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Contreras nega torturas e desaparecidos na era Pinochet

Contreras é o ex-chefe da temida polícia política que operou nos primeiros cinco anos da ditadura chilena


	Manuel Contreras (E) e Pedro Espinoza, acusados de crimes durante a ditadura de Pinochet: Contreras é apontada como a responsável pela maior parte das 3.200 vítimas
 (Cris Bouroncle/AFP)

Manuel Contreras (E) e Pedro Espinoza, acusados de crimes durante a ditadura de Pinochet: Contreras é apontada como a responsável pela maior parte das 3.200 vítimas (Cris Bouroncle/AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de setembro de 2013 às 08h08.

Santiago - Manuel Contreras, o ex-chefe da temida polícia política que operou nos primeiros cinco anos da ditadura de Augusto Pinochet, a DINA, negou nesta terça-feira a tortura ou o desaparecimento de presos.

Em entrevista à CNN Chile a partir da prisão militar onde cumpre quase 400 anos de pena por desaparecimentos, execuções e torturas quando comandava a polícia política, Contreras afirmou que "nos quartéis da DINA nunca se torturou ninguém".

"Não se utilizavam (torturas), não estavam autorizadas, ninguém podia fazê-lo”, afirmou Contreras na véspera do 40º aniversário do golpe militar que derrubou o governo socialista de Salvador Allende, em 11 de setembro de 1973.

"Os detidos eram mantidos nos quartéis por cinco dias e os métodos de interrogatório, normais".

Contreras liderou entre 1973 e 1978 a Direção Nacional de Inteligência (DINA), apontada como a responsável pela maior parte das 3.200 vítimas - entre mortos e desaparecidos - e das torturas contra 38 mil cidadãos durante a ditadura.

Coronel do Exército chileno, Contreras se reunia diariamente com Pinochet quando presidia a DINA.

"Todos os mortos pela DINA caíram em combate. Não dei ordens para fazer desaparecer ninguém. Quem morria em combate era levado ao Serviço Médico Legal", que depois enterrava os corpos em fossas comuns no Cemitério Geral de Santiago.

Contreras, detido desde 2005, também negou a responsabilidade da DINA na morte do general Carlos Prats e de sua mulher em Buenos Aires, em 1974, e do ex-chanceler Orlando Letelier, em Washington, no dia 21 de setembro de 1976.


Pelo assassinato de Letelier, a Suprema Corte condenou Contreras a sete anos de prisão, em novembro de 1993.

"Orlando Letelier foi morto pela CIA (agencia central de inteligência dos Estados Unidos)", afirmou Contreras.

Sobre a presença da ex-presidente socialista e atual candidata, Michelle Bachelet, e de sua mãe na Vila Grimaldi, quartel de detenção, execução e tortura durante a ditadura, Contreras afirmou que "ela jamais esteve lá".

"Bachelet nunca esteve na Vila Grimaldi. Ela e a mãe estão mentindo", garantiu Contreras, negando também que o local tenha servido de centro de tortura, como estabeleceu a justiça baseada em milhares de testemunhos.

Segundo Contreras, a ordem para prender Bachelet e a sua mãe partiu diretamente do general Augusto Pinochet.

"A história da senhora Michelle Bachelet é outra coisa. Recebi a ordem do general Pinochet para deter a senhora Angela Jeria e sua filha, respondi que isto não me cabia e ele disse: estão metidas em um processo para assassinar quatro generais da Força Aérea (...), é uma ordem e você deve cumprir esta ordem.

"Uma patrulha minha as deteve e foram diretamente para a Academia de Guerra, onde ficava a direção de Inteligência da Força Aérea".

Nesta época, "a Força Aérea havia construído uma casa na parte próxima ao cerro San Cristóbal (no centro de Santiago), que estava desabitada e a utilizaram exatamente como a Vila Grimaldi, e as pessoas que eram levadas para este local eram informadas de que estavam na Vila Grimaldi, concluiu Contreras.

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