Crise de zika na América Latina aumenta temor na Ásia
Há o receio de que o zika possa se espalhar para além da América Latina
Da Redação
Publicado em 5 de fevereiro de 2016 às 19h56.
A Organização Mundial de Saúde classificou o zika , o vírus carregado por um mosquito pela América Latina – e sua possível associação com imperfeições no nascimento – como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.
Há o receio de que o zika possa se espalhar para mais longe.
No Brasil, o vírus pode ser ligado a mais de três mil casos suspeitos de microcefalia, uma condição que faz com que os bebês nasçam com cabeças de tamanhos anormais e potencial desenvolvimento de problemas.
Embora a Ásia não tenha reportado nenhum surto significativo, a região viu esporadicamente alguns casos de zika em anos passados. E a grande prevalência do mosquito Aedes, o transmissor principal do zika, em climas tropicais, coloca os países asiáticos em risco se viajantes levarem o mosquito. Isto é o que os especialistas estão dizendo:
Os países asiáticos deveriam se preocupar com o zika?
O zika tem estado nessa região por pelo menos 60 anos e foram documentados casos na Indonésia, Tailândia e Filipinas, diz Duane Gubler, professor na Duke-NUS Graduate Medical School, em Cingapura, que diz que o mosquito infectou humanos esporadicamente na região por anos, mas foi diagnosticado erroneamente como dengue.
Os cientistas concordam que todos os países com o vírus da dengue, que é carregado pelo mesmo mosquito, são vulneráveis. Há uma alta possibilidade de viajantes individuais da América Latina entrarem com o vírus. Ben Cowling, professor na escola de saúde pública da Universidade de Hong Kong, diz ser inevitável para a região ter casos importados, mas não é claro que eles resultarão em uma transmissão local continuada.
Para partes da Ásia, a esperança é de que o clima de inverno irá – pelo menos por enquanto – ajudar a segurar a propagação do vírus. O ministro a Saúde da China disse na semana passada que acredita ser improvável ver uma epidemia no país porque existem menos mosquitos devido ao frio.
Quão rápido o zika poderia se propagar por meio de viajantes chegando na Ásia?
É difícil dizer, mas se presumirmos que o vírus é propagado principalmente por mosquitos, ele não deve se espalhar tão rápido quanto a influenza (gripe H1N1), por exemplo, diz Raina MacIntyre, diretora da escola de saúde pública e medicina comunitária na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.
Os dados sobre o padrão da epidemia ainda não estão disponíveis publicamente, então é difícil julgar nesse estágio, diz ela, acrescentando que o potencial para qualquer transmissão de humano para humano será analisada de perto. (Os Estados Unidos nesta semana tiveram um possível caso de transmissão sexual do vírus.)
Embora os casos individuais possam ser motivo de preocupação, é bom lembrar que com um caso isoladamente não seria fácil acontecer um surto, diz Sanjaya Senanayake, médico de doenças contagiosas na Escola de Medicina da Universidade Nacional Australiana. Teria que haver uma “perfeita tempestade”, diz ele, com uma pessoa infectada que tem o vírus em seu sangue sendo picada por um mosquito Aedes e então transmitindo-o para outra pessoa. Mas, quando há muitos casos, os riscos, claramente, aumentam.
Pode ter havido pequenos surtos na Ásia e uma proporção da população pode ser imune ao vírus, disse Senanayake
Podemos ver surgir casos de microcefalia na Ásia?
A maior parte das pessoas com zika só têm febre moderada e erupções na pele e o maior risco aparece em mulheres grávidas.
Dados os casos suspeitos de microcefalia no Brasil, os pesquisadores estão estudando uma potencial ligação entre o vírus zika em mulheres grávidas e a condição de seus bebês. Muito permanece incerto sobre a propagação do vírus pelo Brasil e ainda é preciso ser confirmado como razão dos casos de microcefalia. Então, surgimentos em outras partes do mundo são incertos.
É possível que o vírus tenha se modificado, segundo MacIntyre. Também é possível que a grande exposição a outros flavivirus – uma família de vírus que inclui a dengue – possa dar algum grau de proteção à população na Ásia, diz ela.
Que efeitos econômicos a Ásia pode experimentar em um surto?
Se um ponto de turismo for atingido, os visitantes reconsiderarão os planos de viagem, o que prejudicará os negócios de companhias aéreas e hotéis. A indústria global de turismo também está sentindo os efeitos prévios do vírus na América Latina.
