De máscaras, Partido Comunista discute futuro da China
Encontro realizado em Pequim deve sinalizar o alcance das medidas fiscais e econômicas para combater a crise do coronavírus
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2020 às 06h45.
Última atualização em 21 de maio de 2020 às 07h05.
Nesta quinta-feira, 21, quase 3.000 delegados do Partido Comunista chinês, de praticamente todas as províncias da China , são esperados na capital Pequim para o maior evento político do país, o Congresso Nacional do Povo. Durante o encontro, que costuma contar com a presença do presidente Xi Jinping, devem ser debatidas as projeções para o PIB e o déficit fiscal chinês deste ano, além de ao menos parte das medidas definidas para a retomada econômica.
O encontro, inicialmente prevista para fevereiro, precisou ser adiado em função da crise do coronavírus. Desde o início do ano, foram registrados mais de 84.000 casos da covid-19 na China. Xi Jinping praticamente desapareceu da cena pública todos esses meses. Agora, com a doença controlada na China, ele volta aos palcos para passar algumas mensagens importantes para o público doméstico e internacional.
“Graças a nossos extenuantes esforços, emergimos do pior desafio da história”, teria dito recentemente Xi em uma conversa telefônica com a presidente do Nepal, Bidhya Devi Bhandari, conforme relatado pelo jornal New York Times. A China vem fazendo uma campanha para enviar médicos e técnicos aos países mais atingidos pela pandemia, além de propagar sua vitória na luta contra a doença.
Chegou a hora de discutir a economia. No Congresso Nacional do Povo, devem ser levantados aspectos fundamentais das novas políticas planejadas para flexibilizar ao menos em parte a economia. O encontro começa na sexta-feira na China, noite desta quinta no Brasil, e será observado pelo mundo todo.
Analistas internacionais acreditam que o país deverá ampliar a abertura do mercado financeiro e os investimentos em urbanização, além de aprimorar o ambiente de negócios.
As projeções econômicas, até o momento, não desapontam, ainda mais se comparadas a de outros países como a Alemanha e o Japão, que já entraram em recessão, e o Estados Unidos, que vive uma onda de milhões de perdas de postos de trabalho.
Em abril, o setor industrial chinês já começou a dar sinais de recuperação, com uma expansão de 3,9% diante de um declínio de 1,1% em março, segundo a consultoria econômica britânica Oxford Economics. A venda de carros, outro indicador importante, também cresceu, passando de uma queda de 43% em março para um aumento de 4,4% em abril.
Mesmo com esses sinais positivos, a expectativa de crescimento do PIB para este ano não deverá passar muito de 2%, de acordo com análises da Eurasia Group, maior consultoria de risco político do mundo. Falta saber qual deverá ser o tamanho do pacote de estímulo fiscal destinado à recuperação econômica. O Congresso Nacional do Povo, que deve durar dez dias, poderá trazer algumas dessas respostas.