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China leiloará pela primeira vez carta de Karl Marx

Empresa de leilões chinesa colocará à venda, pela primeira vez na história do país, uma carta do filósofo alemão

Bandeira da China: carta pode ser uma possível primeira tradução local de "O capital" (Mark Ralston/AFP)
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Da Redação

Publicado em 8 de julho de 2014 às 09h39.

Xangai - Uma empresa de leilões chinesa colocará à venda, pela primeira vez na história do país, uma carta do filósofo alemão Karl Marx na qual o autor se interessa pela recepção de seus ideais na Rússia , o que pode ser uma possível primeira tradução local de "O capital".

Assim anunciou nesta terça-feira a Companhia de Leilões Hosane, que leiloará o documento no dia 21, em nome de seu atual proprietário, um colecionador de Xanghai, admirador do filósofo e que trocou a carta com outra pessoa por uma antiga pintura chinesa em 2011.

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Será o primeiro leilão público de um texto manuscrito de Marx em mais de 40 anos, assegurou a casa de leilões.

A carta foi escrita em Manchester (Reino Unido) em 28 de maio de 1869 e nela Marx se dirige a um amigo na Rússia, cuja identidade não pôde ser contastada pela casa de leilões, para se interessar pelas reações no país perante sua obra, explicou Guo Meng, especialista de Hosane, ao jornal oficial "Shanghai Daily".

Naquele momento, Marx estava trabalhando em uma edição revisada de "O capital" (cujo primeiro volume foi publicado na Alemanha em 1867), e preparava uma possível edição em russo, que finalmente passou a existir em 1872.

A autoria da carta é comprovada ao ser comparada com outras do filósofo germânico, assim como porque nela aparecem claramente a assinatura e o endereço de Marx na época.

Hosane não anunciou ainda o preço de saída deste documento de grande rareza, já que a China só conta com cinco cartas originais do pensador, todas elas em mãos das autoridades, e a grande maioria das que se conhecem estão repartidas entre dois grandes arquivos na Rússia e na Holanda.

Contudo, a casa de leilões chinesa mencionou que uma página do manuscrito de "O capital", onde Marx examina e critica o funcionamento do sistema capitalista, chegou a ter um preço de saída equivalente a US$ 3,4 milhões, embora não precisou se chegou a ser vendida.

"Há poucos manuscritos e cartas de Marx que ainda é possível encontrar em algum lugar", declarou Guo, por isso que, "embora a carta não seja muito longa, está envolvida por um rico significado histórico e do espírito de uma grande figura".

Na República Popular da China os estudos da obra de Marx, que morreu em Londres em 1883 aos 64 anos, e das ideias marxistas, são obrigatórios na educação média e universitária, já que nelas foi inspirada a construção de seu sistema político atual, que entrou em vigor em 1949.

Embora a China seja um dos maiores mercados do mundo para leilões de arte e antiguidades, o setor esteve limitado à participação internacional até muito recentemente, com grandes casas de leilões locais, como Poly, vinculada a um conglomerado do Exército Popular de Libertação, ocupando grande parte do mercado.

O país comunista autorizou pela primeira vez em 2013 que a emblemática casa britânica Christie"s realizasse seu primeiro leilão em seu território, também em Xangai, que ocorreu em abril.

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