A Organização Mundial de Saúde classificou o zika , o vírus carregado por um mosquito pela América Latina – e sua possível associação com imperfeições no nascimento – como uma emergência de saúde pública de preocupação internacional.
Há o receio de que o zika possa se espalhar para mais longe.
No Brasil, o vírus pode ser ligado a mais de três mil casos suspeitos de microcefalia, uma condição que faz com que os bebês nasçam com cabeças de tamanhos anormais e potencial desenvolvimento de problemas.
Embora a Ásia não tenha reportado nenhum surto significativo, a região viu esporadicamente alguns casos de zika em anos passados. E a grande prevalência do mosquito Aedes, o transmissor principal do zika, em climas tropicais, coloca os países asiáticos em risco se viajantes levarem o mosquito. Isto é o que os especialistas estão dizendo:
Os países asiáticos deveriam se preocupar com o zika?
O zika tem estado nessa região por pelo menos 60 anos e foram documentados casos na Indonésia, Tailândia e Filipinas, diz Duane Gubler, professor na Duke-NUS Graduate Medical School, em Cingapura, que diz que o mosquito infectou humanos esporadicamente na região por anos, mas foi diagnosticado erroneamente como dengue.
Os cientistas concordam que todos os países com o vírus da dengue, que é carregado pelo mesmo mosquito, são vulneráveis. Há uma alta possibilidade de viajantes individuais da América Latina entrarem com o vírus. Ben Cowling, professor na escola de saúde pública da Universidade de Hong Kong, diz ser inevitável para a região ter casos importados, mas não é claro que eles resultarão em uma transmissão local continuada.
Para partes da Ásia, a esperança é de que o clima de inverno irá – pelo menos por enquanto – ajudar a segurar a propagação do vírus. O ministro a Saúde da China disse na semana passada que acredita ser improvável ver uma epidemia no país porque existem menos mosquitos devido ao frio.
Quão rápido o zika poderia se propagar por meio de viajantes chegando na Ásia?
É difícil dizer, mas se presumirmos que o vírus é propagado principalmente por mosquitos, ele não deve se espalhar tão rápido quanto a influenza (gripe H1N1), por exemplo, diz Raina MacIntyre, diretora da escola de saúde pública e medicina comunitária na Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália.
Os dados sobre o padrão da epidemia ainda não estão disponíveis publicamente, então é difícil julgar nesse estágio, diz ela, acrescentando que o potencial para qualquer transmissão de humano para humano será analisada de perto. (Os Estados Unidos nesta semana tiveram um possível caso de transmissão sexual do vírus.)
Embora os casos individuais possam ser motivo de preocupação, é bom lembrar que com um caso isoladamente não seria fácil acontecer um surto, diz Sanjaya Senanayake, médico de doenças contagiosas na Escola de Medicina da Universidade Nacional Australiana. Teria que haver uma “perfeita tempestade”, diz ele, com uma pessoa infectada que tem o vírus em seu sangue sendo picada por um mosquito Aedes e então transmitindo-o para outra pessoa. Mas, quando há muitos casos, os riscos, claramente, aumentam.
Pode ter havido pequenos surtos na Ásia e uma proporção da população pode ser imune ao vírus, disse Senanayake
Podemos ver surgir casos de microcefalia na Ásia?
A maior parte das pessoas com zika só têm febre moderada e erupções na pele e o maior risco aparece em mulheres grávidas.
Dados os casos suspeitos de microcefalia no Brasil, os pesquisadores estão estudando uma potencial ligação entre o vírus zika em mulheres grávidas e a condição de seus bebês. Muito permanece incerto sobre a propagação do vírus pelo Brasil e ainda é preciso ser confirmado como razão dos casos de microcefalia. Então, surgimentos em outras partes do mundo são incertos.
É possível que o vírus tenha se modificado, segundo MacIntyre. Também é possível que a grande exposição a outros flavivirus – uma família de vírus que inclui a dengue – possa dar algum grau de proteção à população na Ásia, diz ela.
Que efeitos econômicos a Ásia pode experimentar em um surto?
Se um ponto de turismo for atingido, os visitantes reconsiderarão os planos de viagem, o que prejudicará os negócios de companhias aéreas e hotéis. A indústria global de turismo também está sentindo os efeitos prévios do vírus na América Latina.