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Conservador francês pede perdão por escândalo de cargos fantasmas

François Fillon admitiu mais uma vez que foi um "erro" contratar sua esposa Penelope como assistente parlamentar

Fillon: candidato conservador afirmou que espera ser inocentado, mas que, quando isso acontecer, eleições já terão sido manipuladas (Charles Platiau/Reuters)
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AFP

Publicado em 6 de março de 2017 às 09h14.

O candidato da direita às presidenciais francesas , François Fillon, pediu perdão a seus seguidores, neste domingo (5), pelo escândalo de empregos fantasmas que ameaça enterrar sua campanha, mas voltou a defender sua inocência.

Em discurso diante de milhares de pessoas na Place du Trocadéro-et-du-11-Novembre, perto da Torre Eiffel, Fillon admitiu - mais uma vez - ter cometido "um erro" ao contratar sua mulher, Penelope, como assistente parlamentar.

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Fillon disse, porém, estar convencido de que será inocentado.

"O problema é que, aí, será tarde demais. As eleições terão sido manipuladas", declarou o candidato, de 63 anos.

"Fiz um exame de consciência (...) Agora cabe a vocês fazer o mesmo", declarou.

No comício, Fillon lamentou ter sido "atacado por todo mundo" nas últimas semanas, mas reconheceu sua responsabilidade nos "enormes obstáculos" que marcaram sua campanha.

"Eu lhes devo desculpas, incluindo a de ter de defender minha honra e a da minha mulher, enquanto que, tanto para vocês quanto para mim, o importante é defender nosso país", acrescentou.

O perigo para os conservadores é perder eleições dadas quase como certas até a publicação em meados de janeiro, por parte do semanário Le Canard Enchaîné, do caso dos empregos fantasmas envolvendo a família Fillon.

A marcha deste domingo foi convocada pelo próprio candidato em meio à sangria de apoios, como uma tentativa de demonstração de força ante seu próprio partido. François Fillon vem sendo pressionado pelos caciques de seu partido a abandonar a corrida eleitoral.

Para muitos analistas, o ato de hoje pode ser um de seus últimos cartuchos para salvar sua candidatura.

De acordo com a Polícia local, o evento teria reunido entre 35 mil e 40 mil pessoas.

Em entrevista ao telejornal do canal público France 2, após o comício, Fillon declarou que "ninguém hoje pode me impedir de ser candidato".

"Minha candidatura continua a ser apoiada pela maioria dos eleitores de direita e de centro, eu acredito, e acho que demonstrei isso esta tarde", afirmou.

O fato é que as pesquisas são devastadoras e mostram que o escândalo manchou sua imagem de "homem honrado". As sondagens mais recentes apontam que ele não conseguirá passar pelo primeiro turno, em 23 de abril, estando, portanto, ausente no segundo, em 7 de maio.

Sangria

Protagonista do escândalo que abala a carreira de seu marido, Penelope falou pela primeira vez em público, em uma entrevista publicada no Journal du Dimanche, na qual aconselhou Fillon a lutar até o fim.

Penelope ressaltou que seu marido "é o único candidato com experiência (...), projeto e determinação necessários para dirigir a França".

Na entrevista, ela negou o caráter "fantasma" do emprego, alegando que realizou "tarefas muito variadas" para seu marido quando este era deputado.

Na França, os deputados têm direito a contratar parentes, desde que a vaga seja real, e eles realmente trabalhem.

Esta semana, cerca de 250 dirigentes e políticos de seu partido retiraram o apoio a Fillon.

O candidato chegou a declarar que desistira da corrida eleitoral se fosse indiciado pela Justiça. Depois recuou, afirmando que se submeteria apenas ao "sufrágio universal", o que desencadeou a série de abandonos de apoio.

Em diferentes ocasiões, François Fillon deu a entender que as acusações contra ele teriam motivação política, sugerindo, inclusive, que o governo socialista de François Hollande poderia estar por trás da investigação.

O cerco a Fillon se fechou ainda mais esta semana, depois da batida policial em sua residência na capital francesa na quinta-feira (2) e em sua mansão no departamento da Sarthe, na sexta (3).

Nesse contexto, são cada vez maiores as pressões para que Fillon renuncie e seja substituído por Alain Juppé, ex-primeiro-ministro que ficou em segundo lugar nas primárias da direita e é considerado politicamente mais moderado do que o atual candidato.

Prefeito de Bordeaux, Juppé colocou como condição para aceitar substituir Fillon que o candidato renuncie voluntariamente e que ele tenha pleno apoio de seu partido, o conservador Les Républicains, nesse processo.

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