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Com seca na Califórnia, salmões ganham carona até o Pacífico

Estado começará a transportar 30 milhões de jovens salmões em caminhões-tanque para salvar a indústria da pesca depois de uma seca recorde

Ponte Salmon Falls, normalmente submersa na água, é vista no lago Folsom com atualmente apenas 17% de sua capacidade total, na Califórnia (Ken James/Bloomberg)

Ponte Salmon Falls, normalmente submersa na água, é vista no lago Folsom com atualmente apenas 17% de sua capacidade total, na Califórnia (Ken James/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2014 às 18h22.

Sacramento - O estado americano da Califórnia começará a transportar 30 milhões de jovens salmões Chinook em caminhões-tanque ao longo de centenas de quilômetros em direção ao Oceano Pacífico para salvar a indústria da pesca depois que uma seca recorde deixou o nível dos rios muito baixo para a migração.

Quatro caminhões climatizados, cada qual com 130.000 salmões jovens prateados de 7,6 centímetros de comprimento, deixarão uma incubadora federal 289 quilômetros ao norte de São Francisco hoje. Após uma viagem de três horas, eles serão colocados na Baía de São Paulo, onde serão mantidos represados para se aclimatarem antes de serem libertados.

“As condições da água, por causa da seca, estarão horríveis para os peixes”, disse Harry Morse, do Departamento de Vida Selvagem e Peixes do estado. “Dependendo de quão longe esses peixes tiverem que ir, e quanto mais eles tiverem que viajar através do sistema normal, maiores serão as perdas”.

O transporte dos peixes é o mais recente de uma série de medidas de emergência que autoridades estaduais e federais estão colocando em prática em um momento em que os níveis dos reservatórios estão um terço abaixo do normal e os fazendeiros têm milhares de hectares ociosos. O governador Jerry Brown solicitou uma redução voluntária de 20 por cento do uso da água e muitas áreas declararam restrições obrigatórias. Mais de 800 incêndios florestais eclodiram desde 1º de janeiro, três vezes mais que o usual, segundo registros estaduais, e a poluição em Los Angeles é pior sem as chuvas de inverno para limpar o ar.

A população de 38 milhões de pessoas da Califórnia enfrentou o ano mais seco da história em 2013. O estado mais populoso dos EUA tem apenas um quarto do montante médio de água de degelo que desce das montanhas na primavera e enche lagos e rios.

Temporada de pesca

Os peixes de incubadoras que normalmente migram pelo delta do rio Sacramento para o mar são fundamentais para a indústria de pesca comercial e recreativa do estado, de US$ 1,5 bilhão, segundo a organização Nature Conservancy. Os peixes liberados agora são parte da população que poderá ser pescada em alguns anos.


O Conselho de Gestão de Pescados do Pacífico, que ajuda a estabelecer as temporadas de pesca, previu no início deste mês que mais de 630.000 salmões Chinook desceram o delta e estão no Oceano Pacífico agora. A quantidade é menor que a do ano passado, mas mais que suficiente para uma temporada comercial de pesca, disse o conselho.

Com a falta de chuvas, o rio Sacramento ficará muito raso e quente para que os pequenos peixes sobrevivam ao percurso de 320 a 480 quilômetros por rios e afluentes que alguns precisam nadar para chegar ao Pacífico.

Comboios de quatro a sete caminhões diários farão a viagem de 22 dias, saindo da incubadora federal. No total, 12 milhões de jovens peixes serão transportados de lá, juntamente com 18 milhões cultivados em quatro incubadoras estatais. Quando liberados das águas represadas os pequenos peixes migrarão para o oceano e chegarão à maturidade. Eles retornam aos rios como adultos para desovar.

‘Perigos à espreita’

“Nossa temporada de pesca de 2016 pode estar dependendo da sobrevivência desses peixes nesses caminhões”, disse Roger Thomas, presidente da Associação do Salmão de Golden Gate, um grupo de defesa com sede em Petaluma, Califórnia. “Nós sabemos que os peixes transportados em caminhões, fugindo dos perigos à espreita em rios e no delta, sobrevivem a taxas muito mais altas do que aquelas divulgadas pelas incubadoras”.

A Coalizão da Água para Fazendas da Califórnia disse, em 17 de março, que também devido à falta d'água no estado os fazendeiros provavelmente deixarão de cultivar até 800.000 acres de terra (323.700 hectares), a um custo de US$ 7,5 bilhões.

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