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Diálogo de paz colombiano recomeça nesta quarta

A delegação das Farc disse que o governo de Juan Manuel Santos demonstrou uma "incongruência política" ao rejeitar o cessar-fogo de dois meses declarado pelos rebeldes

Delegados das Farc participam das negociações de paz em Havana: o grupo rebelde conta agora com 9.200 combatentes, concentrados nas áreas rurais do país (©AFP / Adalberto Roque)

Delegados das Farc participam das negociações de paz em Havana: o grupo rebelde conta agora com 9.200 combatentes, concentrados nas áreas rurais do país (©AFP / Adalberto Roque)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 17h33.

Havana - O governo da Colômbia e as Farc retomarão, em meio a novas tensões, suas negociações de paz nesta quarta-feira, em Havana, após um recesso de cinco dias, em que autoridades aumentaram a pressão sobre os rebeldes com declarações e ações militares.

A delegação da guerrilha, liderada por seu número dois Iván Márquez, disse nesta terça-feira que o governo de Juan Manuel Santos demonstrou uma "incongruência política" ao rejeitar o cessar-fogo de dois meses declarado pelos rebeldes no começo do diálogo, no dia 19 de novembro.

"Sua resposta ao gesto das Farc é bélica", declarou Andrés París, um dos negociadores do grupo, em uma entrevista concedida à agência cubana Prensa Latina.

París afirmou que os delegados do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) atestaram que as colunas das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) estão respeitando o cessar-fogo, apesar de admitir que houve "pequenos incidentes sem importância alguma".

París também saudou a disposição do Exército de Libertação Nacional (ELN) em se unir ao processo de paz.

"Saudamos o pronunciamento do comandante Gabino (Nicolás Rodríguez) do ELN, que expressa novamente sua disposição em participar do processo conosco", disse.


Os delegados do governo, encabeçados por Humberto de la Calle, chegarão nesta terça-feira à noite à Havana para participar desta segunda rodada de negociações, que será destinada - como na primeira - ao tema da terra. Os negociadores das Farc permaneceram em Cuba durante o recesso.

Durante a pausa, o governo colombiano aumentou a pressão sobre o movimento ao fixar um prazo máximo de um ano para que um acordo de paz seja alcançado, e lançou um ataque militar no Departamento de Nariño (sudoeste), próximo à fronteira com o Equador, no qual morreram cerca de vinte guerrilheiros no sábado.

A guerrilha se reuniu domingo em Havana com delegados do CICV, a quem pediu ajuda para repatriar os corpos combatentes mortos no Equador em 2008, em um ataque que casou a morte do líder rebelde Raúl Reyes, e para oferecer cuidados médicos aos guerrilheiros nas prisões colombianas.

Tanto o governo como a guerrilha concordaram que houve avanços na primeira rodada de negociações, de 19 a 29 de novembro.

Santos escreveu na segunda-feira em sua conta no Twitter que o primeiro encontro foi positivo, mas manteve a pressão sobre a guerrilha, com palavras e ações militares.

Santos declarou domingo que as negociações de paz devem ser concluídas no máximo em novembro de 2013, um ano depois de terem começado.


Na primeira rodada, ambas as partes concordaram em criar "o site da Mesa de Negociações para facilitar a divulgação dos comunicados conjuntos e demais informações provenientes da Mesa, assim como abrir espaço de participação virtual estabelecido pelo Acordo".

O site (www.mesadeconversaciones.com.co) irá ao ar no dia 7 de dezembro.

As partes também concordaram em convocar um fórum sobre o desenvolvimento agrário, de 17 a 19 de dezembro em Bogotá. O tema da terra, primeiro ponto da agenda, foi o estopim da rebelião camponesa que deu origem às FARC em 1964.

A agenda das negociações inclui outros quatro pontos: drogas ilícitas, participação política, abandono das armas e indenização das vítimas.

O conflito colombiano, o mais antigo da América Latina, causou 600.000 mortes, 15.000 desaparecimentos e deixou quatro milhões de desalojados, segundo cifras oficiais. O grupo rebelde conta agora com 9.200 combatentes, concentrados nas áreas rurais do país.

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