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Conter imigrantes europeus exige mudanças na UE, diz Cameron

O primeiro-ministro britânico anunciou medidas contra imigração da União Europeia e admitiu que irá exigir mudanças em tratados

David Cameron, primeiro-ministro britânico: ação pode provocar divergências entre países (Christian Hartmann/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 28 de novembro de 2014 às 13h02.

Londres -O primeiro-ministro britânico David Cameron anunciou nesta sexta-feira uma série de medidas contra a imigração na União Europeia (UE) e admitiu que seu projeto vai exigir mudanças nos tratados europeus, algo que pode levar a divergências entre os países.

"Sem dúvida, aplicar este pacote de medidas em seu conjunto exigirá mudanças nos tratados", disse Cameron, depois de anunciar que os europeus que não encontrarem emprego em seis meses terão de deixar o país e que, para conseguir o direito a ajudas sociais, deverão que ter trabalhado por pelo menos quatro anos.

Além disso, os imigrantes não poderão receber subsídios britânicos se retornaram a seu país.

No discurso, pronunciado em uma fábrica na região de Londres, o primeiro-ministro disse que não descarta nada no caso de os sócios não aceitarem suas demandas, uma ameaça velada de tentar retirar o Reino Unido da UE no referendo que pretende organizar sobre o tema em 2017 (caso vença as eleições).

"Se ignorarem nossas inquietações e não conseguirmos encaminhar nossa relação com a UE, certamente não descarto nada", disse.

A Comissão Europeia anunciou que pretende debater com calma e prudência o plano de Cameron.

"O diálogo começa hoje para abordar os temas, sem dramatização excessiva", disse o porta-voz Margaritis Schinias.

"A Comissão quer ver o que é possível fazer sem bater a porta".

"São ideias britânicas e fazem parte do debate", completou.

Cameron apresentou as medidas em um discurso um dia depois de ficar praticamente claro que não terá condições de cumprir a promessa eleitoral de controlar a imigração em seu primeiro mandato, que termina em maio, o que contribuiu para o avanço do partido anti-imigração UKIP.

A Espanha é um dos países que mais contribuiu para o avanço da imigração no Reino Unido, a nação país europeia com maior crescimento nos últimos meses.

Em 2013, a Espanha foi o segundo país a enviar mais imigrantes para o Reino Unido, atrás apenas da China, mas diante da Índia, Austrália e Polônia.

No total, a imigração líquida anual - imigrantes menos britânicos que deixam o país - aumentou em 260.000 pessoas nos 12 meses concluídos em junho de 2014.

Cameron havia prometido reduzir de maneira drástica os números da imigração.

A chanceler alemã Angela Merkel e o presidente francês François Hollande recordaram a Cameron em várias ocasiões que a livre circulação de pessoas é um dos princípios sagrados da UE.

Após vários dias de especulações, Cameron não anunciou nenhuma medida para impor cotas de imigrantes, como exige o Partido para a Independência do Reino Unido (UKIP) de Nigel Farage.

Farage respondeu ao discurso de Cameron com afirmação de que o primeiro-ministro deve pedir desculpas aos britânicos por ter falhado em suas promessas eleitorais, ao mesmo tempo que considerou as propostas não realistas.

"Cameron levou 10 anos como líder dos conservadores para perceber as coisas que disse hoje", disse Farage, eurodeputado e defensor ferrenho do Reino Unido.

As pesquisas apontam um forte avanço do UKIP nas eleições gerais de maio, o que abala consideravelmente a ala mais à direita do Partido Conservador.

Cameron fez referência ao partido de Farage no discurso ao chamar de "horrível" a sugestão de deportar imigrantes legais.

"O Reino Unido é melhor graças à imigração, não apesar dela", concluiu.

*Atualizada às 14h02 do dia 28/11/2014

São Paulo – A Letônia é o país que tem as piores condições para receber imigrantes , segundo o índice MIPEX, produzido em parceira entre o British Council e a organização europeia para políticas de imigração Migration Policy Group, revisado periodicamente. O ranking avaliou países europeus, o Canadá e os Estados Unidos. Recentemente, a pesquisa também incluiu o Japão (que ficou em 29º lugar do ranking) e a Austrália (que figurou em quinto lugar). Foram analisados 33 países no total e, por conta desta metodologia, nenhum país da América Latina apareceu no ranking. O estudo aplicou uma nota de até 100 para sete áreas principais: mobilidade no mercado de trabalho, possibilidade de reunir a família no país, educação, participação do imigrante na política, residência de longo prazo, acesso à nacionalidade e políticas contra discriminação. Nenhuma nação alcançou a nota máxima. Confira nas fotos ao lado e confira os piores países para ser imigrante segundo a classificação geral, além da nota em cada um dos critérios estudados.
  • 2. 33º) Letônia – 31 pontos

    2 /12(Wikimedia Commons)

  • Veja também

    Mobilidade no mercado de trabalho: 36
    Possibilidade de reunir a família: 46
    Residência de longo prazo: 59
    Políticas contra discriminação: 25
    Participação política: 18
    Acesso à nacionalidade: 15
    Educação: 17
  • 3. 32º) Chipre – 35 pontos

    3 /12(Getty Images)

  • Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 39
    Residência de longo prazo: 37
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 25
    Acesso à nacionalidade: 32
    Educação: 33
  • 4. 31º) Eslováquia – 36 pontos

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 21
    Possibilidade de reunir a família: 53
    Residência de longo prazo: 50
    Políticas contra discriminação: 59
    Participação política: 21
    Acesso à nacionalidade: 27
    Educação: 24
  • 5. 30º) Malta – 37 pontos

    5 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 43
    Possibilidade de reunir a família:
    48
    Residência de longo prazo:
    64
    Políticas contra discriminação:
    36
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    26
    Educação:
    16
  • 6. 29º) Japão – 38 pontos

    6 /12(Kiyoshi Ota/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 62
    Possibilidade de reunir a família:
    51
    Residência de longo prazo:
    58
    Políticas contra discriminação:
    14
    Participação política:
    27
    Acesso à nacionalidade:
    33
    Educação:
    19
  • 7. 28º) Lituânia – 40 pontos

    7 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 46
    Possibilidade de reunir a família:
    59
    Residência de longo prazo:
    57
    Políticas contra discriminação:
    55
    Participação política:
    25
    Acesso à nacionalidade:
    20
    Educação:
    17
  • 8. 27º) Bulgária – 41 pontos

    8 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 40
    Possibilidade de reunir a família: 51
    Residência de longo prazo: 57
    Políticas contra discriminação: 80
    Participação política: 17
    Acesso à nacionalidade: 24
    Educação: 15
  • 9. 26º) Polônia – 42 pontos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 48
    Possibilidade de reunir a família: 67
    Residência de longo prazo: 65
    Políticas contra discriminação: 36
    Participação política: 13
    Acesso à nacionalidade: 35
    Educação: 29
  • 10. 25º) Áustria – 42 pontos

    10 /12(Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 56
    Possibilidade de reunir a família: 41
    Residência de longo prazo: 58
    Políticas contra discriminação: 40
    Participação política: 33
    Acesso à nacionalidade: 22
    Educação: 44
  • 11. 24º) Suíça – 43 pontos

    11 /12(Mike Hewitt/Getty Images)

    Mobilidade no mercado de trabalho: 53
    Possibilidade de reunir a família: 40
    Residência de longo prazo: 41
    Políticas contra discriminação: 31
    Participação política: 59
    Acesso à nacionalidade: 36
    Educação: 45
  • 12. Agora veja a ponta contrária do ranking

    12 /12(Sean Gallup/Getty Images)

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