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Detenção de jovens por dança reflete contradições no Irã

Polícia de Teerã localizou o grupo e anunciou sua detenção pelo fato de terem "ofendido a castidade do povo", antes de liberá-los após o pagamento de fiança

O cantor americano Pharrell Williams, da música Happy: nas redes sociais, muitos iranianos protestaram e alguns se perguntavam se "ser feliz no Irã é um crime" (AFP/Arquivos)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 18h29.

A breve detenção no Irã de jovens que dançavam ao som da música "Happy", um sucesso do americano Pharrell Williams, ilustra a contradição entre parte da juventude iraniana e um regime que afirma se defender da "guerra cultural" do ocidente.

Em abril, um grupo de três homens e três mulheres postou na internet a sua versão de "Happy", a exemplo de vários internautas de outras partes do mundo.

No vídeo , eles dançam em um apartamento, na rua e sobre vários terraços da capital, Teerã. As jovens não usam o véu, peça de roupa obrigatória no país.

A Polícia de Teerã localizou o grupo e anunciou sua detenção na terça-feira pelo fato de terem "ofendido a castidade do povo", antes de liberá-los após o pagamento de fiança.

Nas redes sociais, muitos iranianos protestaram e alguns se perguntavam se "ser feliz no Irã é um crime".

O próprio Williams criticou as detenções, afirmando que "é mais do que triste que esses garotos tenham sido detidos por tentarem espalhar a felicidade".

O tema das liberdades públicas está no centro dos debates desde a chegada de Hassan Rohani à Presidência, em junho de 2013, em um país onde as autoridades vasculham a internet e bloqueiam com frequência o acesso a redes sociais.

No entanto, o Irã, que conta com mais de 30 milhões de usuários da internet, é um dos países do Oriente Médio com maior número de pessoas conectadas.

Além disso, mais de 55% da população (77 milhões de habitantes) tem menos de 30 anos.

Em março, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, advertiu que uma possível "invasão" de valores culturais do ocidente ameaça a República Islâmica.

Já Rohani afirmou na semana passada que a internet deve ser "uma oportunidade para facilitar a comunicação, melhorar a eficácia e criar empregos".

Sua conta no Twitter, provavelmente administrada por um assessor próximo, também enviou uma mensagem de apoio aos jovens fãs de Pharrell Williams.

"A felicidade é um direito de nosso povo. Não deveríamos ser tão severos diante de condutas provocadas pela alegria", indica a conta, que retoma declarações de Rohani pouco depois de sua eleição à Presidência.

Em outras oportunidades, as autoridades deram mostras de alguma indulgência com condutas que a República Islâmica poderia punir em outras épocas.

Em junho de 2013, a polícia não impediu que milhões de iranianos saíssem as ruas, dançando e cantando durante horas para festejar a classificação da equipe nacional para a Copa do Mundo do Brasil.

Naquele momento, Khamenei também agradeceu à seleção de futebol por dar "felicidade" aos iranianos.

De acordo com um diplomata ocidental radicado em Teerã que pediu para não ser identificado, a rápida detenção dos jovens que dançavam no vídeo é uma mensagem de compreensão para a juventude.

"O regime mostra que é capaz de entender a juventude que precisa mostrar alegria", considerou. Dessa forma, protege os valores da República Islâmica, sem ser um Estado policial, afirmou.

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A breve detenção no Irã de jovens que dançavam ao som da música "Happy", um sucesso do americano Pharrell Williams, ilustra a contradição entre parte da juventude iraniana e um regime que afirma se defender da "guerra cultural" do ocidente.

Em abril, um grupo de três homens e três mulheres postou na internet a sua versão de "Happy", a exemplo de vários internautas de outras partes do mundo.

No vídeo , eles dançam em um apartamento, na rua e sobre vários terraços da capital, Teerã. As jovens não usam o véu, peça de roupa obrigatória no país.

A Polícia de Teerã localizou o grupo e anunciou sua detenção na terça-feira pelo fato de terem "ofendido a castidade do povo", antes de liberá-los após o pagamento de fiança.

Nas redes sociais, muitos iranianos protestaram e alguns se perguntavam se "ser feliz no Irã é um crime".

O próprio Williams criticou as detenções, afirmando que "é mais do que triste que esses garotos tenham sido detidos por tentarem espalhar a felicidade".

O tema das liberdades públicas está no centro dos debates desde a chegada de Hassan Rohani à Presidência, em junho de 2013, em um país onde as autoridades vasculham a internet e bloqueiam com frequência o acesso a redes sociais.

No entanto, o Irã, que conta com mais de 30 milhões de usuários da internet, é um dos países do Oriente Médio com maior número de pessoas conectadas.

Além disso, mais de 55% da população (77 milhões de habitantes) tem menos de 30 anos.

Em março, o guia supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, advertiu que uma possível "invasão" de valores culturais do ocidente ameaça a República Islâmica.

Já Rohani afirmou na semana passada que a internet deve ser "uma oportunidade para facilitar a comunicação, melhorar a eficácia e criar empregos".

Sua conta no Twitter, provavelmente administrada por um assessor próximo, também enviou uma mensagem de apoio aos jovens fãs de Pharrell Williams.

"A felicidade é um direito de nosso povo. Não deveríamos ser tão severos diante de condutas provocadas pela alegria", indica a conta, que retoma declarações de Rohani pouco depois de sua eleição à Presidência.

Em outras oportunidades, as autoridades deram mostras de alguma indulgência com condutas que a República Islâmica poderia punir em outras épocas.

Em junho de 2013, a polícia não impediu que milhões de iranianos saíssem as ruas, dançando e cantando durante horas para festejar a classificação da equipe nacional para a Copa do Mundo do Brasil.

Naquele momento, Khamenei também agradeceu à seleção de futebol por dar "felicidade" aos iranianos.

De acordo com um diplomata ocidental radicado em Teerã que pediu para não ser identificado, a rápida detenção dos jovens que dançavam no vídeo é uma mensagem de compreensão para a juventude.

"O regime mostra que é capaz de entender a juventude que precisa mostrar alegria", considerou. Dessa forma, protege os valores da República Islâmica, sem ser um Estado policial, afirmou.

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