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Cuba aposta em criar primeira vacina da América Latina contra a covid-19

Os cientistas cubanos trabalham em quatro vacinas: três primeiras administradas com uma injeção e a quarta com um spray nasal

Vacinas; vacina covid-19; vacina coronavírus (Paul Biris/Getty Images)
FS

Fabiane Stefano

Publicado em 21 de janeiro de 2021 às 13h00.

Última atualização em 21 de janeiro de 2021 às 15h00.

É uma aposta que pode parecer loucura, mas os experientes pesquisadores cubanos focaram na tarefa de desenvolver a primeira vacina contra o coronavírus concebida e produzida na América Latina. O país é um dos menos afetados da região pela pandemia, com 19.122 casos registrados e 180 mortes, entre uma população de 11,2 milhões de habitantes - pouco menor que a da capital paulistana, onde a covid-19 já matou quase 17 mil pessoas.

"Temos a capacidade para fabricar 100 milhões de doses" em 2021 da Soberana 2, o projeto de vacina mais avançado, afirmou na quarta-feira o doutor Vicente Vérez, diretor do instituto de vacinas Finlay. "Se tudo correr bem, este ano teremos toda a população vacinada".

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A Soberana 2 passou na segunda-feira para a fase II b, com a colaboração de 900 voluntários. Se for bem-sucedida, entrará na fase III (a última antes da aprovação), com 150.000 voluntários em março. O objetivo é lançar a campanha de vacinação no primeiro semestre. Para os cubanos, a vacina seria gratuita e não obrigatória. Também seria uma "opção" para os turistas, disse Vérez.

Em um país onde um quarto do orçamento é destinado à saúde e os médicos são vistos como heróis, participar dos ensaios se tornou um dever cívico.

Os cientistas cubanos trabalham em quatro vacinas: Soberana 1 e 2, Abdala (chamada assim por um poema dramático do herói nacional José Martí) e Mambisa (nome das mulheres cubanas durante a luta pela independência no século XIX). As três primeiras são administradas com uma injeção e a quarta com um spray nasal.

30 anos de experiência

Cuba "foi a primeira candidata da América Latina e do Caribe a colocar sua vacina em fase clínica", destaca José Moya, representante local da Organização Mundial da Saúde (OMS), e se diz "otimista".  O motivo de seu otimismo é porque "Cuba tem mais de 30 anos de experiência em produzir suas próprias vacinas. Quase 80% das vacinas do programa nacional de imunização de Cuba são produzidas no país".

Sob um embargo dos Estados Unidos imposto desde 1962, a ilha teve que buscar seus próprios remédios. Na década de 1980, apostou na biotecnologia, descobrindo a primeira vacina contra o meningococo B, conta Nils Graber, pesquisador de antropologia da saúde da Universidade de Lausanne (Suíça).

A exportação dos serviços médicos - medicamentos, vacinas e equipe médica - é atualmente a principal fonte de renda de Cuba, com 6,3 bilhões de dólares em 2018. Em 2020, a ilha enviou equipes médicas para 40 países para o combate ao coronavírus. O envio de seus médicos ao exterior e a fabricação de sua própria vacina "também é uma política que aumenta o prestígio do país", observa o pesquisador.

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