Depois de 5 anos do último surto, Guiné tem novos casos de Ebola
O chefe da agência de saúde da Guiné confirmou que pelo menos três pessoas morreram no país devido a uma nova "situação de epidemia"
AFP
Publicado em 14 de fevereiro de 2021 às 12h08.
Ao menos três pessoas morreram na Guiné devido a uma nova "situação de epidemia" de febre hemorrágica do Ebola , cinco anos depois do fim do surto anterior, informou neste domingo, 14, o chefe da agência de saúde da Guiné , Sakoba Keita.
"Muito cedo nesta manhã, o laboratório de Conakry confirmou a presença do vírus do Ebola", disse Keita depois de uma reunião emergencial em Conakry, que contabilizou sete casos, três deles mortais.
O ministro da Saúde Rémy Lamah mencionou no sábado à noite um número de quatro mortos.
Este é o primeiro ressurgimento registrado da doença na África Ocidental, onde começou o pior surto na história do vírus, que matou mais de 11.300 pessoas entre 2013 e 2016.
Após uma reunião de emergência em Conakry, Keita, que lidera a Agência Nacional de Segurança Sanitária (ANSS), explicou à imprensa que uma pessoa morreu no final de janeiro em Gouecké, perto da fronteira com a Libéria.
"Seu funeral aconteceu em Gouecké em 1o de fevereiro e algumas pessoas que participaram deste funeral começaram a ter sintomas de diarreia, vômito, sangramentos e febre alguns dias depois", disse o titular do órgão de saúde.
As primeiras amostras analisadas por um laboratório instalado pela União Europea em Guéckédou, na região, revelaram a presença do vírus do Ebola em algumas delas na sexta-feira, disse.
"Isso coloca a Guiné em uma situação de epidemia de Ebola", concluiu o médico.
OMS envia ajuda
A Organização Mundial da Saúde (OMS) enviará "rapidamente" auxílio, entre eles doses de vacinas, para ajudar a Guiné a enfrentar o ressurgimento da epidemia de febre hemorrágica de Ebola, informou neste domingo o representante da agência da ONU.
"Vamos enviar rapidamente as capacidades necessárias para apoiar a Guiné, que já tem muita experiência", declarou à imprensa o professor Alfred George Ki-Zerbo, no fim de uma reunião com as autoridades de saúde da Guiné.
"O arsenal é hoje em dia muito maior e temos que aproveitá-lo para conseguir conter esta situação o mais rápido possível", acrescentou.
"A OMS está em alerta em todos os níveis: na sede e na relação com o fabricante (de vacinas), para que as doses necessárias sejam disponibilizadas o quanto antes para ajudar", continuou o professor.
O vírus do Ebola, que provoca febre alta, dor de cabeça, vômitos e diarreia, foi identificado pela primeira vez em Zaire, atual República Democrática do Congo, em 1976.
No momento, existem duas vacinas experimentais, mas não há nenhum tratamento capaz de curar o vírus, que já provocou o terror várias vezes na África.
O desenvolvimento de vacinas contra o vírus do Ebola se acelerou depois da pior epidemia desta doença, particularmente fatal, que começou em dezembro de 2013 na Guiné e se propagou para a Libéria e Serra Leoa, mas acabou alcançando um total de dez países com casos na Espanha e Estados Unidos.