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Como vencer os robôs no trabalho

Claire Cain Miller © 2017 New York Times News Service Talvez a automação de postos de trabalho acabe criando empregos novos e melhores; talvez deixe todo mundo desempregado, mas, enquanto discutimos esse assunto, o trabalho está mudando. Os empregos de hoje – em escritórios, fábricas ou serviços – exigem mais formação e habilidades interpessoais do […]

AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL: saída para o desemprego gerado pelos robôs é investidos em educação e em habilidade sociais / Brandon Thibodeaux/ The New York Times
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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2017 às 12h20.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h11.

Claire Cain Miller © 2017 New York Times News Service

Talvez a automação de postos de trabalho acabe criando empregos novos e melhores; talvez deixe todo mundo desempregado, mas, enquanto discutimos esse assunto, o trabalho está mudando.

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Os empregos de hoje – em escritórios, fábricas ou serviços – exigem mais formação e habilidades interpessoais do que no passado. E muitas das pessoas cujos postos de trabalho já foram automatizados, não conseguem encontrar novas colocações. A tecnologia leva ao crescimento econômico, mas os benefícios não estão sendo distribuídos igualmente. Os legisladores têm agora o desafio de ajudar os trabalhadores no compartilhamento dos ganhos.

Isso vai exigir pelo menos certa dedicação do governo, assim como o que ocorreu quando os Estados Unidos mudaram de uma economia agrícola para uma industrial, com políticas como ensino médio para todos ou relacionadas aos direitos dos trabalhadores.

A existência de um desejo político por grandes mudanças é algo que precisamos esperar para ver, mas eis aqui algumas atitudes que economistas e especialistas em política dizem que poderiam ajudar agora.

Mais educação, e de diferentes tipos

Uma área em que todos estão de acordo: as pessoas precisam aprender novas habilidades para trabalhar na nova economia. “A melhor resposta é aumentar a habilidade da força de trabalho”, disse Gregory Mankiw, economista de Harvard.

O fato mais valioso poderia ser o aumento das taxas de inscrição e de formatura nas universidades. É cada vez maior o número de postos de trabalho que exige nível superior; a taxa de desemprego de pessoas entre 25 e 34 anos com nível universitário é de apenas dois por cento, contra oito por cento daquelas que pararam seus estudos após o ensino médio.

Mas esse objetivo parece muito distante em uma época em que apenas cerca de um terço dos americanos possui nível superior. Para a maioria que não tem tempo, dinheiro nem vontade, o que já está acontecendo é mais formação profissional, em faculdades comunitárias ou cursos técnicos. Isso permite que as pessoas aprendam trabalhando, mas o problema é que muitos desses postos são provavelmente os próximos na fila da automatização.

As pessoas que perdem o emprego no meio da vida profissional não têm, necessariamente, a capacidade para aprender novas funções. Os programas governamentais de retreinamento são confusos e muitas vezes ineficazes, e muitas empresas não estão dispostas a investir em formação de trabalhadores, correndo o risco de os verem ser absorvidos por uma concorrente. “Todos sabem que não funciona. As pessoas não são tão maleáveis assim”, disse Tyler Cowen, economista da Universidade George Mason.

O melhor, segundo ele, é o treinamento que os próprios trabalhadores buscam. Uma ideia do think tank de política Third Way são cursos preparatórios on-line gratuitos para pessoas que estão longe da escola há muito tempo e não se lembram do básico aprendido no ensino médio. Andrew McAfee e Erik Brynjolfsson, fundadores da Iniciativa da Economia Digital do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, sugerem bolsas garantidas pelo governo federal para programas não tradicionais, como certificados on-line ou grupos de aprendizagem de programação.

Talvez a medida mais eficaz seja buscar alunos logo na escola primária. Os educadores devem se concentrar no ensino de habilidades técnicas, como programação e estatística, e habilidades que darão aos humanos uma vantagem sobre as máquinas, como criatividade e colaboração, dizem os especialistas. E, como não se sabe quais trabalhos serão automatizados no futuro, pode ser mais importante o ensino da flexibilidade e da habilidade de aprender coisas novas.

Criar empregos novos e melhores

O problema, pelo menos por enquanto, não é que não há trabalho suficiente — há, mas é muito diferente do tipo que a tecnologia está eliminando. Empregos em fábricas e armazéns estão diminuindo, enquanto postos de serviços (saúde, cuidados com crianças e idosos, educação, alimentação) estão crescendo. “Estamos longe do fim do trabalho, mas enfrentamos um grande desafio para redirecionar as pessoas para as necessidades reais da nossa sociedade”, disse Brynjolfsson.

