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Com alimentação a base de cerveja e queijo, agricultores mantêm bloqueios em rodovias de Paris

O comboio de 47 tratores se formou na segunda-feira, 29, e exibe uma faixa com um alerta: "Nosso fim será sua fome"

Protesto de agricultores: Com o bloqueio das estradas de acesso à capital francesa, os manifestantes lutam, principalmente, pela supressão da obrigação de deixar 4% das terras aráveis (AFP/AFP Photo)
AFP

Agência de notícias

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 11h02.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 12h20.

Cerveja sem espuma e um aroma de queijo fundido paira sobre a rodovia A15 na altura de Argenteuil, a cerca de 10 quilômetros de Paris, onde agricultores passaram uma segunda noite de protestos.

Por volta de 19h, os encarregados do jantar cozinhavam, enquanto os jovens cortavam a lenha, que também os aqueceria no frio de inverno.

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O comboio de 47 tratores se formou na segunda-feira, 29, e exibe uma faixa com um alerta: "Nosso fim será sua fome".

Com o bloqueio das estradas de acesso à capital francesa, os manifestantes lutam, principalmente, pela supressão da obrigação de deixar 4% das terras aráveis em pousio (uma pausa no cultivo destas terras).

"Continuo pagando aluguel ao proprietário e os custos por esses 4%, dos quais não obtenho nada", lamenta Fabrice Mauger, que passaria a noite na parte traseira de seu veículo.

O clima é agradável. Dois populares ícones musicais da França, Axelle Red e Jean-Jacques Goldman, tocam ao fundo.

"Não estamos nada mal na A15, não é mesmo?", disse um jovem agricultor.

Para ganhar a opinião pública local, ocupam apenas um lado da estrada. Uma saída permite contornar facilmente o acampamento, por isso o tráfego não está bloqueado, apenas lento.

Muitos motoristas que passam pela manifestação buzinam em apoio.

"Vamos comer!"

Milhares de motoristas passam diariamente pela A15 para trabalhar em Paris e arredores. Conscientes disso, os agricultores relativizam o discurso bélico do "cerco" à capital.

"Até o momento, não temos a impressão de sermos mal vistos. Mas não sabemos. As pessoas certamente ficarão cansadas depois de um tempo, mas não queremos prolongar isso", reconhece Denis, um agricultor de 55 anos.

Os sindicatos organizaram turnos por jornada, e vários veículos garantem o transporte entre o acampamento e fazendas da região. Das 50 pessoas presentes durante o dia, apenas metade passa a noite.

Às 21h45, um grito chama: "Vamos comer!". As porções de tartiflette, um prato típico à base de batatas, cebola, bacon e queijo reblochon fundido, são servidas em mesas protegidas por tendas.

Laetitia, moradora da região próxima de Enghien-les-Bains, e seu filho atravessaram arbustos atrás da barreira para chegar a pé ao acampamento em plena noite.

Como demonstração de solidariedade, a profissional do setor imobiliário chegou com crepes, compostas e pasteis de chocolate, além de uma flor amarela para a decoração.

"Vocês são a vida. Se não nos alimentarem, morreremos", afirmou.

Enquanto a equipe do turno 13h-22h vai para a cama nos caminhões, voluntários noturnos entram nas barracas e inflam seus colchões, onde permanecem até o amanhecer.

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