Conflito armado no Equador: onda de ataques de facções deixa dez mortos, incluindo dois policiais
Em uma mensagem publicada nesta quarta em sua conta no X (antigo Twitter), a Polícia Nacional do Equador relatou os resultados preliminares de suas ações
Agência de notícias
Publicado em 10 de janeiro de 2024 às 10h16.
Pelo menos dez pessoas, incluindo dois policiais baleados em Nobol, na província equatoriana de Guayas, morreram até agora na onda de violência sem precedentes desencadeada por organizações criminosas no Equador , de acordo com informações da imprensa local divulgadas nesta quarta-feira, 10.
As duas últimas mortes relatadas nos ataques registrados na terça-feira, 9, são dois policiais "vilmente assassinados por criminosos armados" em Nobol, afirmou a Polícia Nacional do Equador.
Anteriormente, outras oito pessoas foram mortas nos ataques do crime organizado ocorridos nesta terça-feira em Guayaquil, a cidade mais populosa do país capital da província de Guayas. Neste último caso, outros três ficaram feridos. "Este é o sacrifício que juramos à pátria e não descansaremos até encontrarmos os responsáveis por este ato criminoso", acrescentou a Polícia Nacional através das suas redes sociais.
Em uma mensagem publicada nesta quarta em sua conta no X (antigo Twitter), a Polícia Nacional do Equador relatou os resultados preliminares de suas ações contra os autores dos "ataques e atos terroristas". Segundo a polícia, 70 pessoas foram presas, três dos seus agentes feitos reféns foram libertados e 17 fugitivos recapturados, além de terem sido apreendidas armas, munições, explosivos e veículos.
De acordo com o jornal equatoriano El Universo, até às 16h de terça-feira, foram reportados mais 29 incidentes de criminosos armados no país. Os serviços de emergência atenderam mais de 1,9 mil ligações neste período.
O presidente Daniel Noboa emitiu um decreto que declara a existência de um conflito armado interno em nível nacional e ordena que as forças militares ajam para desmantelar 22 grupos do crime organizado transnacional, os quais foram designados como organizações terroristas e atores não estatais beligerantes.
O novo decreto ocorreu depois que homens armados e encapuzados entraram no canal TC Televisión em Guayaquil quando jornalistas transmitiam ao vivo um programa de notícias, o que causou uma situação dramática que durou pelo menos 30 minutos até a intervenção da polícia.
"Não atire, por favor, não atire", gritou uma mulher em meio às explosões. Antes de as luzes se apagarem, os homens encapuzados foram vistos segurando uma granada, apontando armas para os trabalhadores e colocando o que parecia ser uma banana de dinamite na jaqueta de uma pessoa.
Um jornalista do TC enviou mensagens via WhatsApp a um repórter da AFP indicando: "por favor. Eles vieram para nos matar. Deus permita que isso não aconteça. Os criminosos estão no ar". A polícia pôs fim à tomada do canal e prendeu 13 pessoas.
Medo nas ruas e repercussão internacional
A situação gerou pânico em diversas cidades, com comércio fechando cedo e ruas caóticas cheias de gente correndo para voltar para casa. As aulas passaram de presenciais para online até sexta-feira.
Brasil, Colômbia, Chile, Venezuela, República Dominicana e Estados Unidos expressaram seu apoio a Quito e rejeitaram a violência. O Peru declarou estado de emergência em toda a sua fronteira com o Equador e reforçará a vigilância, informou seu governo.
A embaixada da China em Quito e seu consulado em Guayaquil anunciaram que suspenderão temporariamente o atendimento ao público a partir de quarta-feira, sem especificar quando reabrirão