Corte internacional condena ex-líder militar congolês por crimes de guerra
Bosco Ntaganda foi considerado culpado em 18 acusações, como assassinato, estupro e alistamento de crianças-soldado
Reuters
Publicado em 8 de julho de 2019 às 15h35.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2020 às 21h34.
Haia — Juízes do Tribunal Penal Internacional (TPI) condenaram nesta segunda-feira o ex-líder militar congolês Bosco Ntaganda por atrocidades como assassinato, estupro e alistamento de crianças-soldado.
Ntaganda, de 45 anos, foi considerado culpado de atos cometidos quando era chefe de operações militares da milícia União de Patriotas Congoleses (UPC) na República Democrática do Congo em 2002-2003.
A condenação é um sucesso raro dos procuradores do TPI, uma corte internacional criada em 2002 para processar crimes de guerra e crimes contra a humanidade quando países-membros são incapazes ou não estão dispostos a fazê-lo.
A pena de Ntaganda será determinada em uma audiência posterior.
"A câmara... tendo ouvido todas as provas mencionadas pelas partes, o considera, no tocante à acusação um, assassinato como crime contra a humanidade, culpado", disse o juiz Robert Fremr ao ler um sumário do veredicto.
Depois a corte o considerou culpado de todas as 18 acusações.
Seus advogados argumentaram que Ntaganda tentou manter a ordem entre os soldados, punindo aqueles que violaram as regras de combate.
Ntaganda, que vestia um terno azul-escuro, não mostrou nenhuma emoção quando o veredicto foi lido. Ele tem 30 dias para apelar.
No conflito do Congo, o UPC de Ntaganda, dominado pela clã hema, tentou expulsar o povo rival lendu da região de Ituri, rica em minerais. Centenas de civis foram mortos e muitos milhares foram obrigados a fugir.