Uma ideia é o governo subsidiar o emprego privado ou mesmo empregos voluntários. “Se o setor privado não cria postos de trabalho necessários, então o setor público precisa se envolver diretamente na criação de empregos”, disse Jared Bernstein, do Centro de Orçamento e Prioridades de Políticas, que foi o economista-chefe do vice-presidente Joe Biden. Ele disse que a técnica “tem um histórico melhor do que as pessoas acreditam”. Um estudo recente do Centro Georgetown sobre Pobreza e Desigualdade examinou 40 programas durante mais de 40 anos e descobriu que foram bem-sucedidos em coisas como melhorar as habilidades dos trabalhadores e reduzir sua dependência de benefícios públicos.

Aqueles que perdem o emprego muitas vezes não têm dinheiro para ir onde empregos e treinamentos estão, então Bernstein sugere que o governo ajude as pessoas a se mudar. Mas o problema não é só o dinheiro; muita gente não quer mudar de vida completamente.

Reforçar a rede de segurança

Parece haver apoio bipartidário para expandir o crédito do imposto de renda, que premia trabalhadores de baixa renda.

Muito mais fantasiosa é uma renda básica universal, na qual o governo daria a todos uma quantia garantida. Mas essa ideia está crescendo entre pensadores no outro extremo do espectro ideológico. Os críticos dizem que isso poderia desencorajar as pessoas a trabalhar; os defensores dizem que vai libertá-las para voltar para a escola ou para o trabalho que realmente gostam.

“A solução deve ser inicialmente expandir o crédito do imposto de renda e então, por último, ter uma renda básica universal que ao menos garanta a subsistência”, disse Robert Reich, professor de Políticas Públicas da Universidade de Califórnia, em Berkeley, que foi secretário do Trabalho no governo de Bill Clinton.

A administração Obama, de modo mais realista, propôs o seguro salarial para compensar aqueles que são rebaixados e acabam com salários inferiores. Por exemplo, os operadores de máquinas, ocupação que está encolhendo, ganham um salário médio por hora de US$19,50, enquanto assessores de cuidados de saúde, ocupação com um déficit profissional cada vez maior, ganham US$10,50.

Mudar o modo de trabalho

A maioria das pessoas tem habilidade para ganhar dinheiro, então por que não facilitar o processo sem o empregador? Trabalhadores autônomos e freelancers poderiam obter benefícios transferíveis. Não teriam que ficar presos a um trabalho para garantir o seguro saúde, por exemplo (embora o drama em relação a ele faça a extensão a outros benefícios parecer improvável). Ideias semelhantes e mais viáveis incluem a flexibilização de regulamentações para que as empresas contratem trabalhadores autônomos (o que vem acontecendo mais, mas não necessariamente em benefício dos trabalhadores), e a construção de espaços de trabalho comunitários, para que as pessoas possam experimentar a camaradagem de um escritório.

Os governos também podem facilitar a abertura de pequenos negócios. A Third Way propõe o empréstimo de uma ideia do Vale do Silício, a criação de fundos de capital de risco, bancados pelo governo federal, para que os estados invistam em empreendedores locais. “Muita gente por todo o país também tem boas ideias para produzir postos de trabalho”, disse Jim Kessler, vice-presidente de políticas da Third Way.

As máquinas podem ocupar tantas vagas que não sobrarão postos de trabalho suficientes para os humanos. Isso sugere políticas como diminuição da jornada de trabalho, não de empregados. Por que não encurtar a semana de trabalho para três ou quatro dias ou instituir o trabalho compartilhado, medida que tem tido sucesso na Alemanha? “Isso é coisa de ficção científica. Não é algo que aconteceria nos EUA que conhecemos”, disse Cowen.

Melhor distribuição de lucros entre os trabalhadores

Os ganhos com a automação foram divididos desigualmente, pois os donos de empresas recebem uma parcela muito maior que os trabalhadores.

“A tecnologia cria uma riqueza fenomenal, mas que fica concentrada de um modo não aceitável, por isso teremos que concordar com algum tipo de redistribuição”, disse Sam Altman, presidente da incubadora de tecnologia Y Combinator. Mas não há acordo sobre como resolver o problema.

Os liberais querem aumentar o salário mínimo, enquanto muitos conservadores querem mantê-lo baixo para que o trabalho humano seja mais barato que o do robô. A Third Way propõe um salário mínimo que varie de acordo com o custo de vida: US$ 9,35 em Killeen, Texas; US$ 11 em Scranton, Pensilvânia; US$ 12,60 em San Francisco.

“Como fazer as forças da tecnologia e da globalização trabalharem para as pessoas, e não contra elas, é o maior desafio de política pública nos EUA. A ascensão do populismo, tanto de esquerda quanto de direita, se dá porque os eleitores de renda média sentem que seus líderes eleitos não têm a resposta a essa pergunta”, disse Kessler.

 

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