise esteja presente nas negociações", explicou citado pela agência Isna.

Ainda assim, o processo tem sofrido outras pressões políticas.

Na terça-feira em Washington, 83 senadores de um total de 100 escreveram ao presidente Barack Obama para expressar suas condições a qualquer acordo definitivo sobre a questão nuclear iraniana.

Eles argumentam que o Irã "não tem nenhum direito inerente ao enriquecimento de urânio em virtude do Tratado de não proliferação nuclear".

A próxima rodada de negociações acontecerá entre os dias 7 e 9 de abril, também em Viena.

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Viena - As grandes potências e o Irã comemoram nesta quarta-feira as recentes discussões em Viena sobre o programa nuclear de Teerã, um trabalho lento, que avança apesar da crise na Ucrânia .

"Tivemos discussões substanciais e úteis", assegurou à imprensa a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, à margem da reunião.

Ashton, que conduz as negociações em nome das grandes potências do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), falou à imprensa ao lado de Mohammad Javad Zarif, o ministro iraniano das Relações Exteriores.

Em novembro, as duas partes concluíram um primeiro acordo de seis meses, que entrou em vigor em janeiro e levou ao levantamento de algumas sanções ocidentais em troca da paralisação de determinadas atividades nucleares sensíveis.

Mohammad Javad Zarif declarou, por sua vez, que vê "sinais" de um acordo final com as grandes potências, segundo a agência de notícias Fars.

Os negociadores de ambas as partes tentam transformar o acordo provisório alcançado em novembro em um pacto definitivo - antes de 20 de julho - que suprimiria todas as sanções ocidentais. Em troca, o Irã teria que dar garantias sobre a natureza pacífica de seu programa nuclear, o qual os ocidentais suspeitam que tem objetivos militares.

Em jogo está o fim de uma década de confronto entre o Irã, que defende o seu direito nuclear para fins civis, e as grandes potências, que suspeitam que o Irã busca desenvolver armas nucleares.

Como de costume durante negociações, Catherine Ashton se limitou a enumerar nesta quarta-feira os temas discutidos: "o enriquecimento (de urânio), o reator de Arak, a cooperação nuclear civil e as sanções" -, sem outros detalhes.

"Sobre os quatro assuntos (reator de Arak, sanções, cooperação nuclear e enriquecimento de urânio), há sinais de um entendimento possível respeitando os direitos da nação iraniana", afirmou Zarif.

Abbas Araghchi, um dos negociadores do Irã em Viena, indicou que as duas partes fizeram propostas sobre a cooperação nuclear, principalmente sobre "os reatores de água leve, a medicina nuclear, os novos combustíveis, a busca e o desenvolvimento da tecnologia nuclear aplicada à agricultura".


Os pontos mais delicados se referem à prolongação do programa de enriquecimento de urânio e ao reator de água pesada de Arak, ainda em construção, que pode servir para fabricar uma bomba nuclear.

Segundo Aragchi, as discussões concentram-se na definição das "necessidades práticas" do Irã, em vista de um acordo sobre "o tamanho e a dimensão do enriquecimento".

Quanto ao reator de Arak, está fora de questão para o Irã renunciar a seu uso.

"O Irã faz e continuará a fazer parte dos países que dominam a tecnologia nuclear, incluindo o enriquecimento de urânio. Ninguém deve duvidar. Alguns países e os americanos podem dizer o que quiserem", garantiu nesta quarta-feira o presidente iraniano Hassan Rohani durante o Conselho de Ministros.

Nenhuma garantia de sucesso

Após discussões técnicas e complexas e posições ainda muito divergentes, cada parte está convencida de que o sucesso das negociações não está garantido.

Ainda assim, a Rússia e os ocidentais parecem ter deixado de lado as tensões que envolvem a crise na Crimeia para preservas sua unidade ante o Irã.

Segundo Abbas Araqchi, as discussões em Viena não foram afetadas pela crise na Ucrânia, que opõe a Rússia e as potências ocidentais.

"As delegações russa e ocidental insistiram em não abordar o tema, mas é normal que esta crise esteja presente nas negociações", explicou citado pela agência Isna.

Ainda assim, o processo tem sofrido outras pressões políticas.

Na terça-feira em Washington, 83 senadores de um total de 100 escreveram ao presidente Barack Obama para expressar suas condições a qualquer acordo definitivo sobre a questão nuclear iraniana.

Eles argumentam que o Irã "não tem nenhum direito inerente ao enriquecimento de urânio em virtude do Tratado de não proliferação nuclear".

A próxima rodada de negociações acontecerá entre os dias 7 e 9 de abril, também em Viena.

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