Deixem o canal': panamenhos protestam contra Trump em frente à embaixada dos EUA
Eles também carregavam faixas com os dizeres “Donald Trump, inimigo público do Panamá”
Agência de notícias
Publicado em 24 de dezembro de 2024 às 17h32.
Uma centena de manifestantes se reuniu, nesta terça-feira, 24, em frente à embaixada dos EUA no Panamá para repudiar a ameaça de Donald Trump de retomar o canal interoceânico se o preço dos pedágios para os navios americanos não for reduzido.
“Trump, seu animal, deixe o canal”, gritavam os manifestantes, que queimaram um retrato do republicano e da embaixadora dos EUA no Panamá, Mari Carmen Aponte.
“Quem vende o canal, vende sua mãe”, "fora gringo invasor" e "um território, uma bandeira" foram outros slogans entoados pelos manifestantes nos atos organizados pelo sindicato dos trabalhadores da construção civil e outros grupos de esquerda.
Eles também carregavam faixas com os dizeres “Donald Trump, inimigo público do Panamá”.
O Canal do Panamá, construído pelos Estados Unidos e inaugurado em 1914, passou para as mãos do país centro-americano em 31 de dezembro de 1999, de acordo com os tratados assinados em 1977 pelo então presidente dos EUA Jimmy Carter e pelo líder nacionalista panamenho Omar Torrijos.
“O Panamá é um território soberano, há um canal aqui e ele é panamenho. Donald Trump e seu delírio imperial não podem reivindicar um único centímetro de terra no Panamá”, declarou o líder do sindicato da construção, Saúl Méndez.
O protesto ocorreu sem incidentes em frente à embaixada, protegida por cerca de 20 policiais.
Os manifestantes usaram um caminhão com amplificadores de som para transmitir seus slogans para a embaixada, localizada em Clayton, o antigo local de uma base militar dos EUA nos arredores da Cidade do Panamá.
“O povo (panamenho) mostrou que é capaz de recuperar seu território e não abriremos mão dele novamente”, disse o manifestante Jorge Guzmán à AFP.
Trump ameaçou no sábado retomar o controle do canal, que liga os oceanos Atlântico e Pacífico, se os pedágios para os navios dos EUA não forem reduzidos.
A tarifa paga pelos navios é determinada por sua capacidade e pelo tipo de carga que transportam, e não pelo país de origem.
Além disso, Trump acusou a China de estar por trás das operações dessa passagem, que é administrada pela Autoridade do Canal do Panamá, um órgão público e autônomo.
Se o Panamá não puder garantir uma “operação segura, eficiente e confiável” do canal, “então exigiremos que o Canal do Panamá nos seja devolvido por completo e sem questionamentos”, disse Trump.
Em resposta ao republicano, o presidente do Panamá, José Raúl Mulino, disse na terça-feira, em uma declaração assinada por três ex-líderes panamenhos, que “a soberania de nosso país e nosso canal não são negociáveis.