Comemoração de 'descoberta' da América gera embate entre Espanha e México
O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, vem pedindo que Espanha e Vaticano peçam desculpas por abusos na colonização
AFP
Publicado em 5 de outubro de 2021 às 19h00.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) comemorou nesta terça-feira, 5, a chegada do navegador Cristóvão Colombo às Américas, em 12 de outubro de 1492, o que chamou de "encontro de dois mundos" diante da primeira vinda dos europeus à região.
A data foi celebrada em uma reunião a pedido da Espanha , que participa como país observador da OEA, mas o evento ficou marcado pelo silêncio do México .
A Espanha, que participa na OEA como país observador, destacou o seu "profundo afeto e respeito" às nações americanas e o seu desejo de se relacionar "em pé de igualdade" com as mesmas, durante a tradicional sessão que o Conselho Permanente do bloco regional realiza todos os anos.
A chegada de Colombo é feriado nacional espanhol, conhecido como Dia da Hispanidade.
"Hoje é um dia cujo propósito principal é celebrar e fortalecer nossas relações sólidas e históricas, olhando para o futuro", disse a embaixadora permanente da Espanha na OEA, Carmen Montón, na reunião virtual.
Em seu discurso, Montón classificou a América como uma "região absolutamente prioritária para a Espanha", alertou para possíveis "retrocessos e ameaças à democracia" na região, e parabenizou Costa Rica, El Salvador, Guatemala, México e Peru pelo bicentenário da independência da Coroa espanhola.
Por sua vez, a embaixadora do México, Luz Elena Baños, não fez qualquer pronunciamento a respeito da data. Desde que assumiu em 2019, o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, vem pedindo que Espanha e Vaticano peçam desculpas pelos abusos cometidos durante a conquista e a evangelização do México.
Há dois anos, o governo espanhol rechaçou "com toda firmeza" o pedido mexicano, ao indicar que a chegada de Colombo "não pode ser julgada à luz de considerações contemporâneas". Hoje, Montón não fez menção à tensão com o governo mexicano.
Já o representante da Santa Sé, Juan Antonio Cruz, que também participou da reunião, assinalou que o papa Francisco "já reconheceu em diversas ocasiões os erros cometidos", e também mencionou o papel de "missionários exemplares" que defenderam as populações nativas e "estabeleceram as bases para o que hoje conhecemos como os direitos dos povos indígenas".
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